Aplicativos de lanterna: estudo mostra que alguns programas pedem até 77 permissões após serem instalados (Django/Getty Images)
Rodrigo Loureiro
Publicado em 11 de setembro de 2019 às 05h55.
Última atualização em 11 de setembro de 2019 às 05h55.
São Paulo – Ao realizar o download de um aplicativo, o usuário é notificado de que o programa está solicitando alguma permissão, seja para acessar a câmera ou o microfone do celular, por exemplo. O problema é que softwares usados apenas para simular uma lanterna no aparelho estão abusando a privacidade alheia ao solicitar acesso até mesmo para enviar mensagens para os contatos da lista do celular.
Um estudo realizado pela empresa de segurança digital Avast revelou que uma série desses aplicativos, alguns com mais de 1 milhão de downloads, pedem até 77 permissões dos usuários para funcionarem. A análise foi feita com aplicativos de lanterna para exemplificar como até mesmo um programa simples pode coletar tantos dados desnecessários.
Dos 937 aplicativos avaliados e disponíveis da Play Store, a loja do Google, 408 solicitaram menos de dez permissões – em geral para utilizar a câmera e ativar o flash, por exemplo. Enquanto isso, 262 apps pediram entre 50 e 77 tipos de acesso diferentes.
“Algumas das permissões solicitadas pelos aplicativos de lanterna que examinamos são realmente difíceis de explicar”, afirma Luis Corrons, especialista de segurança da Avast. Em alguns casos, os programas querem autorização para a gravação de áudios e para o envio de mensagens de texto para contatos da lista do aparelho.
A situação fica ainda mais delicada quando é sabido que esses dados podem ser enviados para terceiros. Neste caso, o usuário estaria ainda mais exposto e dificilmente conseguiria saber quem está tendo acesso às suas informações e se elas foram anonimizadas antes do envio.
É importante deixar claro que ceder permissões para aplicativos é algo comum. O WhatsApp, por exemplo, precisa ter acesso à sua lista de contatos. A câmera e o microfone são utilizados pelo Instagram caso o internauta queira publicar alguns vídeos na rede social. E por aí vai. Tudo, porém, deve ser justificado.
O fim da coleta e o armazenamento desnecessário de dados de usuários é uma das bandeiras defendidas por leis recentes que garantem a proteção à privacidade das pessoas no ambiente digital e podem penalizar as empresas que descumprirem às normas.
A Lei Geral de Proteção de Dados, aprovada no Brasil no ano passado e prevista para entrar em vigor em agosto do ano que vem, por exemplo, vai passar a fiscalizar empresas brasileiras que tratem dados de forma irregular. O problema é que diversos países ainda não contam com leis rigorosas neste sentido.
Enquanto isso não acontece, o melhor a fazer é tomar cuidado com os programas com os quais você vai dividir suas informações pessoais.
Confira abaixo os cinco aplicativos de lanterna que mais coletam dados no Android: