Musical.ly: analistas mencionaram o Musical.ly como uma possível ameaça à base de usuários do Facebook (MM Productions/Thinkstock)
Da Redação
Publicado em 17 de outubro de 2016 às 17h10.
Nova York - Bridget Kelly ficou sabendo da existência do Musical.ly em uma festa do pijama e ficou viciada. Pouco tempo depois, a menina de 12 anos, que mora em Moraga, Califórnia, nos EUA, e suas amigas estavam usando o aplicativo para fazer videoclipes de 15 segundos exibindo seus talentos para cantar e dublar.
Na saída do colégio, elas ensaiavam coreografias para o vídeo seguinte e faziam “duetos” com suas celebridades preferidas.
Kelly está entre os mais de 100 milhões de “musuários” do planeta, que criam, compartilham e descobrem vídeos musicais curtos no Musical.ly.
Em minutos, os usuários podem filtrar, editar e transmitir videoclipes curtos de suas músicas preferidas e navegar pelos milhões de vídeos criados diariamente em feeds selecionados e personalizados.
Fundado há apenas dois anos em Xangai, o aplicativo estourou entre as pré-adolescentes dos EUA, chamou a atenção de famosos, como Selena Gomez e Ariana Grande, e até gerou uma lista de estrelas do Musical.ly com milhões de seguidores.
Nesse processo, o Musical.ly atraiu a atenção de Wall Street e do Vale do Silício. A empresa captou mais de US$ 100 milhões em uma avaliação de cerca de meio bilhão de dólares e reuniu financiadores como DCM Ventures, GGV Capital e Greylock Partners.
Analistas mencionaram o Musical.ly como uma possível ameaça à base de usuários do Facebook e Mark Zuckerberg disse que o aplicativo é uma plataforma social nova e “interessante”, assim como o Snapchat.
No entanto, como aconteceu com tantos outros fenômenos da tecnologia móvel, o Musical.ly já está percebendo os limites de seu apelo.
Cerca de 40 milhões de pessoas utilizam o aplicativo todos os meses, mas muitas não o usam todos os dias. Os investidores usam a razão entre o número diário e o número mensal de usuários ativos para determinar a aderência de um aplicativo.
Uma proporção de 50 por cento significa que o usuário médio está no aplicativo em 15 dos 30 dias do mês. Mas, com base em uma análise de dados do Google Play e do Apple iOS, o usuário médio do Musical.ly acessa o aplicativo em apenas três de cada 30 dias.
A pré-adolescente Kelly é um exemplo. Desde que descobriu o aplicativo há seis meses, ela e suas amigas têm usado o Musical.ly cada vez menos.
Algumas de suas amigas até já eliminaram o aplicativo. (A empresa afirma que o usuário médio acessa o aplicativo cerca de dez vezes por mês).
Um dos fundadores do Musical.ly, Alex Zhu, 37, tem total consciência de que precisa transcender as caprichosas preferências das pré-adolescentes dos EUA para sobreviver no longo prazo.
Em junho, ele e sua equipe lançaram o Live.ly, um aplicativo de streaming ao vivo que já atraiu 11,5 milhões de usuários, inclusive alguns ilustres, como o bilionário e estrela do programa de tv “Shark Tank” (dos EUA), Mark Cuban. Outros recursos surgirão nas próximas semanas.
Basicamente, Zhu quer se tornar mais como o Facebook ou como o chinês WeChat, que é como Facebook, Spotify, Slack, Uber, PayPal, Yelp, Periscope e tudo o mais juntos.
As pessoas usam o WeChat para se comunicar com empresas e amigos, fazer transmissões ao vivo, pagar o aluguel, investir, pedir um táxi ou marcar hora no cabeleireiro.
Tendo morado no Vale do Silício e na China, Zhu considera que está na posição perfeita para ver as inovações que surgem em ambos os lados do mundo e selecionar as melhores.
Nas redes sociais, diz ele, “você pode se tornar uma enorme plataforma geral, como Instagram ou Snapchat, ou morrer. Não há meio termo. Eu acho que o Musical.ly pode ser tornar uma rede social em geral”.