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Apesar de problemas, Amazon tenta levar assistente digital para carros

O aplicativo Alexa, que atende a comandos de voz, é a central para músicas, informações gerais e compra de produtos da Amazon

Alexa: assistente pessoal da Amazon tenta chegar a carros 0 KM (homas Trutschel/Photothek/Getty Images)

Alexa: assistente pessoal da Amazon tenta chegar a carros 0 KM (homas Trutschel/Photothek/Getty Images)

Lucas Agrela

Lucas Agrela

Publicado em 19 de agosto de 2019 às 15h59.

O aplicativo Spotify travou e a assistente digital Alexa, da Amazon, não conseguiu localizar o restaurante japonês favorito dele. Entre um episódio e outro, o programador de software Rafael Rivera concluiu que estava lidando com um produto inacabado. O Echo Auto, aparelho retangular colocado sobre o painel do seu Mini Cooper 2005, captava a voz dele perfeitamente mesmo com a música alta ou ar condicionado ligado. Mas reinicializações frequentes e mapeamento desajeitado diminuíram a utilidade do dispositivo da Amazon.com.

“Sou parte de um teste beta?”, ele se perguntava. “Será que isso já foi finalizado?”

Apresentado há quase um ano e enviado a clientes convidados em janeiro, o Echo Auto, mesmo com seus bugs, é o elemento mais visível até agora da ambiciosa estratégia da Amazon para colocar Alexa na estrada.

Nos bastidores, a empresa tenta convencer montadoras a embutir a assistente digital ativada por voz em seus sistemas de entretenimento. Esse movimento está ganhando corpo. No início do ano, BMW e Audi começaram a vender modelos selecionados que já vêm de fábrica com software Alexa. No entanto, a Amazon entra em um mercado disputado por Google e Apple, sem falar nas próprias montadoras, que têm receio de ceder o controle dos painéis dos carros para as gigantes de tecnologia.

A colonização do território dos automóveis não gera muita receita inicialmente, mas a simples presença nos veículos ajudaria a Amazon a se posicionar para a era dos serviços baseados em voz.

“A Amazon quer entrar no carro fazendo alarde”, diz Mike Ramsey, diretor sênior de pesquisas da Gartner. “Eles sentem que há uma grande oportunidade.”

A Amazon se recusou a disponibilizar alguém para discutir o programa, mas um porta-voz mencionou comentários de Ned Curic, vice-presidente da Alexa Automotive, no mês passado à Automotive News: “A verdadeira Estrela do Norte para nós é ser parte integrante de todos os carros”, disse Curic à publicação. “Estamos trabalhando muito para chegar lá porque acreditamos que é a melhor experiência.”

Alexa é a central para músicas, informações gerais e compra de produtos da Amazon. A empresa quer tornar o sistema onipresente. Nos últimos anos, foram formadas equipes encarregadas de tornar o software útil além da sala de estar, buscando ligações com empresas de segurança e automação, ampliando a funcionalidade de chamadas de voz e vídeo e explorando robôs domésticos e dispositivos eletrônicos usados no corpo (wearables).

Assim como muitos dos esforços da Amazon, o primeiro vínculo entre Alexa e uma montadora foi um experimento. Em 2016, a Hyundai Motor lançou uma ferramenta em alguns modelos que permite dar a partida no carro ou definir a temperatura do interior do veículo usando um dispositivo Alexa.

A Amazon formalizou o projeto um ano depois, contratando Curic, executivo da subsidiária norte-americana da Toyota Motor, para liderar os esforços no setor automotivo. A equipe ganhou profissionais que antes atuavam no Lab126, a divisão de hardware por trás dos alto-falantes Echo e da Amazon Web Services, a divisão de computação em nuvem da companhia. A Amazon também recrutou gente com bom trânsito na indústria automotiva, incluindo veteranos das alemãs Daimler, BMW e Volkswagen, empresas que vêm explorando agressivamente as tecnologias de software de voz.

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