O Kindle Fire tem tela de 7 polegadas e roda o sistema operacional Android, do Google (Reprodução)
Maurício Grego
Publicado em 10 de novembro de 2011 às 15h10.
São Paulo — O Kindle Fire, o tablet de 199 dólares da Amazon, começa a ser entregue na próxima terça-feira nos Estados Unidos. Estimativas indicam que já houve mais de 1 milhão de encomendas e que elas podem passar de 4 milhões até o fim do ano. Já há analistas avaliando que o sucesso do Fire vai abalar o formidável crescimento que o iPad teve até agora no mercado.
Embora a Amazon não divulgue números, não faltam dados não oficiais sobre o Fire. Esses dados variam bastante, mas todos sinalizam um espetacular sucesso do tablet. O noticiário Digitimes, de Taiwan, divulgou, nesta quinta-feira, que a Amazon teria aumentado as encomendas de 4 milhões para mais de 5 milhões de unidades a serem entregues neste ano. É a segunda vez que a Amazon reajusta suas encomendas para cima. O Digitimes supostamente obteve a informação de fabricantes asiáticos que fornecem componentes para o tablet.
Uma estimativa divulgada há dez dias pela eDataSource indica que a Amazon vendeu 95 mil unidades só no dia do lançamento. As vendas teriam se mantido acima de 20 mil tablets por dia, o que aponta para encomendas de mais de 1 milhão de unidades até terça-feira. O Kindle Fire não tem câmera e nem acesso à internet via 3G. Mas tem tela de boa qualidade e um processador potente o bastante para que o usuário possa jogar, assistir a filmes, navegar na web e ler livros com conforto. A tela de 7 polegadas é menor que a do iPad, que mede 9,7 polegadas.
Alcançando a Apple
O blog Cult of Android publicou dados mais impressionantes, supostamente obtidos de uma fonte interna da Amazon. Eles mostram que a empresa vem recebendo encomendas de 2 mil unidades por hora ou mais de 50 mil por dia. Se isso for verdade, o Kindle Fire pode chegar a 2,5 milhões de unidades vendidas antes mesmo de começar a ser entregue. Esse número é significativo porque é a quantidade de iPad 2 que a Apple vendeu no primeiro mês após o lançamento.
Se conseguir atingir essa marca, a Amazon estará no mesmo patamar da turma da maçã em unidades vendidas. Já em rentabilidade, a história é muito diferente. Sabe-se que a Amazon vende o Kindle Fire com prejuízo, ao contrário da Apple, que tem ótima margem de lucro com o iPad. Supõe-se que o plano da empresa de Jeff Bezos seja compensar o prejuízo com o comércio de filmes, músicas, livros e jogos no tablet.
Eu quero um Kindle Fire
O impacto do sucesso do Kindle nas vendas do iPad fica mais claro numa pesquisa da empresa ChangeWave citada pelo noticiário CNN. Ela avaliou a opinião dos americanos que mais consomem produtos de tecnologia sobre o Kindle Fire. Das 2.600 pessoas entrevistadas, 5% disseram que estavam muito inclinadas a encomendar um Kindle Fire ou já haviam feito isso.
O número é superior aos 4% que disseram que estavam inclinados a comprar um iPad quando ele foi lançado, em 2010. Mas isso pode indicar apenas que a Apple já fez o trabalho de convencer o consumidor de que vale a pena ter um tablet, aplainando o caminho para a Amazon.
O dado que pode provocar calafrios nos executivos da Apple vem em seguida. Dos que disseram que pretendem comprar ou já encomendaram um Kindle Fire, 26% vão deixar de adquirir um iPad ou vão adiar a compra para ter o tablet da Amazon. É uma evidência forte de que, com seu preço 300 dólares mais baixo que o do iPad mais barato, o Kindle Fire pode mesmo roubar participação no mercado da Apple.
Outros tablets
Os números da Amazon ficam ainda mais significativos quando comparados com as vendas de outros tablets. A Motorola, por exemplo, vendeu 100 mil unidades do Xoom em um mês e meio, segundo uma estimativa do Deutsche Bank. Já o BlackBerry PlayBook, da RIM, chegou à marca de 250 mil unidades em um mês, nas contas da empresa RBC. Se algum desses fabricantes quiser incrementar as vendas, o caminho já foi mostrado pela Amazon: é só baixar bastante o preço.