O Kindle Fire, da Amazon, é o tablet com Android mais vendido nos Estados Unidos (Spencer Platt / Getty Images)
Maurício Grego
Publicado em 6 de julho de 2012 às 11h29.
São Paulo — Com o lançamento do Nexus 7, do Google, o tablet Kindle Fire, da Amazon, tornou-se decididamente ultrapassado. Mas a gigante do varejo online já prepara o contra-ataque. O analista de mercado Richard Shim, da NPD DisplaySearch, diz que a empresa tem quatro projetos de tablets que devem ser lançados ainda neste ano. E há rumores de que a empresa planeja também um smartphone.
Richard Schim disse ao noticiário americano Cnet que a Amazon desenvolveu três tablets de 7 polegadas (o mesmo tamanho do Nexus 7 e do Kindle Fire atual) e um de 8,9 polegadas. Dois dos modelos menores podem entrar em produção já em agosto. Um deles teria tela de alta resolução e câmera, enquanto o outro seria um modelo mais barato, parecido com o Kindle Fire atual.
O terceiro modelo de 7 polegadas teria, ainda, conexão 4G para acesso à internet. A previsão é que ele comece a ser produzido em setembro. Por fim, uma versão maior desse tablet, com tela de 8,9 polegadas (ligeiramente menor que a do iPad) deve começar a ser fabricada no último trimestre do ano. Schim diz que conseguiu essas informações de fabricantes que fornecem componentes eletrônicos para os tablets.
A Amazon fez enorme sucesso com o Kindle Fire, lançado em novembro do ano passado por 199 dólares. Esse tablet enxuto roda uma versão muito modificada do sistema Android, do Google. Mesmo vendendo seu produto apenas nos Estados Unidos, a Amazon chegou a ficar em segundo lugar na lista dos maiores fabricantes de tablets no mundo, atrás apenas da Apple.
Neste ano, a Amazon foi ultrapassada pela Samsung no ranking dos maiores fabricantes mundiais, mas o Kindle Fire ainda é, de longe, o tablet com Android mais vendido nos Estados Unidos. Mas o sucesso momentâneo do Fire mostrou que preço baixo pode ser um atrativo decisivo para o sucesso de um tablet. Assim, a Amazon apontou o caminho para o Google, que vende o Nexus 7 por preços que também começam em 199 dólares nos Estados Unidos.
A Amazon também serviu de inspiração para o Google pela maneira como barateou o Kindle Fire. Isso foi feito, em primeiro lugar, suprimindo coisas que os usuários já têm em seus smartphones, como câmera e GPS. Além disso, a Amazon vende o tablet sem lucro, esperando ganhar dinheiro com a venda de conteúdo. Esse é, essencialmente, o modelo adotado pelo Google com o Nexus 7.
Kindle Phone
A agência de notícias Bloomberg noticiou, hoje, que a Amazon desenvolve também um smartphone. Segundo a Bloomberg, a Amazon já tem um contrato com a Foxconn (a mesma empresa que fabrica o iPhone para a Apple) para a produção desse dispositivo. A data de lançamento desse Kindle Phone, porém, é incerta.
A Amazon não tem tecnologia própria para smartphones. Ela seria uma alvo fácil de processos judiciais por violação de propriedade intelectual. E uma batalha judicial desse tipo pode ficar cara, como mostra o caso da Samsung. Estima-se que a empresa sul-coreana perca 140 milhões de dólares por mês com a proibição de venda dos seus produtos Galaxy Nexus e Galaxy Tab 10.1 nos Estados Unidos. Processos judiciais da Apple causaram essas proibições.
Segundo a Bloomberg, a Amazon estuda a possibilidade de comprar um acervo de patentes de outra empresa. Ela até contratou Matt Gordon, que foi diretor da Intellectual Ventures, a empresa de comércio de patentes fundada por Nathan Myhrvold, ex-CTO da Microsoft. Em seu perfil no LinkedIn, Gordon se apresenta como gerente geral de aquisição de patentes e investimentos.
Brasil
Essas notícias ganham importância para os brasileiros agora que a Amazon se prepara para iniciar suas operações no país. Isso deve acontecer ainda neste ano. No início, a empresa deve vender apenas e-books aqui. Mas ela já declarou que seu objetivo é ter uma operação completa de varejo online no Brasil. Assim, é provável que, em algum momento, ela passe a vender também o Kindle Fire aos brasileiros.