Snowden (Getty Images)
Da Redação
Publicado em 13 de maio de 2014 às 06h25.
Governos estrangeiros, indivíduos e grupos visados pela Agência de Segurança Nacional dos Estados Unidos (NSA, na sigla em inglês) para espionagem mudaram o seu "comportamento" depois das revelações do ex-prestador de serviços Edward Snowden, disse o novo chefe da agência nesta segunda-feira.
"Estão mudando a maneira como se comunicam", disse o almirante Mike Rogers, que se tornou o novo diretor da NSA no mês passado depois da aposentadoria do general Keith Alexander. Rogers, que falou na Cúpula de Cibersegurança da Reuters em Washington, criticou severamente Snowden, que, depois de fugir para Hong Kong, aceitou asilo da Rússia no ano passado.
"Roubar e fugir não é ser responsável", disse Rogers. "Se qualquer um de nossos funcionários se visse neste tipo de situação... eu lhes diria: 'Esperaria que você se manifestasse e chamasse a nossa atenção, porque no fim das contas, como diretor, sou responsabilizado e preciso da sua ajuda para saber se estamos cometendo erros'".
Rogers declarou ver em Snowden uma atitude diferente: "Não é o comportamento que observei. Vi algo muito diferente: 'Tenho um ponto de vista. Estou certo. Não estou muito interessado em debate. Vou roubar alguma coisa'".
Rogers se recusou a especificar quais alvos da vigilância da NSA mudaram seus métodos de comunicação, mas ofereceu uma ampla descrição do escopo do material confidencial que a NSA acredita que Snowden tenha levado consigo. A maior parte do material, disse Rogers, tem pouco a ver com supostos abusos da agência.
"O senhor Snowden roubou do governo e da segurança nacional dos EUA uma grande quantidade de informação muito confidencial, uma pequena porção que é fundamental para o seu aparente argumento central sobre a NSA e questões de privacidade. A grande maioria não tem nada a ver com os seus pontos de vista", afirmou Rogers.
"Eu a caracterizaria como... uma grande variedade sobre as habilidades da NSA contra uma variedade de alvos militares tradicionais, questões de importância para a nação", acrescentou Rogers. "Nada a ver com direitos à privacidade ou ações que a NSA realiza ou não envolvendo cidadãos dos Estados Unidos".
Rogers não quis comentar as insinuações de alguns políticos e escritores norte-americanos de que Snowden pode ter sido guiado ou manipulado de alguma forma por agências de espionagem na China ou na Rússia. "Simplesmente não é um tópico que eu acho realmente apropriado para mim como diretor", afirmou.
(Reportagem adicional de Warren Strobel, Jim Finkle e Doina Chiacu)