Tecnologia

Algoritmos ajudam americanos na busca por emprego

Software permite aos recrutadores realizarem combinações de precisão em um sistema de recrutamento com base em perfis


	Feira de empregos em San Francisco: tecnologias são cada vez mais usadas
 (Getty/AFP)

Feira de empregos em San Francisco: tecnologias são cada vez mais usadas (Getty/AFP)

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Da Redação

Publicado em 15 de julho de 2014 às 23h28.

Washington/Ottawa - Uma manhã no mês passado, um grupo de pessoas que procuram empregos se reuniu em uma sala em um porão frio sob um condomínio em Washington para escutar uma palestra e compartilhar histórias.

Entre os profissionais na metade da carreira havia um analista de inteligência, um engenheiro e uma mulher que tinha tido seu próprio escritório de advocacia.

Eles estavam frustrados pela impossibilidade de quebrarem um processo de busca on-line anônimo e sem rosto, que parecia ser insensível a seus feitos e extremamente discriminador.

“Todos estão procurando o unicórnio listrado de olhos azuis”, disse Joel Sarfati, diretor executivo da 40Plus do Grande Washington, anfitrião da reunião. “Isso nos deixa malucos”.

A expansão da utilização de tecnologias que empregam critérios ultraespecíficos para selecionar e classificar candidatos poderia estar perpetuando uma das características mais incomuns da lenta recuperação do mercado de trabalho dos EUA: apesar de um crescimento constante das vagas desde o final da recessão em 2009, essas novas posições estão sendo unidas aos que procuram emprego de forma menos eficiente do que no passado.

Por exemplo, as empresas contrataram cerca de 48.000 pessoas para cada 100.000 vagas novas, comparado com cerca de 54.000 após a recessão de 2001.

Software fornecido pela Taleo, unidade da Oracle, permite aos recrutadores realizarem “combinações de precisão” mediante um “sistema de recrutamento com base em perfis” que utiliza “inteligência artificial e de buscas avançada para achar e pré-selecionar os maiores talentos”, segundo um panfleto no site da Oracle.

Para os funcionários e aqueles que procuram emprego e têm as habilidades de que os setores precisam hoje, os programas de software podem ser uma bênção, enchendo suas contas de e-mail com notas de recrutadores, disseram caçadores de talentos.

As empresas também se beneficiam pelos custos menores de aquisição e treinamento de talentos.

Desempregados no longo prazo

Também há desvantagens para outros interessados em empregos: um candidato com alguns, mas nem todos os atributos requeridos poderia ser eliminado e colocado em posição inferior na lista.

Esta é uma possível razão pela qual aqueles desempregados há 27 semanas ou mais ainda representam cerca de um terço do total de desempregados, comparado com uma média de 19 por cento entre 2004 e 2007.

A proporção caiu de cerca de 37 por cento em junho de 2013.

Há muitas teorias sobre por que atualmente o mercado de trabalho é menos eficiente em combinar compradores e vendedores de habilidades.

Economistas ponderam a possibilidade de que isto reflita transformações nos setores que requeiram o retreinamento de trabalhadores.

Ou talvez os desempregados tenham expectativas irrealistas em relação ao salário que eles deveriam receber e estão esperando uma melhor oferta que poderia não chegar nunca.

Outra teoria é que a extensão dos benefícios por desemprego adiou a necessidade de procurá-los.

Para Sally Richards, a advogada na reunião da 40Plus, o que mudou acima de tudo é a forma com que um profissional procura emprego e contata companhias.

“Cada lugar onde você se candidata está utilizando um sistema para eliminar seu currículo”, disse Richards. “Você pode ter 99 por cento das qualificações, mas eles podem rejeitar seu pedido”.

Software Software de empresas como a Taleo, junto com sites de redes sociais administrados por empresas como a LinkedIn Corp., fornecem ferramentas aos recrutadores para administrar um conjunto de candidatos ou procurar aspirantes.

As últimas ferramentas são tão poderosas e novas que as empresas ainda estão aprendendo a usá-las, e normalmente elas colocam requerimentos específicos demais para os candidatos, criando um “foco excessivo no equivalente do currículo e não na pessoa real”, disse John Bersin, fundador da Bersin Associates, que fornece pesquisas sobre o mercado de trabalho e é conselheira de algumas das maiores empresas de recrutamento de talentos do mundo.

Richards, a advogada que gostaria de oferecer sua experiência em direito da saúde a uma organização sem fins de lucro em Washington, disse que agora sua missão é conseguir conectar diretamente com o “empregador ou contratador”.

O sucesso neste mercado de trabalho “se resume a fazer conexões” com pessoas que possam avaliar se um candidato se encaixa na sua organização e não tem a ver com colocar dados em um programa de software, disse ela.

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