algas (Getty Images)
Da Redação
Publicado em 27 de fevereiro de 2014 às 06h43.
Cerca de 40 baleias e outros animais marinhos entre 6 e 9 milhões de anos de antiguidade, encontrados fossilizados em 2010 no norte do Chile, podem ter morrido por algas tóxicas, revelou um estudo científico divulgado nesta quarta-feira.
Os cientistas descartaram que os cetáceos tenham morrido por ficarem encalhados na praia. Os animais teriam sucumbido na água, sendo arrastados depois pela corrente, até serem depositados na costa.
"O que achamos que aconteceu é que foram envenenadas por um florescimento de algas tóxicas que matou essas baleias", disse à AFP o chefe de Paleontologia do Museu de História Natural do Chile e coautor do artigo, David Rubilar.
Várias pistas levaram os especialistas a essa hipótese, como o fato de os esqueletos estarem de boca para cima e em diferentes direções.
"Isso é interessante, porque quando você vê o que acontece quando as baleias encalham, elas estão orientadas na mesma direção e com a boca para baixo", explicou Rubilar. "Essa pista nos levou a suspeitar que tenha ocorrido um evento catastrófico", acrescentou.
Os cientistas também descartaram uma explosão, ou a queda de algum objeto na água, porque "as baleias estavam sem qualquer tipo de marca estranha, ou traumatismos no corpo", acrescenta Ana Valenzuela-Toro, do Laboratório de Ecofisiologia da Universidade do Chile e coautora do estudo.
Nesse cemitério de baleias, com exemplares de até nove metros de comprimento, também foram encontrados restos de cachalotes, focas e de um animal parecido com a morsa, que seria um tipo de golfinho extinto no mundo.
O fato de que existam vários animais no mesmo lugar, aparentemente mortos pelas mesmas causas, tornam a teoria da intoxicação mais provável, segundo o estudo.
"Essa é a hipótese mais plausível. Não temos a alga no estômago dos animais, mas o padrão da morte dos animais é o padrão que você encontra hoje em dia em comunidades de mamíferos afetados por algas tóxicas", conclui Rubilar.
"Não sabemos que tipo de alga em particular pode ter sido, mas sabemos que essas algas podem ter sido favorecidas por um aumento de ferro na água" algo habitual no Pacífico, segundo Valenzuela.
A pesquisa, realizada pela americana Smithsonian Institution, pela Universidade do Chile e pelo Museu Nacional de História Natural do Chile, entre outras organizações, foi publicada nesta quarta-feira na revista científica britânica Proceedings of the Royal Society.