O Ministério de Defesa da Alemanha afirmou nesta quarta-feira que leva "muito a sério" esse suposta nova espionagem por parte dos Estados Unidos detectado em seu seio e que resultou na prisão de um suposto duplo agente na última semana.

O novo caso foi revelado pelo serviço de espionagem militar da Alemanha a partir de registros encontrados no domicílio e no escritório de um suspeito, que prestava serviço ao Departamento de Defesa.

Fontes do Ministério evitaram a dar detalhes sobre a operação, argumentando que função corresponde à Procuradoria e que as investigações seguem em curso. Por parte do governo, seu porta-voz, Steffen Seibert, explicou que estavam mantendo "intensos contatos" e em "diferentes níveis" entre Berlim e Washington, tanto no que se diz respeito a este caso como quanto ao agente detido na semana passada sob a suspeita de vazar informação aos EUA.

"Há claras diferenças entre nosso governo e o dos EUA em relação à política de segurança", reconheceu Seibert, que acrescentou que todo o contexto relacionado ao escândalo de espionagem em massa havia "ferido a confiança" de Berlim em um aliado "de enorme transcendência".

Seibert não especificou o alcance desses contatos bilaterais, ao explicar que o embaixador dos EUA, John B. Emerson, tinha ido hoje pela segunda vez ao Ministério das Relações Exteriores para abordar essa questão.

Anteriormente, a própria chanceler Angela Merkel confirmou que o diretor da CIA, John Brennan, tinha ligado pessoalmente à Chancelaria, embora tenha evitado a falar sobre o conteúdo da conversa. A Procuradoria Federal, por sua parte, se limitou a informar sobre os registros efetuados, depois que a imprensa alemã divulgasse profusamente essa informação.

Esta notícia acompanha a detenção, na semana passada, de um agente alemão de 31 anos que trabalhava na central dos serviços germânicos de inteligência em Pullach, na Baviera, e que estava em contato com a CIA há dois anos. Supostamente, esse agente fornecia a Washington documentos da comissão parlamentar que investiga o escândalo da espionagem em massa da Agência Nacional de Segurança (NSA).

Entre esses documentos, havia várias atas da comissão do Bundestag (câmara baixa) que investiga a atividade dos serviços secretos dos EUA em solo alemão por causa das revelações do ex-técnico da inteligência americano Edward Snowden.