Bytedance: empresa chinesa é avaliada em mais de 100 bilhões de dólares (Anadolu Agency / Colaborador/Getty Images)
Rodrigo Loureiro
Publicado em 10 de agosto de 2020 às 16h49.
É justo dizer que o TikTok colocou a Bytedance no mapa. Antes desconhecida do mercado ocidental, a companhia chinesa já é avaliada em mais de 100 bilhões de dólares – quase o dobro do valor da Petrobrás. Com a provável venda do aplicativo de vídeos para alguma empresa americana com o objetivo de evitar o banimento nos Estados Unidos, a Bytedance agora tenta provar que pode ser mais do que apenas a desenvolvedora do TikTok.
Fundada em 2012 e com sede em Xangai, na China, a Bytedance já impressionava investidores ocidentais bem antes do TikTok pegar no EUA. A companhia recebeu mais de 7,4 bilhões de dólares em nove rodadas de financiamento. Entre os apoiadores financeiros estão fundos de capital de risco conhecidos do mercado como Sequoia Capital, General Atlantic, Tiger Global Management, Softbank, além dos bancos Goldman Sachs e Morgan Stanley.
Em relação às finanças, de acordo com investidores da empresa ao TechCrunch, a companhia gerou 120 bilhões de yuan (17,2 bilhões de dólares). Um percentual de 67% deste valor veio da venda de publicidade para aplicativos como Douyin, a versão chinesa do TikTok, e Toutiao, plataforma de notícias. Já uma fatia de 17%, ou 2,8 bilhões de dólares, foram provenientes de negócios na área de games, e-commerce e com o próprio TikTok.
A previsão para 2020, feita antes da pandemia do novo coronavírus, era faturar 200 bilhões de yuan, ou 28,7 bilhões de dólares neste ano. O TikTok, sozinho, representaria 15% deste montante. A pandemia de covid-19 deu uma força inesperada ao aplicativo no mercado ocidental – um refresco bem-vindo após o serviço ser banido de seu maior mercado no mundo, o indiano. Ao todo já são mais de 2 bilhões de downloads.
A receita da Bytedance, por si só, já é expressiva e incomoda empresas que trabalham com serviços de vídeo ou com redes sociais nos EUA. A Netflix, por exemplo, faturou pouco mais de 20,1 bilhões de dólares no mesmo período. A receita do Twitter foi de menos de 3,5 bilhões de dólares em 2019. Menor ainda foi a receita do Snapchat. A rede social do fantasminha faturou somente 1,7 bilhão de dólares em 2019.
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No desafio para se firmar como uma das maiores empresas da China, a Bytedance precisa enfrentar a dura concorrência da Tencent. A gigante chinesa que investe pesado no mercado de jogos eletrônicos – e que também está na mira de Donald Trump, o que preocupa os jogadores de League of Legends. Principalmente porque a companhia também está investindo em redes sociais de vídeos curtos.
Enquanto a Bytedance aposta no Douyin, a versão chinesa do TikTok, as fichas da Tencent estão no Kuaishou. Em 2017, a empresa chinesa investiu mais de 350 milhões no aplicativo de vídeos curtos que já soma mais de 300 milhões de usuários na China e que estreou no Brasil em 2019 sendo chamado de Kwai. O Douyin, por sua vez, conta com mais de 400 milhões de usuários diários no mercado chinês.
Em outra frente, a Bytedance tenta popularizar o TouTiao, que enfrenta a forte concorrência da rede social chinesa Weibo, semelhante ao Twitter, e do WeChat. Em 2019, a companhia informou que o aplicativo de notícias já tinha mais de 120 milhões de usuários diários e 260 milhões de usuários mensais. O WeChat, por sua vez, já contava com mais de 1,1 bilhão de usuários por mês.
Para continuar operando no mercado americano, o TikTok pode ser vendido para uma empresa local. Isso porque a preocupação de órgãos de segurança americanos é de que as ligações da empresa com o governo chinês representam um risco à privacidade dos americanos. Dentro do governo americano, que já baniu o aplicativo de celulares oficiais, há o temor de que o aplicativo seja usado para espionagem.
O próprio presidente Donald Trump é um dos grandes inimigos do TikTok. No dia 6 de agosto, o mandatário americano publicou uma ordem executiva que dava um prazo de 45 dias para as companhias americanas encerrarem seus negócios com o TikTok e com o WeChat.
Entre as postulantes para adquirir a operação do TikTok, a Microsoft desponta como favorita – mesmo levantando dúvidas em relação aos motivos desta investida. Na semana passada, o Twitter abriu negociações com a companhia. Vale lembrar que a rede social do microblog quase comprou a operação do Instagram quando a empresa ainda era uma startup com somente alguns milhares de usuários. Por outro lado, a Apple não tem interesse.
Ainda não se sabe quem será o vencedor dessa disputa. Certo mesmo é que a Bytedance não quer ser a perdedora.