Ashton Kutcher: ator americano é também um conhecido investidor de startups (Michael Kovac / Colaborador/Getty Images)
Rodrigo Loureiro
Publicado em 10 de junho de 2020 às 18h51.
Última atualização em 10 de junho de 2020 às 19h24.
Ator e investidor americano, Ashton Kutcher vê a crise do coronavírus como uma oportunidade de investimento em startups, mesmo com a cautela dos fundos de investimento. Entrevistado ao vivo pelo apresentador Luciano Huck durante o evento Brazil at Silicon Valley, ele afirmou que “ainda existe capital para financiar novas startups”.
Kutcher é sócio do fundo de venture capital A-Grade Investments (que ainda conta com em seu quadro societário com os investidores Guy Oseary e Ron Burkle) e ao longo de sua carreira como investidor realizou aportes em startups que se consolidaram no mercado como grandes empresas, casos de Uber e Airbnb.
Na conversa com Huck, que fez parte do quadro “Construindo a ponte para o capital & Uma conversa sobre tecnologia e inovação”, Kutcher disse que “as pessoas estão procurando por um bom negócio” ao ser questionado sobre o futuro do mercado de startups e se há perigo para os novos empreendimentos que ainda carecem de capital.
Em relação ao cenário econômico, o investidor americano diz que não enxerga o mundo caminhando para um período de depressão econômica, mas para uma recessão. Para ele, “muitos dos empregos que foram perdidos vão ser recuperados quando as pessoas saírem da quarentena”.
Para ele o mercado de capitais não segue um padrão lógico e que já esperava que houvesse uma supressão na avaliação do preço das empresas. “Eu não entendo porque os preços continuam subindo mesmo sabendo que os resultados no terceiro trimestre serão mais baixos”, diz.
Uma das razões apontadas para que as companhias continuem super avaliadas mesmo com negócios que devem apresentar resultados bem abaixo dos projetados antes da pandemia é a concentração de dinheiro na mão de investidores. “Há muitos fundos que estão cheios de capital neste momento e precisam fazer com que aquele dinheiro trabalhe”, afirma.
Nesta toada, Kutcher afirma que a crise do coronavírus apresenta uma oportunidade interessante para novos investimentos em áreas que antes não eram tão exploradas. Ele cita como exemplo empresas que atuam com tecnologias voltadas para telemedicina, virtualização do ambiente de trabalho e educação remota. “Vamos ver grandes oportunidades e soluções a partir deste momento”, afirma.
Para ele, movimentos sociais geram tendências que podem ser exploradas por investidores na hora de identificar startups com negócios promissores. Ele cita como exemplo uma empresa chamada Modern Fertility, que desenvolve testes caseiros para fertilidade hormonal. Fundada em 2017, a empresa já recebeu 22 milhões de dólares em aportes.
Entre os investidores está a Grade-A Investments.“Vimos que há um movimento de mulheres que passaram a priorizar suas carreiras para depois formarem famílias e que percebem mudanças em suas taxas de fertilidade quando chegam em uma certa etapa de sua vida”, afirma.
Falando sobre diferentes negócios em que investe, Kutcher também citou um investimento em uma empresa de produção de vinhos em que a ideia era criar um vinho da quarentena. "Vendemos 2.000 caixas em apenas 8 horas", diz. Até o momento já foram comercializadas mais de 10.000 caixas e a iniciativa rendeu 1,5 milhão de dólares para instituições de caridade.
Kutcher citou o movimento que está em alta nos Estados Unidos após a morte de George Floyd e criticou publicações que afirmam que “todas as vidas importam”. “Todas as vidas podem ter valor, mas apenas quando as vidas negras importarem também. As pessoas que postam que todas as vidas importam acabam com a mensagem de que vidas negras importam”, afirma.
“A razão pela qual não falamos que todas as vidas importam é porque as vidas negras não importam para algumas pessoas”, afirma. Ele cita uma conversa com o também ator Chris Rock, em que ouviu uma analogia sobre policiais e pilotos de avião. “Você não entraria no avião de uma companhia que tem um ou dois pilotos ruins. Todos têm de ser bons. Com os policiais é a mesma coisa”, diz.