yahoo (Getty Images)
Da Redação
Publicado em 27 de fevereiro de 2014 às 10h46.
Mais de 1,8 milhão de usuários do Yahoo! pelo mundo tiveram imagens de suas webcams coletadas pela agência de inteligência britânica, a GCHQ. A informação vem do jornal inglês The Guardian, que a obteve em documentos vazados por Edward Snowden, datados de 2008 a 2010.
Os arquivos, segundo o jornal, mencionam explicitamente um programa de monitoramento de codinome Optic Nerve (nervo óptico, em português). O software coletou, em lotes, imagens de chats privados por webcam no Yahoo, e as salvou nos bancos de dados da agência, não importando se os usuários eram alvos de inteligência ou não.
Pegas de cinco em cinco minutos para evitar maiores problemas com direitos humanos e não sobrecarregar os servidores, essas capturas de tela acabavam usadas para obtenção de metadados. Também serviam para testar tecnologias de reconhecimento facial, já que os rostos dos usuários anônimos eram comparados com os de suspeitos procurados pela GCHQ.
Segundo o Guardian, o Optic Nerve começou como um protótipo em 2008 e seguiu ativo até pelo menos 2012. As informações vinham pela rede de cabos da GCHQ, e eram depois processadas em sistemas da NSA, a agência de segurança norte-americana. Os EUA, aliás, ainda colaboraram com pesquisa para construir a ferramenta usada pelos espiões britânicos.
Pelo alto volume de dados coletados o número de 1,8 milhões de usuários monitorados se refere e um único semestre de 2008 , é até óbvio que muitos dos dados não tinham valor algum para as agências. Mas a GCHQ curiosamente se impressionou com o tanto de nudez que aparecia nas imagens das webcams: Parece que um número surpreendente de pessoas usa conversações por webcam para mostrar partes íntimas do corpo para outra pessoa, diz um dos documentos obtidos pelo Guardian.
Entre 3 e 11% das imagens coletadas continham nudez indesejada. E apesar das tentativas de filtragem, a agência nem sempre conseguia tirar as fotos de pessoas nuas das buscas pelo banco de dados, de acordo com o jornal.
Resposta do Yahoo! Ao Guardian, o Yahoo! negou saber do programa, se mostrou inconformado com ele e ainda acusou a agência de um novo nível de violação de privacidade dos usuários.