Tecnologia

A Apple está comprando a Beats? Isso faz sentido?

Os fones e o serviço de música da Beats são fracos em comparação com os concorrentes. Por que, então, a Apple pagaria 3,2 bilhões de dólares pela Beats?

Fones Beats by Dr. Dre: os gadgets da empresa são objetos de moda (Simon Burchell / Getty Images)

Fones Beats by Dr. Dre: os gadgets da empresa são objetos de moda (Simon Burchell / Getty Images)

Maurício Grego

Maurício Grego

Publicado em 28 de maio de 2014 às 18h24.

São Paulo -- A Apple está em negociações avançadas para a compra da Beats por 3,2 bilhões de dólares, afirma o jornal Financial Times. Se essa aquisição acontecer mesmo, será, de longe, a maior da história da Apple. Do ponto de vista da tecnologia, porém, a Beats não parece ser muito atraente.

A Beats vende fones de ouvido que viraram moda entre os jovens antenados, em boa parte porque um dos donos da empresa é o rapper Dr. Dre, um excelente garoto-propaganda. O design moderninho dos gadgets também ajuda, é claro.

No entanto, testes mostram que, tecnicamente, os fones da Beats são medíocres. Uma comparação feita em abril pelo site FindTheBest mostrou que, entre 18 marcas populares nos Estados Unidos, a Beats é uma das piores em qualidade técnica. 

O estudo considera aspectos como conforto e praticidade ao usar os fones e, claro, a qualidade de áudio proporcionada por eles.

A Apple pode estar interessada em outro produto da Beats, o serviço de streaming de música Beats Music. A Apple domina o mercado de venda de música por download com o iTunes

Esse tipo de negócio, porém, começa a decair por causa da concorrência de serviços como Rdio, Deezer e Spotify. A Apple até oferece uma opção de streaming com o iTunes Radio. Mas esse serviço (não disponível no Brasil) não teve sucesso estrondoso.

Ainda assim, comprar a Beats não parece ser o melhor caminho para se firmar no mundo do streaming. Uma estimativa corrente no mercado aponta que o Beats Music teria por volta de 200 mil usuários pagantes.

Isso é apenas 2% do que tem o Spotify, que soma cerca de 10 milhões de assinantes. Um teste feito no início do ano pelo site The Verge apontou que o Beats Music é, em vários aspectos, inferior a concorrentes como Spotify e Rdio. 

A Apple tem muitos anos de relacionamento com a indústria da música. Deveria ser capaz de montar um ótimo serviço de streaming. E, se é para comprar um pronto, poderia escolher um serviço consagrado como Rdio, Deezer ou Spotify. 

Dinheiro para isso, não falta, já que a Apple tem 150 bilhões de dólares em caixa. Por que, então, a empresa estaria negociando a compra da Beats? Tim Cook e sua turma não costumam, é claro, jogar dinheiro fora.

Peter Kafka, do site Re/code, argumenta que a compra daria, à Apple, uma marca de produtos eletrônicos que conseguiu convencer muitos consumidores a gastar dinheiro com fones de ouvido caros. 

Ele estima as vendas da Beats em 1 bilhão de dólares por ano. Juntando isso com a estrutura de design, fabricação e vendas da Apple, o resultado poderia ser uma linha forte de produtos de áudio.

Já o Beats Music, diz Kafka, tem potencial no longo prazo. Com a força da Apple no mercado, o serviço pode crescer e enfrentar os rivais. Resta esperar para ver.

Acompanhe tudo sobre:AppleArteBeatsEmpresasEmpresas americanasempresas-de-tecnologiaEntretenimentoFusões e AquisiçõesGadgetsIndústria da músicaIndústria eletroeletrônicaInternetiTunesMúsicaServiços onlineTecnologia da informação

Mais de Tecnologia

Segurança de dados pessoais 'não é negociável', diz CEO do TikTok

UE multa grupo Meta em US$ 840 milhões por violação de normas de concorrência

Celebrando 25 anos no Brasil, Dell mira em um futuro guiado pela IA

'Mercado do amor': Meta redobra esforços para competir com Tinder e Bumble