Tecnologia

99 combate assédio no aplicativo com guia e inteligência artificial

O app de transporte individual exclui 730 usuários por semana em razão de algum tipo de assédio

99: aplicativo cria guia de comunidade para evitar comportamentos inadequados em corridas (Germano Lüders/Exame)

99: aplicativo cria guia de comunidade para evitar comportamentos inadequados em corridas (Germano Lüders/Exame)

Lucas Agrela

Lucas Agrela

Publicado em 9 de dezembro de 2020 às 12h18.

Última atualização em 9 de dezembro de 2020 às 12h40.

A 99 combate o assédio em corridas no seu aplicativo de transporte individual urbano com um novo guia de comunidade, elaborado junto ao Instituto Ethos. O documento é um guia de boas práticas em viagens tanto para motoristas quanto para passageiros, que são um total de 20 milhões no Brasil, segundo a empresa. O esforço da 99 visa diminuir a discriminação ou assédio a mulheres, negros, pessoas com deficiência e LGBTI+.

É motorista de aplicativo e gostaria de começar a investir? Aprenda com a EXAME Academy

A empresa tem equipes dedicadas a revisão de corridas e conta com uma inteligência artificial que lê mais de mil palavras e contextos em comentários sobre viagens, o que ajuda a 99 a analisar casos de assédio no serviço. Quase dois anos após o início do uso da tecnologia de monitoramento de comentários, em fevereiro de 2019, a inteligência artificial da 99 hoje detecta assédio em 87% dos casos, mas todo o processo de análise tem revisão humana.

Para Pamela Vaiano, diretora de comunicação da 99 no Brasil, com o novo guia de comunidade, a companhia espera reduzir o número de incidentes que, muitas vezes, poderiam ter sido evitados.

"É difícil controlar o comportamento humano. Por isso, não podemos deixar apenas a tecnologia protegendo as pessoas. Todos somos atores para a criação de uma sociedade melhor. Isso começa por informação, comunicação e uma mobilização. A discussão da diversidade tem décadas e chegamos ao patamar atual, que ainda não é ideal, graças à mobilização da sociedade. O guia não tem ação imediata, mas ele é uma plataforma sustentável de conversa com a sociedade. Precisamos conscientizar as pessoas de que uma discussão banal, por vezes, pode terminar em crimes. Esperamos reduzir os casos. Hoje, 59% são casos de violência que poderiam ser evitados com respeito", disse Vaiano, em entrevista à EXAME.

Segundo a 99, entre os principais relatos dos usuários em 2020 estão:

  • 23% dos casos reportados foram de assédio;
  • 14% foram de agressão verbal;
  • 7% foram de agressão física;
  • 4% foram de discriminação.

Entre passageiros e motoristas, 730 pessoas por semana são bloqueadas pela 99 por assédio, como racismo ou LBTGfogia. 49% dos casos são reportados por motoristas e 51%, por passageiros. Durante uma investigação, a empresa faz bloqueio preventivo das contas e entra em contato com as pessoas para decidir se há ou não necessidade de banimento definitivo da plataforma. Atualmente, a 99 tem 750 mil motoristas parceiros em 1.600 cidades brasileiras.

A 99 terá um botão no aplicativo para que as pessoas conheçam o guia. O documento também será enviado via push no aplicativo e e-mail para que os usuários saibam quais são as boas práticas de comportamento e diversidade em corridas da 99.

"É importante reportar para a 99 situações desconfortáveis ou que fujam aos termos da comunidade. Autoridades também devem ser envolvidas quando o usuário entender que houve crime", afirma Vaiano.

Nos Estados Unidos, a concorrente Uber também possui um guia de segurança, com mais de 80 páginas, para evitar problemas entre passageiros e motoristas em corridas. No Brasil, a companhia tem um guia de comunidade desde 2017.

Acompanhe tudo sobre:99taxisAppsAssédio sexualLGBTPreconceitosRacismo

Mais de Tecnologia

Sul-coreanas LG e Samsung ampliam investimentos em OLED para conter avanço chinês

Jato civil ultrapassa barreira do som pela 1ª vez na história

EUA entra para lista de "países sensíveis" da divisão de mapas do Google

Alibaba aposta em IA e diz que supera ChatGPT e DeepSeek