Café solúvel: composto tornou possível que astronautas tomassem café no espaço (Getty Images)
Repórter
Publicado em 21 de fevereiro de 2025 às 11h22.
Última atualização em 21 de fevereiro de 2025 às 11h24.
Com a alta do café torrado e moído, que subiu 52% nos últimos 12 meses, segundo a Fipe, muitos consumidores têm buscado alternativas mais acessíveis. Uma delas é o café solúvel, que teve um aumento menor no período, de 17%, e pode custar até 40% menos do que o tradicional.
A diferença de preço se torna evidente na hora do consumo. Segundo cálculos da Associação Brasileira da Indústria de Café Solúvel (Abics), preparar uma xícara de café solúvel custa entre R$ 0,18 e R$ 0,29, enquanto a versão torrada e moída sai por valores entre R$ 0,30 e R$ 0,43. O motivo principal é a concentração: enquanto o café coado exige 5 gramas de pó por xícara, o solúvel precisa de apenas 1 grama .
Embora hoje seja produzido em larga escala por grandes indústrias, o café solúvel tem uma ligação direta com a história do Brasil. Nos anos 1920, a produção excessiva de café derrubava os preços no mercado internacional, preocupando os produtores brasileiros. Buscando uma solução, um grupo de representantes do setor viajou à Suíça para propor à Nestlé a criação de um novo produto que ajudasse a conservar o café sem comprometer seu sabor.
A empresa aceitou o desafio e designou o químico Max Morgenthaler para liderar a pesquisa. Em 1937, ele conseguiu desenvolver um café em pó que se dissolvia na água sem perder aroma e sabor, graças à adição de hidratos de carbono. O produto fez sucesso na Europa, mas, no Brasil, só começou a ser vendido em 1953, quando a Nestlé conseguiu produzir uma versão sem aditivos, conforme exigia a legislação brasileira.
O processo de fabricação do café solúvel envolve a extração do café torrado e moído em grandes tanques com água quente, gerando um concentrado que é depois seco e transformado em pó. Existem dois métodos principais de produção:
Com o tempo, a indústria passou a investir em cafés solúveis de maior qualidade, substituindo grãos da espécie canéfora pelo arábica, mais valorizado por seu sabor. Ainda assim, há diferenças sensoriais em relação ao café coado, já que alguns componentes, como gorduras e carboidratos complexos, não são extraídos no processo. Apesar disso, a praticidade e o menor custo tornam o solúvel uma opção cada vez mais popular entre os brasileiros.