Mira Murati, CTO da OpenAI: veja quatro mulheres que estão mudando o mercado de tecnologia (Eugene Gologursky/Getty Images)
Repórter
Publicado em 8 de março de 2024 às 11h58.
Não é mistério para ninguém que o Vale do Silício ainda tem forte predominância masculina. Quantas mulheres você consegue nomear por trás das startups mais quentes do momento, ou até das big techs mais consolidadas? A hesitação para responder é um reflexo do mercado de tecnologia: em 2022, por exemplo, as mulheres ocupavam apenas 27% dos cargos de computação em empresas nos EUA.
Ao mesmo tempo, apesar do valor baixo, nunca tivemos tantas mulheres CEOs em empresas de tecnologia. Agora, elas administram mais de 10% das empresas no ranking Fortune 500, como a americana Safra Catz, que comanda a Oracle e hoje tem patrimônio líquido estimado em US$ 1.6 bilhão. Também temos a brasileira Lidiane Jones, liderando um dos aplicativos de namoro mais famosos do mundo, com 30 milhões de instalações somente em 2023.
O mercado de inteligência artificial (IA) também conta com presença feminina emergente, apesar de um estudo da IBM indicar que mulheres no ramo de IA foram quase cinco vezes mais suscetíveis a dizer que o gênero impactou negativamente na carreira.
Nas startups liderando em IA, temos nomes como a de Mira Murati. A jovem se juntou à OpenAI em 2018 e hoje é uma das vozes mais predominantes da empresa, desafiando até Sam Altman. A brasileira Karla Capela Morais foi reconhecida pela IBM como uma das 35 líderes globais pioneiras em IA para a área jurídica.
No Dia das Mulheres, conheça 5 personalidades femininas que devem impactar o mercado de tecnologia nos próximos anos:
Nascida em 1988 em Vlorë, Albânia, Mira Murati iniciou sua jornada acadêmica aos 16 anos, quando saiu de seu país natal para estudar no Pearson College UWC, no Canadá. Ela se formou em Engenharia Mecânica pela Thayer School of Engineering, Dartmouth College, em 2012, e deu seus primeiros passos profissionais como estagiária na Goldman Sachs em 2011. Posteriormente, passou três anos na Tesla, onde foi gerente de produto sênior do Model X.
Em 2018, Murati juntou-se à OpenAI, e logo, se tornou figura central na empresa que hoje é avaliada em US$ 80 bilhões. Como Diretora de Tecnologia, supervisionou o desenvolvimento e a comercialização de produtos da OpenAI, liderando as equipes que desenvolveram os sistemas ChatGPT e Dall-E.
Além de suas realizações técnicas, Murati é uma defensora da regulação da IA, argumentando que os governos devem desempenhar um papel mais ativo nessa área. Sua visão para o futuro da IA é fundamentada na segurança e na responsabilidade, aspectos que ela enfatizou em sua gestão na OpenAI. Segundo o jornal americano New York Times, em 2023, Murati foi uma das vozes que levantou questões sobre a gestão de Sam Altman e também compartilhou preocupações sobre o conselho.
De Recife, Karla Capela Morais é fundadora da startup KOY e foi reconhecida pela IBM como uma das 35 líderes globais pioneiras em inteligência artificial para a área jurídica.
A lawtech Koy está revolucionando o mundo jurídico com o I-Norma, uma inteligência artificial embarcada no Watson da IBM que unifica mais de 200 sistemas jurídicos pelo país. Também com auxílio de machine learning, a KOY resumidamente otimiza processos jurídicos de empresas.
Anteriormente, a recifense já foi diretora executiva e sócia da Raimundo & Capela que, segundo a página da empresa no LinkedIn, tem foco na área do direito de seguros e na área do direito tributário, além de uma forte presença no Norte e Nordeste do país. Em 2014, a brasileira aplicou de forma pioneira metodologias ágeis (SCRUM), cuja implantação e desenvolvimento se transformou no Koy.
Selecionada para a lista global Women Leaders in AI pela IBM, Karla é a única brasileira entre 35 executivas de 12 países diferentes. A lista inclui mulheres consideradas líderes na implementação do Watson, que é a plataforma de IA da IBM.
Nascida na Zona Leste de São Paulo, Lidiane Jones trilhou um caminho de sucesso por empresas como Apple, Ford e Microsoft e hoje é CEO do app de namoro Bumble. A brasileira se mudou para os Estados Unidos na época da faculdade, e se formou em ciências da computação na Universidade de Michigan.
Na empresa de Bill Gates, liderou diversos projetos, como o serviço em nuvem Microsoft Azure, por 13 anos. Também foi vice-presidente da Salesforce em 2022 e, posteriormente, assumiu a liderança do Slack, plataforma de comunicação que foi comprada pela Salesforce em 2020 por US$ 27 bilhões.
Ano passado, a paulista assumiu o cargo de CEO do Bumble, app de namoro que concorre diretamente com o Tinder. No anúncio, a empresa disse que a brasileira tinha "duas décadas de experiência como inovadora de produtos e negócios" e tê-la por trás do negócio seria "uma grande vitória" para o Bumble.
O competidor do Tinder se destaca por focar no conforto da mulher: para fazer um "match" com outro perfil, é a mulher quem precisa iniciar a conversa e mandar uma mensagem primeiro. Caso isso não aconteça, o chat desaparecerá em 24 horas. Jones acredita que a IA pode ser o próximo capítulo de sucesso do Bumble, e imagina um futuro no qual as pessoas podem aprender a flertar com ajuda de IA generativa.
Nascida em Isreal, Safra Catz atua como CEO da empresa de software Oracle desde setembro de 2014, quando o fundador Larry Ellison deixou o cargo. Ela começou na Oracle em 1999 e ajudou a fechar mais de 130 aquisições durante seu tempo na empresa, segundo a Forbes, focando em uma estratégia "agressiva" de aquisições.
Apesar da origem israelense, Catz se mudou para os Estados Unidos quando tinha seis anos. Ela se formou em direito pela Universidade da Pensilvânia e trabalhou em Wall Street por 14 anos, mas sempre focando na indústria de software.
Em 2017, Catz se tornou a CEO feminina mais bem paga nos Estados Unidos. Ela ganhou US$ 40,9 milhões ao longo do ano, o que ainda representou uma queda de 23% em relação a sua remuneração total no ano anterior. Atualmente, Catz tem patrimônio líquido estimado em US$ 1.6 bilhão.