Além da Samsung, a Apple briga nos tribunais com a HTC e com a divisão Motorola do Google (Reprodução)
Maurício Grego
Publicado em 5 de setembro de 2012 às 09h07.
São Paulo — A Apple impôs uma derrota humilhante à sua rival Samsung na justiça da Califórnia. E o prejuízo da empresa coreana não se limita ao 1,05 bilhão de dólares que ela deve pagar à Apple. Veja quatro consequências da briga para o mercado, o consumidor e a evolução da tecnologia.
1 Alguns aparelhos podem ser proibidos nos EUA
Nas próximas semanas, a justiça americana deve decidir se a Samsung pode continuar vendendo, nos Estados Unidos, os produtos envolvidos na briga. Alguns dos aparelhos citados no processo são antigos e já saíram de linha. Um outro, o tablet Galaxy Tab 10.1, já está proibido por causa de um processo anterior. Agora, a Apple quer proibir oito smartphones que ainda estão à venda: duas variantes do Galaxy S, quatro do Galaxy S2 e mais os modelos Droid Charge e Galaxy Prevail.
As chances de que a empresa da maçã consiga a proibição são grandes. Mas os modelos mais recentes da Samsung, como o Galaxy S III e o Galaxy Note 10.1, não entraram nesse processo e vão continuar sendo vendidos normalmente – ao menos por enquanto.
2 Certas características, agora, serão só da Apple
Obviamente, a menos que haja um acordo de licenciamento entre as empresas, a Samsung não vai mais poder incluir, em seus produtos, as seis características que, segundo o júri da Califórnia, infringem patentes da Apple. E isso vale também para outros fabricantes. Três dessas características são funcionais:
Outras três características que a Samsung supostamente copiou da Apple são de design:
3 A indústria vai andar num campo minado
Empresas que têm um grande acervo de patentes, como a Microsoft e a própria Apple, devem se sentir fortalecidas com a decisão judicial. Elas podem ser encorajadas a manter seus altos investimentos em pesquisa e desenvolvimento, e isso é bom, é claro.
Mas talvez a consequência mais ampla da briga Apple versus Samsung seja espalhar o medo no mercado. Fabricantes de dispositivos móveis e desenvolvedores de software tendem a se tornar mais cautelosos pelo temor de ser processados. Eles também devem ficar mais criativos já que, em vez de imitar o iPhone e o iPad, terão de desenvolver soluções próprias.
Não há certeza, porém, de que isso traga benefícios práticos para o consumidor. Quando um padrão está firmemente estabelecido no mercado, uma solução que se afasta dele tende, muitas vezes, a ser rejeitada pelo usuário. É mais ou menos como se alguém tivesse patenteado o volante redondo para carros. As outras montadoras talvez tivessem de adotar volantes quadrados ou triangulares. E é improvável que isso agradasse aos consumidores.
4 O Google também perdeu
O Google tem procurado se distanciar da briga da Apple contra a Samsung. Mas não há dúvida de que a decisão judicial a favor da Apple também provoca tremores no Googleplex. Ela enfraquece todos os fabricantes que usam Android em seus smartphones, incluindo a Motorola, que agora pertence ao Google.
A Apple não pode processar todos esses fabricantes em todos os países. Por isso, a briga na justiça não deve encerrar a liderança global do Android no mercado de smartphones. Mas a Apple tem ido atrás dos concorrentes mais fortes no mercado americano e europeu, onde ela tem chances melhores de sair vencedora.
HTC e Motorola são os próximos alvos. As duas já têm disputas judiciais contra a Apple. E, se a Samsung – que é o maior fabricante do mundo – perdeu, que chance tem a HTC? A vitória da Apple contra a Samsung não é o ataque termonuclear que Steve Jobs prometeu contra o Android. Mas é um golpe duro.