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30 anos após descoberta, cientistas falam em erradicar Aids

No entanto, as pesquisas para o desenvolvimento de uma vacina se revelaram até o momento frustrantes


	"Temos esbarrado e continuamos a esbarrar em muitas dificuldades científicas mas, historicamente, a obstinação e a inovação científica compensam", afirmou Anthony Fauci
 (Divulgação)

"Temos esbarrado e continuamos a esbarrar em muitas dificuldades científicas mas, historicamente, a obstinação e a inovação científica compensam", afirmou Anthony Fauci (Divulgação)

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Da Redação

Publicado em 21 de maio de 2013 às 19h47.

Trinta anos depois da identificação do vírus HIV por uma equipe do Instituto Pasteur, de Paris, os grandes nomes das pesquisas sobre a Aids, reunidos a partir desta terça-feira em um colóquio internacional, abordam abertamente a questão da futura erradicação da doença.

O tema deste simpósio, co-organizado pelo Instituto Pasteur, não é contar a história da descoberta do vírus pela equipe chefiada pelo doutor Luc Montagnier, mas detalhar os desafios no futuro: vacinas, tratamentos precoces, compreensão dos casos de remissão de longo prazo, etc..

"Talvez sejamos um pouco loucos, mas esperamos ter uma vacina preventiva dentro de três, quatro, cinco, seis ou sete anos", declarou à AFP o cientista americano Robert Gallo, especialista em virologia que confirmou em 1984 a descoberta feita pelo professor Montagnier.

"Nós fizemos enormes avanços a respeito dos anticorpos que atacam as proteínas do invólucro externo do vírus (...). Nós realmente fizemos um avanço neste campo que renova as esperanças", explicou.

No entanto, as pesquisas para o desenvolvimento de uma vacina se revelaram até o momento frustrantes.

"Temos esbarrado e continuamos a esbarrar em muitas dificuldades científicas mas, historicamente, a obstinação e a inovação científica compensam", afirmou o respeitado virologista americano Anthony Fauci.

"Nós continuamos a fazer avanços sobre o conhecimento dos anticorpos capazes de neutralizar o HIV e seu potencial para o desenvolvimento de uma vacina", destacou o doutor Fauci, que chefia o Instituto Nacional de Doenças Infecciosas dos Estados Unidos, uma referência na luta contra a Aids.

Co-descobridor do HIV em 1983, a virologista francesa Françoise Barré-Sinoussi, do Instituto Pasteur, admite os "muitos revezes" nas pesquisas sobre as vacinas, mas afirma que eles permitem aprender.


Um outro eixo de pesquisa se articula em torno dos casos raros de "remissões persistentes à suspensão do tratamento", informou, em alusão aos casos de 14 pacientes descritos no estudo francês Visconti, que mais de sete anos após a suspensão de qualquer tratamento com antirretrovirais conseguem "controlar sua infecção".

Jean-François Delfraissy, diretor da Agência Nacional de Pesquisa sobre a Aids da França (ANRS) considerou por sua vez que "o divisor de águas para a erradicação" do vírus da Aids "é agora".

"As grandes agências de pesquisa (...) estão no topo e têm as primeiras pistas, em particular na França" com os casos "um pouco excepcionais" destes pacientes "tratados muito cedo" após a infecção e que atualmente conseguem viver sem o tratamento, comentou em declarações à France Info.

"Nós estamos em um tipo de remissão da doença viral como falamos da remissão do câncer. É uma lanterna que nos ilumina para saber aonde ir em termos de pesquisa", explicou.

O colóquio "30 anos de ciência do HIV, imagine o futuro", realizado no Instituto Pasteur de Paris, vai dedicar uma sessão às diferentes linhas de pesquisa para "controlar e tratar o HIV", enquanto até agora os tratamentos com antirretrovirais permitem baixar a carga viral até deixar o vírus quase indetectável, sem se livrar dele.

Há um outro projeto de pesquisa, também promissor e sem dúvida mais imediato, para simplificar, aliviar os tratamentos e reduzir os efeitos colaterais, sobretudo com moléculas de ação prolongada, com as quais uma única dose por semana seria suficiente para o tratamento da infecção.

Por fim, vários estudos estão em curso sobre as classes de medicamentos totalmente diferentes dos antirretrovirais, "que se aproximam dos anticancerígenos" e que atacam os invólucros dos vírus, afirmou Delfraissy à AFP.

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