Libra: moeda virtual foi criada pelo Facebook em conjunto com 27 empresas (Divulgação/Divulgação)
Rodrigo Loureiro
Publicado em 18 de junho de 2019 às 16h14.
Última atualização em 25 de junho de 2019 às 13h17.
São Paulo – Na manhã desta terça-feira (18), o Facebook deu um fim aos rumores e anunciou oficialmente a Libra, criptomoeda que poderá ser usada para realizar transações dentro das plataformas comandadas por Mark Zuckerberg. A moeda digital, apesar do nome, nada tem a ver com a moeda oficial do Reino Unido. Ainda cercada de mistérios sobre como a moeda digital vai funcionar quando for lançada – o que deve acontecer somente em 2020 –, EXAME selecionou tudo o que se sabe até agora sobre a nova aposta da companhia de Menlo Park, na Califórnia, para transações via internet.
Segundo Zuckerberg, a moeda virtual foi criada para facilitar as transações financeiras pela internet, principalmente para mais de um bilhão de pessoas que não têm contas bancárias ou acesso a serviços financeiros, mas possuem smartphones. Essa, no entanto, pode ser considerada uma justificativa quase que romântica. Na prática, a libra vai impulsionar o comércio de produtos dentro das redes sociais que fazem parte do conglomerado de tecnologia comandado pelo empresário americano.
A previsão é de que a libra se torne disponível para ser negociada no primeiro semestre do ano que vem.
A criptomoeda é uma iniciativa de 28 empresas e organizações ao redor do mundo que se juntaram em um consórcio sem fins lucrativos chamado de Libra Association. A lista de empresas envolvidas inclui Mastercard, Visa, PayPal, Stripe, PayU, Booking, eBay, Farfetch, MercadoPago, Uber, Lyft, Spotify, Iliad e Vodafone, além de exchanges, companhias envolvidas no mercado de criptomoedas e fundos de investimento. Até 2020, a expectativa é de que essa seleção tenha mais de 100 participantes, todos descritos como cofundadores.
Não está totalmente claro o papel do Facebook neste projeto. Mas, apesar de não admitir publicamente, as primeiras impressões mostram que a companhia está tomando as rédeas da iniciativa. Tanto é que a própria companhia está lançando uma subsidiária independente chamada de Calibra. A empresa vai desenvolver formas de permitir transações de Libra via WhatsApp e Messenger além de ficar responsável pela criação de uma opção de carteira digital para armazenar e transacionar as moedas.
Diferentemente da bitcoin, ethereum e de outras criptomoedas existentes no mercado, o valor da libra não vai flutuar de forma agressiva. Contudo, ele não será totalmente estável. De acordo com o white paper divulgado – documento que especifica particularidades sobre a tecnologia por trás da criptomoeda –, “a libra foi desenvolvida para que cada usuário saiba que o valor de sua cotação hoje será próximo ao valor cotado no dia seguinte”. Isso, porém, não significa que será exatamente o mesmo valor. O valor será “relativamente estável”.
Para manter um preço razoavelmente estável, a Libra apoiada por uma reserva de ativos reais. Esse apoio se dará em uma coleção de ativos de baixa volatilidade, como depósitos bancários e títulos governamentais de curto prazo em moedas de bancos centrais e de boa reputação.
Nos planos do Facebook, a libra poderá ser uma moeda para ser usada tanto em transações virtuais como em compras físicas, algo que o bitcoin, com mais de uma década de vida, ainda não conseguiu. Sendo muito menos volátil e apoiada por grandes empresas, a expectativa para que a libra seja uma alternativa aos cartões de crédito e ao dinheiro físico são positivas.
Nada é de graça. Assim como negociar outras criptomoedas exige que um percentual seja enviado para a empresa que está fazendo essa negociação, haverá uma taxa paga em cada transação. Em sua postagem, Zuckerberg afirma que esses custos serão baixos. Os valores ainda não foram divulgados.
A segurança das criptomoedas depende do grau de segurança do próprio usuário. A Libra poderá ser armazenada em qualquer carteira digital. No caso de armazenamento na carteira digital criada pela Calibra, a subsidiária do Facebook, a empresa afirma que vai trabalhar para prevenir o uso da moeda de forma fraudulenta. Caso isso aconteça, usuários afetados poderão ser ressarcidos.
É impossível saber se a Libra vai significar a extinção das criptomoedas por conta de uma desvalorização agressiva. Porém, a libra traz para mesa um elemento ainda pouco visto em outras moedas virtuais: o apoio explícito de grandes empresas de tecnologia e do mercado financeiro. Por outro lado, vale destacar que somente expectativa pelo anúncio da moeda virtual do Facebook contribuiu para a cotação da bitcoin atingir seu maior valor desde maio do ano passado, sendo negociada nesta terça-feira (18) por 9.350 dólares por unidade.