As novas latas de Coca-Cola (Coca-Cola/Divulgação)
A informação está no site da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa): cada brasileiro consome entre 51 e 55 quilos de açúcar por ano, enquanto a média mundial por habitante gira em torno de 21 quilos nos mesmos 12 meses. Essa preferência pelo sabor adocicado tem lá sua raiz histórica – afinal, a fartura de cana-de-açúcar na época em que fomos colônia portuguesa contribuiu para reforçar essa característica do nosso paladar. O apreço por receitas mais açucaradas é resultado também de uma questão evolutiva. “Por serem mais ricos em energia e considerados mais seguros, uma vez que os alimentos amargos podiam estar estragados ou ser venenosos, itens com mais açúcar ganharam prioridade”, explica a nutricionista Marcia Daskal, de São Paulo.
Para ajudar os brasileiros a ajustar a dose, a Coca-Cola Brasil vem buscando melhorar o perfil nutricional de seus produtos e ampliar o leque de opções de seu portfólio. “Queremos colaborar com escolhas conscientes e estimular uma dieta equilibrada”, diz Andréa Mota, diretora de Categorias da companhia. A empresa tem trabalhado nos últimos anos para divulgar informações sobre estilo de vida saudável e apresentar ações concretas com foco na redução de açúcar no cardápio – incluindo o lançamento de embalagens menores e o desenvolvimento de novas receitas de suas bebidas.
Nos produtos Del Valle Néctar lançados em 2015, por exemplo, o uso do suco de maçã foi o pulo do gato para conseguir um corte de 25% na comparação com as receitas anteriores. “Se simplesmente tirássemos o ingrediente, havia o risco de rejeição pelo consumidor”, explica Andréa. “O suco de maçã, com seu sabor neutro, compensa a diminuição do açúcar sem causar nenhum estranhamento no paladar.”
Em três anos, 40 bebidas alteradas
Com uma galeria de 150 produtos, entre refrigerantes, sucos e chás, a Coca-Cola Brasil vem promovendo alterações gradualmente. Do lançamento da Diet Coke em 1982, da Coca-Cola Light em 1997 e do guaraná Kuat Light em 1999, crescem os lançamentos da empresa com presença zero ou mínima de açúcar. “Nosso desafio é criar novas receitas sem impactar o sabor. E isso exige investimento, inovação e prolongados testes, realizados no nosso Centro de Pesquisa e Desenvolvimento no México”, diz Andréa Mota.
Entre 2014 e 2017, a companhia já contabiliza 40 bebidas com receitas modificadas, 15 delas apenas no primeiro semestre de 2017.
Os números dão um panorama geral da estratégia de redução do açúcar nas iniciativas mais recentes:
“O lançamento de uma bebida como a Coca-Cola Stevia, com metade do açúcar e usando adoçante natural, demonstra o compromisso da empresa em oferecer mais opções com menos calorias”, avalia Andréa Mota. O compromisso em assegurar a redução se alinha com as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS): de acordo com a agência, a ingestão desse ingrediente não deve ultrapassar 10% das calorias consumidas por dia – o equivalente a 50 gramas ou cerca de doze colheres de chá, para uma dieta de 2.000 calorias.
A diretora reconhece que não é fácil mudar um hábito tão arraigado no paladar brasileiro, mas o plano da empresa é seguir investindo na reformulação contínua de suas bebidas. O segredo está em equilibrar a preferência dos consumidores, o uso de ingredientes inovadores, a qualidade, o sabor e as novas necessidades de mercado.