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Da Redação
Publicado em 26 de novembro de 2015 às 09h35.
São Paulo — O mineiro Aridelmo Teixeira, de 51 anos, mudou-se com a família na adolescência para Vitória, a capital capixaba. Ali, cursou o ensino médio e depois ciências contábeis na Universidade Federal do Espírito Santo. Em busca de uma especialização, teve de deixar Vitória na década de 90 para fazer mestrado na Fundação Getulio Vargas do Rio de Janeiro e doutorado na Universidade de São Paulo.
A necessidade de sair de Vitória para estudar, caminho percorrido por muitos de sua geração, foi marcante. “A cidade tinha potencial econômico, um bom ambiente para as empresas, mas não possuía instituições para preparar os profissionais”, diz Teixeira.
Durante o doutorado, ele teve a ideia de abrir uma escola de negócios em Vitória, com cursos de pós-graduação em áreas como administração e economia. Com dois sócios — seu irmão Arilton e o amigo Valcemiro Nossa —, fundou em 2000 a Fucape, sigla para Fundação Instituto Capixaba de Pesquisas em Contabilidade, Economia e Finanças.
Para pôr em prática o projeto, foi preciso atrair profissionais de outros estados: só um dos 28 professores doutores da instituição é natural de Vitória. Passados 15 anos, a Fucape conta com 1 800 alunos, cresce 22% ao ano e é a sexta melhor instituição de ensino superior do país, segundo o ranking do Ministério da Educação.
O crescimento da Fucape é parte da expansão da oferta de mão de obra qualificada em Vitória. Na última década, a cidade atraiu profissionais especializados e, além disso, tanto o setor público quanto o privado passaram a investir na formação de trabalhadores. A cidade é a que tem o melhor capital humano no Brasil em 2015, segundo o levantamento da consultoria Urban Systems.
Um terço dos trabalhadores em Vitória tem ensino superior — a média brasileira é de 18,5%. De cada 1 000 pessoas em idade para trabalhar, 204 estão matriculadas em universidades. No país, a média é de 61 para 1 000. No ensino técnico, o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial mais que dobrou o número de matrículas nos últimos cinco anos, para 27 300 em 2014.
Tudo isso facilita a vida das empresas de Vitória e região. A ArcelorMittal Tubarão, siderúrgica do município vizinho de Serra que tem 10 000 funcionários diretos e indiretos, lançou um programa de estágios neste ano com 340 vagas para estudantes de nível superior e técnico. Recebeu 6 000 inscritos.
“Absorvemos até um terço dos estagiários no quadro fixo”, afirma Carlos Penha, gerente de recursos humanos da ArcelorMittal. Vitória cuida do capital humano desde a base. Nas 103 escolas municipais de ensino fundamental, todos os professores são graduados e 90% têm especialização.
A prefeitura e o governo do estado começaram a implantar um projeto de escolas em tempo integral em parceria com a ONG Espírito Santo em Ação, formada por empresários. A meta para 2030 é elevar dos atuais 9,7 para 14 a média de anos de estudo da população.
“Queremos que o investidor tenha segurança de que encontrará profissionais bons aqui”, diz Leonardo Krohling, secretário municipal de Turismo, Trabalho e Renda. “Para isso, é preciso preparar as pessoas desde cedo.” Os resultados das iniciativas já aparecem. Em 2002, Vitória representava 0,5% do produto interno bruto do país e, dez anos depois, subiu para 0,65%.
Com 352 000 habitantes, ostenta o maior PIB per capita entre as capitais. Das 100 maiores empresas do estado, um terço está ali. “Vitória concentra as atividades de maior valor agregado, especialmente no setor de serviços”, diz José Eduardo Faria de Azevedo, secretário de Desenvolvimento do Espírito Santo. Vitória entendeu que boa educação se traduz na atração de bons negócios.