Novo patamar: a expectativa é que Michel Temer, caso assuma, monte um ministério mais qualificado do que o atual (ASCOM/VPR)
Da Redação
Publicado em 4 de maio de 2016 às 18h14.
São Paulo — Nada vai ser fácil neste governo de Michel Temer, que em breve estará aí, caso a Constituição brasileira seja cumprida e a presidente Dilma Rousseff se transforme, como ela mesma disse, em carta fora do baralho.
Se existe um superávit indiscutível no Brasil de hoje, é o dos prognósticos de dificuldades para os novos gerentes — eis aí algo que temos em plena abundância, ao contrário de produção, crescimento, emprego, arrecadação, investimento e tudo o mais que deveria haver e não há. Isso dito, a pergunta é: e as dificuldades de hoje, apontadas na frase anterior? Por acaso seriam menores?
Nada vai ser fácil, claro, e qualquer cidadão de razoável bom senso sabe muito bem disso, mas nada está sendo fácil com Dilma e o sistema integral de calamidades criado por ela na vida econômica e política do Brasil. E aí está, justamente, a primeira vantagem de um novo governo: vai parar de piorar. É pouco, pensam os mais exigentes ou os mais cansados da obsessão da presidente em governar mal.
Mas a verdade, na esfera das realidades práticas, é que o simples fato de interromper a hemorragia já ajuda muito. É mais ou menos como na clássica providência que tem de ser tomada, antes de qualquer outra, com o jogador que perdeu o controle e está se arruinando cada vez mais depressa na mesa da roleta: a primeira coisa a fazer é tirar o sujeito dali, pois assim fica garantido que ele vai parar de perder.
Depois se vê como fica — mas ninguém discute que perder 100 é melhor do que perder 200. Eis aí, precisamente, o nosso caso. O potencial destrutivo da presidente Dilma, como comprovam todos os fatos à disposição do público, vai gerar efeitos até seu derradeiro minuto de permanência no Palácio do Planalto.
Basta ver as ações de que foi capaz ao longo dos últimos dias, como se não bastasse a imensidão de desatinos dos últimos anos. Parar com isso, portanto, é um ganho real — e quanto mais cedo melhor.
Para entender a coisa de maneira mais clara, é só lembrar que o próprio ex-presidente Lula e o próprio PT já deixaram suficientemente definido que Dilma teria de renunciar ao exercício efetivo da Presidência se por acaso conseguisse escapar do impeachment — ficaria no Palácio do Planalto, pois é necessário haver um presidente oficial, mas deixaria de governar.
É mais do que compreensível: nem Lula nem o partido iriam se conformar em ficar simplesmente olhando a paisagem, durante os próximos dois anos e meio, e aceitar que Dilma destruísse o futuro político de todos. O ex-presidente, com certeza, tem outros problemas sérios para resolver, a começar pelas investigações da Operação Lava-Jato — que, a propósito, não vão parar, com Dilma ou sem Dilma.
Mas também sabe perfeitamente, com ou sem Lava-Jato, que sua carreira estaria morta se ela continuasse governando o país. Quanto à atuação concreta, em si, do anunciado governo de Michel Temer, a experiência aconselha o mais eloquente silêncio em matéria de previsões. Prognóstico, aí, só depois dos fatos — e, ainda assim, com prudência.
Algumas realidades, em todo caso, já estão desenhadas; o mercado tem tomado nota delas, e os sinais que emite são positivos. É pouco provável, por exemplo, que a política externa insana dos governos Lula-Dilma continue como está, prejudicando diretamente os interesses nacionais do Brasil em favor das Venezuelas e Bolívias da vida.
Há possibilidades de que o governo consiga investir sem gastar o dinheiro que o Tesouro não tem, gerando atividade econômica, empregos e arrecadação com concessões de obras públicas — algo que é simplesmente impossível enquanto Dilma e o PT estiverem mandando.
É de esperar, por um mínimo de lógica, que Michel Temer e seus ministros não queiram nem ouvir falar a palavra “pedalada”. Pode haver ministros ruins, mas é preciso um esforço sobre-humano de imaginação para achar que o novo presidente tenha a capacidade de montar um ministério de nulidades tão excepcionais como todos esses que Dilma arrumou. É o que temos no momento.