Lucas Vargas, presidente do Grupo Zap: empresa avaliada em 700 milhões de dólares (Germano Lüders/Exame)
Da Redação
Publicado em 20 de agosto de 2018 às 17h09.
Última atualização em 20 de agosto de 2018 às 19h26.
Quando cunhou o termo “Unicórnio”, há cinco anos, a investidora americana Aileen Lee referia-se às empresas de base tecnológica que alcançassem um valor de mercado de 1 bilhão de dólares. Hoje, segundo a consultoria CB Insights, há 258 startups de 1 bilhão de dólares no mundo. Mas são tantos os detalhes metodológicos que, embora os especialistas digam que o Brasil tem três empresas nessa condição — o Nubank (serviços financeiros), a 99 (aplicativo de transporte) e a PagSeguro (meio de pagamento eletrônico) —, apenas a primeira é mencionada na lista.
“Para se tornarem unicórnios, os negócios precisam encontrar um modelo que permita captar clientes por um custo baixo e que possa ser replicado em larga escala”, diz Pedro Englert, presidente da StartSe, uma plataforma voltada para startups. Não é à toa que ainda sejam raros. Nas próximas páginas, EXAME apresenta algumas das empresas brasileiras que ascenderam ao status de unicórnio — ou que estão a caminho de entrar nesse seleto clube.
SETOR: Serviços
O que hoje é o Grupo Zap começou em 2001 como Planeta Imóvel, um dos primeiros sites de classificados de imóveis do Brasil. A empresa é o resultado da fusão do Zap — como foi rebatizado o Planeta Imóvel há dez anos — com o Viva Real, site de mesmo modelo nascido na Colômbia em 2009. Avaliado em cerca de 700 milhões de dólares na época da operação, fechada no fim do ano passado, o grupo expandiu as atividades para além dos anúncios. “Tiramos proveito da crise, quando o mercado imobiliário ficou parado, para entrar em outros segmentos”, diz Lucas Vargas (foto), presidente da empresa. Um dos novos nichos em que o Zap está apostando são softwares de gestão para imobiliárias e incorporadoras.
SETOR: Indústria digital
Com dois sócios e três investidores, o carioca Marco DeMello (foto) fundou em 2011 a Psafe, empresa especializada em aplicativos de segurança para celulares. “Havia uma oportunidade evidente. Os brasileiros são muitos e gostam de se comunicar, o que prenunciava o crescimento do mercado de smartphones”, diz DeMello. Os aplicativos da Psafe já são usados por 15 milhões de pessoas aqui e por 5 milhões nos Estados Unidos. Avaliada em 1 bilhão de reais na última rodada de investimentos que recebeu, em 2015, a Psafe abriu há dois anos um escritório no Vale do Silício.
SETOR: Financeiro
Tudo começou com um cartão de crédito sem anuidade, acompanhado pelos usuários por meio de um aplicativo no celular. Depois vieram um programa de fidelidade e uma conta digital. Em quatro anos, o Nubank foi do zero a 4 milhões de clientes e alcançou um valor estimado em mais de 2 bilhões de dólares. A fintech — empresa de tecnologia focada em serviços financeiros — deu certo, em grande parte, porque foi criada no Brasil. “Como há poucos bancos, os juros e as tarifas são altos e o atendimento deixa a desejar, os brasileiros estavam prontos para abraçar novas alternativas”, diz o colombiano David Vélez (foto), fundador do Nubank.
SETOR: Indústria digital
Há 20 anos, desenvolver serviços via SMS era o suprassumo da inovação. Era o que a Movile fazia quando foi criada pelo baiano Fabricio Bloisi (foto) e por um sócio. Com o tempo — e os aportes de 350 milhões de dólares que recebeu de investidores —, a Movile tornou-se uma das mais conhecidas empresas de aplicativos para smartphones do Brasil. Nos últimos quatro anos, comprou ou investiu em 40 empresas. Entre elas o aplicativo de entrega de refeição iFood, que recebe mais de 6 milhões de pedidos por mês, e o PlayKids, que oferece conteúdo infantil em mais de 30 países. “Não queremos ser um unicórnio. Queremos dez unicórnios em nosso portfólio”, diz Bloisi.
SETOR: Serviços
Quando o catarinense Jaime de Paula (foto) fazia doutorado, no início dos anos 2000, a expressão big data era desconhecida no Brasil. O engenheiro descobriu do que se tratava durante uma viagem aos Estados Unidos — e, de volta ao Brasil, fundou a Neoway, companhia de inteligência de mercado que usa o big data para desenvolver análises para clientes. A Neoway já recebeu três rodadas de investimentos. Na última, seu valor de mercado foi estimado em 435 milhões de dólares. De Paula traçou o próximo passo:
“O plano é abrir o capital na Nasdaq ou na bolsa de Nova York em 2019”.