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Visão Global | Um revés para Erdogan

Eleições municipais na Turquia marcaram revés para presidente Tayyip Erdogan, que vem governando com mão de ferro desde tentativa de golpe militar em 2016

Recep Tayyip Erdogan, presidente da Turquia: seu partido perdeu o controle das três cidades mais importantes do país nas eleições municipais  (Mehmet Ali Ozcan/Anadolu Agency/AFP)

Recep Tayyip Erdogan, presidente da Turquia: seu partido perdeu o controle das três cidades mais importantes do país nas eleições municipais (Mehmet Ali Ozcan/Anadolu Agency/AFP)

Gabriela Ruic

Gabriela Ruic

Publicado em 4 de julho de 2019 às 05h08.

Última atualização em 8 de julho de 2019 às 15h13.

TURQUIA

As recentes eleições municipais na Turquia marcaram um revés para o presidente Recep Tayyip Erdogan, que vem governando com mão de ferro desde que foi alvo de um golpe militar fracassado em 2016. Ao perder a disputa pela prefeitura de Istambul, a maior cidade do país, no fim de março, Erdogan e seu partido AKP exigiram a realização de uma nova eleição, alegando irregularidades.

O candidato da oposição, Ekrem Imamoglu, havia vencido o governista Binali Yildirim por uma diferença de 14.000 votos. Erdogan foi atendido e houve um novo pleito em junho. Mas o resultado foi ainda mais desfavorável: Imamoglu venceu com vantagem de 700.000 votos. Pela primeira vez em 25 anos, a cidade deixa de ser administrada por aliados de Erdogan. O presidente ainda sofreu derrotas em Ancara, capital do país, e Esmirna, importante polo industrial. As três cidades representam 46% do produto interno bruto turco, de 851 bilhões de dólares. Erdogan uma vez disse que, se perdesse Istambul, perderia a Turquia. A mensagem das urnas não poderia ser mais clara.


Robô-garçom: mais produtividade, mais desigualdade de renda | China Stringer Network/Reuters

AUTOMAÇÃO

20 MILHÕES DE VAGAS EM RISCO

A ascensão dos robôs na força de trabalho saiu das páginas da ficção científica para a realidade de fábricas. Até 2030, estima-se que 20 milhões de postos de trabalho humanos vão desaparecer e dar lugar aos robôs, 70% deles na China. A constatação é de um estudo da consultoria britânica Oxford Economics, que mostrou que a robotização pode gerar mais produtividade e crescimento econômico, mas também pode elevar a desigualdade de renda, o que é um dilema para os governos. Uma solução, segundo a Oxford, seria usar os ganhos para preparar para o futuro os trabalhadores mais vulneráveis.


Protesto de estudantes em Nova York: um endividamento trilionário | Cem Ozdel/Anadolu Agency/Getty Images

ESTADOS UNIDOS

GRADUADOS E ENDIVIDADOS

O endividamento estudantil nos Estados Unidos bateu recorde em 2019, atingindo 1,5 trilhão de dólares, e tornou-se a principal dívida das famílias americanas depois das despesas com habitação. Estima-se que 40 milhões de americanos tenham feito um financiamento para bancar a faculdade e que 10% dessas pessoas estejam com o pagamento atrasado. Pior: 60% dos que detêm uma dívida estudantil só vão quitá-la aos 40 anos.

Em um estudo recente, o Fed (o Banco Central americano) afirma que o endividamento tem sido uma barreira para os americanos comprarem uma casa própria. Não à toa, o tema será um dos mais quentes da corrida presidencial em 2020, sobretudo no Partido Democrata (leia mais na pág. 64). Aliviar as dívidas estudantis já faz parte das propostas de pré-candidatos, como o senador Bernie Sanders e a senadora Elizabeth Warren. Enquanto isso, cresce o número de especialistas que alertam para os riscos. Jerome Powell, presidente do Fed, diz que, se continuar a crescer, esse endividamento machucará a economia americana, que completará dez anos de expansão em julho, o período mais longo já registrado.

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