Revista Exame

CPFL dará um alívio na conta de luz para a saúde pública

A concessionária CPFL investe R$ 150 milhões em programa de eficiência energética para atender 200 hospitais públicos em São Paulo e no Rio Grande do Sul

Gustavo Estrella, presidente da CPFL Energia: redução de até 50% na conta de luz de hospitais públicos  (Germano Lüders/Exame)

Gustavo Estrella, presidente da CPFL Energia: redução de até 50% na conta de luz de hospitais públicos (Germano Lüders/Exame)

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Da Redação

Publicado em 7 de novembro de 2019 às 05h20.

Última atualização em 7 de novembro de 2019 às 10h05.

Nos próximos três anos, 200 hospitais públicos e instituições filantrópicas dos estados de São Paulo e Rio Grande do Sul vão ganhar um alívio na conta de luz. A concessionária de energia CPFL dará continuidade a seu programa de eficiência energética e investirá 150 milhões de reais para trocar a infraestrutura de iluminação das unidades de saúde e, em alguns casos, instalar usinas de geração solar para o consumo próprio dos prédios. Essas ações devem reduzir de 30% a 50% a conta de luz desses hospitais.

“Com o programa CPFL nos Hospitais, a companhia quer colocar sua experiência em projetos de eficiência energética a serviço da comunidade, ampliando o impacto nas cidades em que atua”, diz Gustavo Estrella, presidente da CPFL Energia.

Mais de 96% da energia elétrica distribuída pela empresa, controlada desde 2017 pela chinesa State Grid, vem de fontes renováveis, e a ideia é ampliar a questão da sustentabilidade para a saúde pública, uma área que, em geral, tem sistemas de iluminação antigos e gasta muito com a conta de luz — os valores que poderiam ser direcionados ao atendimento de pacientes do sistema público de saúde. “Escolhemos as lâmpadas de LED e a energia solar porque são matrizes sustentáveis e com baixo custo de manutenção”, diz Felipe Zaia, gerente de eficiência energética da CPFL.

Os hospitais são selecionados pela relevância em sua área de atuação e ficam responsáveis pela manutenção dos equipamentos. Nos últimos dois anos, a CPFL já atuou em 42 unidades de saúde, realizando a substituição de 120 mil lâmpadas convencionais por LED, a instalação de sistemas solares em 24 locais e a troca de 85 bombas e motores. A economia anual com essas medidas chega a 16 700 megawatts-hora, o correspondente ao consumo de 7.000 residências. Além disso, evita-se a emissão de 1.235 toneladas de CO2.

Se o programa de eficiência energética apresenta resultados palpáveis — até 2018, a CPFL investiu quase 68 milhões de reais em 44 projetos —, a empresa ainda tem o desafio de ampliar o alcance de suas iniciativas. Até o fim deste ano, a CPFL deverá divulgar suas metas para os próximos cinco anos. Um dos objetivos é engajar mais a cadeia de fornecedores.

“As práticas internas já estão enraizadas, mas, ao olharmos para toda a cadeia, ainda vemos pontos de melhoria”, diz Rafaele Lebani, gerente de sustentabilidade da CPFL. Há dois anos, a empresa criou uma equipe para monitorar os fornecedores. “Acompanhamos de perto questões como emissões de gases causadores do efeito estufa e respeito à legislação trabalhista”, afirma Lebani.


DE OLHO NAS SOLUÇÕES INOVADORAS. AS DE AGORA E AS DO FUTURO

A AES Tietê tem investido em projetos de startups para otimização energética — e no treinamento em escolas técnicas para incentivar mais ideias no futuro | Suzana Liskauskas

Com nove usinas hidrelétricas e três pequenas centrais hidrelétricas no estado de São Paulo, além de um complexo eólico e dois solares, a AES Tietê tem uma capacidade instalada de geração de 3.348 megawatts, cerca de 2% do total do país, que chegou a 161.526 MW em 2018. Num setor crucial em termos de impacto ambiental, a empresa vem desde 2016 aumentando seus ativos renováveis, como energia eólica e solar.

“Em 2016, decidimos repaginar o futuro da empresa”, diz Ítalo Freitas, presidente da AES Tietê. “Começamos a crescer com foco em energia renovável. Revisamos as diretrizes de sustentabilidade, atendendo aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da agenda da Organização das Nações Unidas mais adequados ao nosso negócio.”

Além disso, Freitas decidiu “inovar na questão da sustentabilidade”. Ele foi ver projetos com uso de inteligência artificial, blockchain e internet das coisas nos Estados Unidos, no Reino Unido e na Austrália, e voltou com o propósito de identificar projetos inovadores de startups para o setor elétrico. Daí surgiu o Programa de Aceleração de Startups da AES Tietê, realizado em conjunto com a aceleradora Liga Ventures, com investimento total de 2,5 milhões de reais em duas fases. A segunda selecionou, em agosto, as startups MovE e Mitsidi.

O projeto da MovE conecta condutores de carros elétricos, donos de postos de combustível e empresas que vendem energia para dar impulso à mobilidade elétrica. A Mitsidi criou uma plataforma de diagnóstico automatizado para otimização energética de pequenos e médios consumidores. Cada empresa vai receber 750 mil reais. As aceleradas selecionadas na primeira fase foram a Dayback, com projeto de uma turbina eólica que gera mais eficiência em ambientes urbanos, e a Newatt, focada em coletar e analisar dados de consumo de energia.

A AES Tietê também criou, em 2017, o Projeto Pulsar, junto com a Impact Hub, para estimular estudantes e professores de escolas técnicas. Em 2018, o Pulsar formou 178 estudantes, de 14 a 18 anos, de cinco escolas em São Paulo (em Bauru, Lins, Moji-Guaçu, Moji-Mirim e Novo Horizonte). Neste ano, o projeto já deu formação a 24 alunos do Colégio Estadual de Igaporã, na Bahia, e está em andamento para 120 estudantes de escolas técnicas paulistas em Barra Bonita, Jaú e Ibitinga.

O Pulsar inclui oito oficinas de 2 horas e atividades sobre empreendedorismo e energia. Os critérios para a seleção das escolas técnicas levam em conta a região de interesse para a AES Tietê, os impactos social e regional, o volume de alunos, a disposição da direção e dos professores e o incentivo ao empreendedorismo.


FAZENDO O BEM COM MAIS EFICIÊNCIA ENERGÉTICA

Na concessionária Celesc, de Santa Aatarina, os programas para combater o desperdício de energia elétrica ajudam a melhorar a vida de pessoas de baixa renda | Lia Vasconcelos

Por lei, as distribuidoras de energia devem aplicar anualmente, no mínimo, 0,5% da receita líquida em iniciativas que tenham por objetivo combater o desperdício de energia elétrica. A Celesc, concessionária que leva energia a cerca de 3 milhões de consumidores em 264 municípios catarinenses, vem cumprindo à risca essa exigência, com destaque para os programas de caráter social. Um exemplo é o Energia do Bem, que beneficia famílias de baixa renda com a substituição de lâmpadas incandescentes por lâmpadas LED, mais econômicas, ou com a troca de refrigeradores antigos por modelos mais eficientes.

Em maio deste ano, a Celesc lançou mais uma etapa do Energia do Bem, envolvendo a instalação de sistemas de geração de energia solar em casas de clientes eletrodependentes — pessoas que, por motivo de saúde, dependem do uso de aparelhos respiratórios e climatizadores de ar 24 horas por dia. Para consumidores de baixa renda, o uso ininterrupto desses equipamentos faz com que a conta de luz pese bastante no orçamento. Nos próximos meses, a Celesc vai instalar placas fotovoltaicas nas casas de 145 clientes eletrodependentes, o que permitirá diminuir a conta mensal de luz em cerca de 25%.

Além do Energia do Bem, a Celesc tem outros programas de eficiência energética, como o Bônus Eficiente Linha Motores, que dá descontos a empresas que queiram substituir motores elétricos antigos por novos equipamentos com alto rendimento; o Bônus Eficiente Linha Eletrodomésticos, que dá desconto de 50% a consumidores na compra de eletrodomésticos antigos por modelos com o selo Procel de economia de energia; e o Banho de Energia, que instala na casa de clientes de baixa renda na serra catarinense um equipamento que permite aproveitar o calor do fogão a lenha para aquecer a água do chuveiro e das torneiras.

Outra área que tem recebido atenção da Celesc é a de pesquisa e desenvolvimento, que anda lado a lado com a eficiência energética — juntas, as duas áreas estão recebendo um investimento de 127 milhões de reais neste ano. Uma das pesquisas envolve o uso de nanotecnologia para criar um aditivo que será misturado aos óleos dos transformadores de baixa tensão para melhorar sua eficiência.

Outro projeto estuda o uso de inteligência artificial para aprimorar a inspeção de segurança no setor elétrico. “Esperamos que esse projeto ajude a diminuir os acidentes de trabalho e que a solução também chegue ao mercado, para que mais empresas se beneficiem da tecnologia”, diz Regina Schlickmann Luciano, assessora de responsabilidade social da Celesc.


MUITO ALÉM DE LEVAR LUZ ATÉ A PORTA DE CASA

A concessionária EDP aposta em carros elétricos e em energia solar para diversificar sua atuação e ampliar o uso de produtos mais sustentáveis | Michele Loureiro

A concessionária EDP, empresa portuguesa que leva energia elétrica a 8,8 milhões de brasileiros, atua em todos os segmentos do setor: geração, transmissão, distribuição e comercialização de energia. Mas ela quer mais: quer ser conhecida também como uma empresa que valoriza fontes sustentáveis de energia. Um exemplo foi a inauguração, em outubro, do maior corredor de postos de recarga de carros elétricos da América Latina, em um trecho de 430 quilômetros da Rodovia Presidente Dutra, que liga São Paulo ao Rio de Janeiro. “Queremos liderar o movimento de transição para uma economia de baixo carbono”, afirma Miguel Setas, presidente da EDP Brasil.

O projeto de corredor elétrico, em parceria com a montadora alemã BMW, exigiu um investimento de 1 milhão de reais para a instalação de seis equipamentos de recarga rápida em postos da rede Ipiranga. Cada veículo levará, em média, 25 minutos para conseguir 80% da carga. Nos primeiros meses de operação, não haverá cobrança de tarifa, mas a Aneel, agência reguladora do setor, aprovou recentemente normas que preveem a livre negociação dos preços de recarga.

Além de apostar no avanço dos veículos elétricos, a EDP tem mirado a energia solar — somente em 2019 está investindo 100 milhões de reais nessa frente. O objetivo é ajudar clientes a gerar a própria energia. “Esse é um conceito novo e está crescendo muito no Brasil”, diz Setas. Um dos principais projetos nessa área foi inaugurado em junho deste ano em Itacarambi, no norte de Minas Gerais.

Trata-se do maior complexo de energia solar implantado pela EDP, com o tamanho de 24 campos de futebol e capacidade de 8,3 megawatts-pico (medida de potência de células fotovoltaicas). O complexo é responsável por 100% do abastecimento energético do VillageMall, um shopping center da operadora Multiplan no Rio de Janeiro, e vai gerar uma economia anual de 5,5 milhões de reais.

Ao mesmo tempo que aposta em energia renovável, a EDP precisa lidar com o ônus de uma energia não tão limpa. Por isso, a empresa toca projetos como o aproveitamento de resíduos na usina termelétrica do Porto do Pecém, no Ceará. As cinzas resultantes do processo de geração de energia são transformadas em matéria-prima para a indústria de cimento, reduzindo 45% do volume de resíduos não perigosos enviados a aterros. “Sabemos que o carvão não é uma fonte de energia das mais limpas, mas foi necessário usá-lo quando o Brasil precisava aumentar a capacidade energética”, diz Setas. “Agora trabalhamos para tornar o processo mais eficiente e sustentável.”


UMA SEGUNDA VIDA PARA MATERIAIS QUE IRIAM PARA O LIXO

A italiana Enel incentiva o reaproveitamento de resíduos de suas unidades produtoras e distribuidoras de energia na geração de renda para as comunidades | Carlos Eduardo Henrique

Para uma empresa de energia, os projetos de sustentabilidade não precisam se restringir aos esforços de tornar a matriz energética de um país mais limpa ou a controlar emissões para cada quilowatt gerado. Podem estar voltados também para garantir que os clientes tenham capacidade de consumir a energia e para incentivar o ecossistema de trabalho na região em que opera.

A italiana Enel, maior empresa privada de geração e distribuição de energia do Brasil, tem buscado incentivar o empreendedorismo próximo dos locais em que produz energia. “Queremos ter um impacto efetivo na vida das sociedades onde trabalhamos”, afirma Nicola Cotugno, presidente da Enel no Brasil.

Um exemplo é a inclusão de comunidades carentes no conceito de economia circular. Resíduos de obras podem se transformar em matéria-prima para moradores do entorno que buscam trabalho e capacitação. A Enel tem reaproveitado materiais usados na rede elétrica, como isoladores, ferragens e tampas de medidores. Só com a reutilização de madeira e tampas de vidro, a companhia evitou o consumo de 25 toneladas de CO2 em 2018.

Nem sempre o trabalho resulta em produtos reciclados para ser utilizados pela própria Enel. Mais de 12 toneladas de cabos elétricos já foram encaminhadas para o que a empresa chama de “grupos produtivos”. Os integrantes desses grupos transformam o material em alças de bolsas e bijuterias, por exemplo. “Estamos presentes em comunidades que, em muitos casos, não possuem nenhuma fonte de renda”, diz Márcia Massotti, diretora de sustentabilidade da Enel.

A empresa busca inserir essas pessoas na economia. Durante a construção de uma usina, há um percentual mínimo de trabalhadores locais. Passado o pico das obras, a Enel incentiva a agricultura familiar e a capacitação desses grupos produtivos. Desde 2015, a iniciativa gerou uma renda de 3 milhões de reais para cerca de 9.000 pessoas. “Estamos buscando fechar acordos para inserir essas pessoas em cadeias de distribuição e aumentar a geração de renda”, diz Cotugno. “Materiais antes considerados lixo têm valor para nossa empresa e para a sociedade, e podem ter uma segunda vida.”

Outros programas da Enel buscam envolver as comunidades do entorno. É o caso de um projeto no interior do Piauí e da Bahia, onde a empresa gera energia solar. Como os painéis solares precisam ser constantemente limpos com água, a empresa desenvolve projetos para abastecer sua unidade de geração de energia e aproveita para construir cisternas que beneficiem as comunidades próximas.


RUMO À ECONOMIA DE BAIXO CARBONO

A francesa Engie trabalha para se desfazer de suas termelétricas a carvão no Brasil e amplia os investimentos em fontes de energia limpas | Lia Vasconcelos

No dia 28 de junho, a usina termelétrica Pampa Sul, no município gaúcho de Candiota, entrou em operação comercial após quatro anos de obras. Resultado de um investimento de mais de 2 bilhões de reais da francesa Engie, é um dos maiores empreendimentos da Região Sul nos últimos anos e tem capacidade instalada de 345 megawatts, gerando energia suficiente para atender 1,3 milhão de pessoas. Apesar da grandiosidade da obra, antes mesmo de ela ficar pronta a Engie começou a buscar um comprador para assumir a termelétrica.

Motivo: há três anos, o grupo francês de energia decidiu abandonar a geração a carvão como parte de sua estratégia global de transição para uma economia de baixo carbono. No Brasil, além da Pampa Sul, a Engie procura um comprador para o Complexo Termelétrico Jorge Lacerda, em Santa Catarina, capaz de gerar 857 megawatts. Nos últimos cinco anos, a Engie já desativou três usinas que utilizavam combustíveis fósseis. “Queremos chegar a zero carbono com a venda dos ativos a carvão”, diz Eduardo Sattamini, presidente da Engie no Brasil. “As políticas do grupo definem 2050 como data-limite para atingirmos esse objetivo, mas vamos antecipá-la muito aqui no Brasil.”

Por aqui, a Engie tem 61 usinas, com capacidade de geração de 10.211 megawatts, ou 6% do total gerado no Brasil. A empresa tem quase 90% da capacidade instalada proveniente de fontes renováveis: usinas hidrelétricas, eólicas, solares e biomassa. Para compensar a venda dos ativos de carvão, a companhia está investindo fortemente em energia eólica.

Entre os principais empreendimentos em curso estão os complexos eólicos de Campo Largo e de Umburanas, ambos na Bahia, que vão adicionar 687 megawatts de capacidade para a Engie. Os investimentos somam 3,5 bilhões de reais. Além disso, nos próximos cinco anos a companhia planeja investir de 200 milhões a 500 milhões de reais na geração de energia solar.

Em outra frente, a Engie, em consórcio com o fundo de pensão canadense CDPQ, adquiriu em junho o controle da Transportadora Associada de Gás, ex-subsidiária da Petrobras que tem uma malha de 4.500 quilômetros de gasodutos.

A transação, avaliada em 32 bilhões de reais, marcou a entrada da Engie no mercado de gás natural brasileiro. Segundo a Engie, a aquisição da TAG foi um movimento estratégico: o gás natural é um substituto menos poluente do que o carvão mineral e dá mais segurança à geração — a qualquer momento, é capaz de fornecer energia ao sistema, diferentemente das fontes eólicas e solar, que são intermitentes por depender de vento e sol.


OPORTUNIDADES PARA AS MULHERES EM UM SETOR DOMINADO POR HOMENS

Com a oferta de cursos de eletricidade só para mulheres, a Neoenergia espera atingir a equidade de gênero em sua força de trabalho nos próximos dez anos | Suzana Liskauskas

Desempregada desde 2015, a baiana Marcela Pereira dos Santos Teixeira, de 30 anos, casada e mãe de três filhos, era uma das 15.890 candidatas à admissão na Escola de Eletricistas Exclusiva para Mulheres, da Companhia de Eletricidade do Estado da Bahia (Coelba), distribuidora da Neoenergia, controlada pelo grupo espanhol Iberdrola.

O curso, com início previsto para novembro, oferece 100 vagas gratuitas. O objetivo é capacitar mulheres para desempenhar atividades relacionadas a instalações elétricas prediais e em redes de distribuição. “Não tive muitas oportunidades e venho de uma família muito carente”, diz Marcela. “Esse curso é minha chance de ter orgulho de mim mesma porque vou poder quebrar o preconceito que existe nessa área.”

Lançada em agosto deste ano, a Escola de Eletricistas Exclusiva para Mulheres da Coelba faz parte de um programa mais amplo de capacitação de eletricistas do grupo Neoenergia. Iniciado em 2017, o programa conta com 16 escolas de turmas mistas. O curso tem duração de quatro meses, com cerca de 596 horas de aulas.

Presente em 18 estados brasileiros na distribuição, geração, transmissão e venda de energia, a Neoenergia formou 677 eletricistas (homens e mulheres) de janeiro de 2018 a setembro de 2019. Desse total, 370 foram contratados pelas distribuidoras do grupo Coelba: Elektro, Companhia Energética de Pernambuco (Celpe) e Companhia Energética do Rio Grande do Norte.

De acordo com Solange Ribeiro, diretora presidente adjunta da Neoenergia, a expectativa é capacitar 2.200 eletricistas até 2020. As próximas turmas exclusivamente de mulheres serão abertas pela Celpe a partir de dezembro. A formação de eletricistas é uma das iniciativas da empresa para atingir a equidade de gênero até 2030. Também está em linha com o apoio aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, da ONU.

Além dos projetos relacionados a educação, inclusão social e cultura, a Neoenergia quer aumentar a conscientização em relação às questões de meio ambiente nas comunidades em que atua. Nessa área, Solange destaca o projeto Vale Luz, criado em 2007 para estimular moradores de bairros populares a separar o lixo. O material coletado vale descontos na conta de luz do morador. No primeiro semestre deste ano, o projeto arrecadou 400 toneladas de resíduos, gerando cerca de 124 mil reais em bonificações na conta de luz. “De 2012 a 2018, arrecadamos mais de 2.000 toneladas de resíduos, e cerca de 22 mil clientes foram beneficiados. Temos vários casos de 100% de desconto na conta de luz”, diz Solange.


A USINA ESTÁ EM PLENA PRODUÇÃO, MAS O TRABALHO NÃO TERMINOU

O consórcio que opera a usina hidrelétrica Teles Pires sabe que as ações para reduzir os impactos do empreendimento precisam ter continuidade | Lia Vasconcelos

Desde agosto de 2016, a usina hidrelétrica Teles Pires, localizada no rio de mesmo nome, na divisa dos estados do Pará e de Mato Grosso, opera com sua capacidade máxima. Com 1.820 megawatts de potência, atende cerca de 5 milhões de consumidores. A energia chega ao Sistema Interligado Nacional por meio de linhas de transmissão e subestações e é distribuída para todo o país.

O empreendimento é gerido pelo Consórcio Teles Pires Energia Eficiente, formado pela Neoenergia, do grupo espanhol Iberdrola, e pelas estatais Eletrosul e Furnas. O consórcio conquistou a concessão em um leilão realizado em 2010 e, no total, investiu cerca de 4 bilhões de reais nas obras. Embora a usina esteja em plena operação, os trabalhos para atenuar seus impactos estão longe de terminar.

A usina foi construída sob protestos e resistência de grupos ambientalistas. Um estudo realizado na época apontou que entre os danos previstos estavam a alteração do regime fluvial, a redução da cobertura vegetal, a perda de áreas produtivas e a alteração da estrutura fundiária. A obra chegou a ser embargada pelo Ministério Público Federal, por deixar debaixo d’água a cachoeira de Sete Quedas, tida como sagrada por algumas comunidades indígenas.

Para reduzir os impactos, foi criado um programa de preservação do patrimônio cultural, histórico e arqueológico que prevê diversas ações em Paranaíta, em Mato Grosso, e em Jacareacanga, no Pará, os dois municípios mais atingidos. As iniciativas incluíram a realização de oficinas para a população indígena e o resgate de quase 300 mil peças arqueológicas. Além disso, foi iniciada a revitalização do assentamento rural de São Pedro, em uma área de 350 quilômetros quadrados em Paranaíta. O projeto se desdobra em ações como a preservação das nascentes de água, o reflorestamento e o aumento da produção de leite para gerar renda para as 600 famílias que vivem na área.

O programa, iniciado em 2016 e previsto para ser concluído em 2020, recebeu um investimento de 8 milhões de reais. “Em pouco mais de dois anos, já temos bons resultados. O primeiro é a fixação de jovens no campo e o segundo é a formação de uma cooperativa rural para dar sustentabilidade às ações do projeto”, afirma Ivan Bichara Sobreira Neto, gerente de meio ambiente da Teles Pires.

Apesar dos inegáveis impactos ambientais e sociais, a Teles Pires é considerada uma das usinas mais eficientes do país, com um dos menores custos de produção de energia entre as hidrelétricas. Ela é do tipo fio d’água, que aproveita a força da correnteza dos rios para gerar energia, dispensando grandes reservatórios.

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