Revista Exame

Trabalho no metaverso?

Convenhamos: os últimos tempos não foram fáceis em vários aspectos, incluindo a carreira. Se você pudesse habitar outro cenário, não ficaria tentado a trocar de realidade? 

 (Svetlana Khoruzhaia/Getty Images)

(Svetlana Khoruzhaia/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 23 de março de 2022 às 15h00.

Entre as palavras mais comentadas nos últimos tempos, essa que inspirou o rebranding do Facebook com certeza é uma delas. Você, leitor, deve ter passado por inúmeros conteúdos com esse termo em destaque e, talvez, esteja até um pouco cansado do assunto. Então, calma, já adianto que este não é mais um texto para explicar o que é o tal do metaverso.

Também não escrevo para convencê-lo da urgência de sua empresa apostar nessa empreitada nem para dizer que o futuro e tudo de melhor que ele reserva está única e exclusivamente nessa nova vida virtual. Acho que ainda estamos descobrindo o significado dessa palavra e quais de suas promessas inovadoras vão se cumprir. 

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Minha intenção, portanto, é simples: refletir sobre a relação desse conceito com o universo do trabalho que tem sido desenhado nos últimos anos. E, sobre isso, lá vai uma primeira questão: será que o metaverso é a realidade alternativa que muitos buscam para a vida profissional?

Alternativa porque, convenhamos, os últimos tempos não foram nada fáceis em diversos aspectos — e um deles, certamente, foi a carreira. Com a pandemia, vimos uma série de consequências negativas nessa área: perda do emprego, corte de salários, estagnação profissional, sobrecarga de trabalho. Se você pudesse habitar outro cenário, longe de tudo isso, não ficaria tentado a trocar de realidade?

Felizmente, algumas organizações conseguiram proporcionar essa oportunidade de transformar um cenário ruim em algo melhor, ainda que isso não tenha acontecido exatamente no metaverso. Em 2021, o Grupo Cia de Talentos e a startup Bettha.com, por exemplo, trabalharam 86% mais vagas do que em 2020. Outro número do qual me orgulho é o da área de desenvolvimento da Cia de Talentos: foram capacitados 4.349 jovens e líderes de 46 grandes empresas. 

Mesmo assim, eu sei, há muito a fazer pelos talentos do nosso país. Seguimos nesse caminho!

Sei também que a proposta do metaverso não pode nem deve ser reduzida a uma fuga, não se trata necessariamente de uma negação do mundo físico para a criação de um universo digital paralelo. Na verdade, é até um pouco arriscado dizer neste momento o que é e o que não é o metaverso; afinal, até os mais entendidos do assunto ainda estão estudando e compreendendo melhor do que se trata. Como uma reportagem sobre o tema da revista de tecnologia Wired bem colocou: “Falar sobre o que significa ‘o metaverso’ é um pouco como ter uma discussão sobre o que significa ‘internet’ nos anos 1970”. Quem viveu aquela época deve se lembrar bem das conversas: muitas especulações, muitas apostas, mas poucas certezas.

Essa dinâmica faz parte da jornada da inovação.

Porém, independentemente da falta de consenso em torno do assunto, uma das coisas que me chamam a atenção a respeito do conceito é esse apelo de experimentar outra realidade. Faz sentido, visto que a experiência é cada vez mais valorizada no mundo dos negócios, desde a dos clientes (o customer experience) até a dos colaboradores (employee experience). 

Diante disso, algumas perguntas que me vêm à mente — eu avisei que minha intenção era propor várias reflexões sobre o tema — são:

• Em quais experiências digitais os colaboradores estariam interessados?

• De que forma uma experiência na realidade virtual pode complementar a jornada do funcionário no plano físico?

• Mergulhar em um cenário de trabalho digital criaria mais ou menos vínculos entre as pessoas?

Esta última questão é, para mim, uma das mais interessantes, porque tem a ver com um dilema vivido durante a pandemia. Apesar de termos tantos recursos digitais à disposição, ainda assim nos sentimos um tanto quanto solitários no modelo remoto.

Talvez por isso uma das conversas em torno da aplicação do metaverso no contexto do trabalho seja a de simular ambientes de interações sociais. A ideia de criar uma realidade virtual, mas que reproduza alguns aspectos da experiência no mundo físico. Por exemplo, uma sala de reunião digital que vá além do Zoom e consiga nos transportar para um ambiente onde, mesmos distantes, sintamos que estamos próximos. Um ambiente em que a tela se torne quase invisível e as trocas com os colegas da equipe lembrem aquelas de quando compartilhávamos a mesa de trabalho. 

Afinal, será que a evolução do anywhere office é o virtual office? Um escritório onde, apesar de fisicamente distantes, possamos nos encontrar, interagir e nos conectar para além do “vocês estão vendo a minha tela?”? Quem sabe… 

As dúvidas, vocês perceberam, são muitas. Para, então, chegar às respostas e construir essa realidade — ou, melhor dizendo, esse metaverso —, as empresas vão precisar de recursos como realidade virtual, realidade aumentada, inteligência artificial, 5G e por aí vai. Entre as muitas ferramentas necessárias, uma que não pode faltar são as perguntas. Afinal, é só a partir delas que conhecemos as pessoas que fazem o nosso negócio acontecer, suas dinâmicas, suas necessidades e, assim, o mundo que queremos criar. Seja no plano físico, seja no digital.  

(Arte/Exame)


(Publicidade/Divulgação)

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