(Beto Carrero World/Reprodução)
Mariana Desidério
Publicado em 11 de março de 2021 às 05h56.
O empresário Alexandre Murad, dono do Beto Carrero World, o maior parque temático da América Latina, está otimista. Mesmo atuando no setor de turismo, um dos mais afetados pela pandemia. Mesmo depois que a Disney, maior referência do segmento, anunciou a demissão de 32.000 pessoas depois de ter seus resultados afetados de forma brutal pela crise causada pela covid-19.
Para Murad, o fim da pandemia gerará uma grande demanda por passeios em família. E, quando isso acontecer, o Beto Carrero estará pronto para atender seu público. “As pessoas vão valorizar mais o convívio com a família, vão querer gastar mais tempo com elas mesmas. Assim que superarmos isso haverá uma euforia, uma alegria mundial. É só segurarmos mais um pouco”, afirma.
A confiança no futuro levou o parque a fazer seu maior investimento em áreas temáticas até agora, em comemoração ao seu aniversário de 30 anos. O Beto Carrero acaba de fechar uma parceria com a Hasbro, dona de marcas infantis como My Little Poney, Peppa Pig e PJ Masks, e prepara uma atração baseada em personagens da marca — as obras já estão em andamento. Também fechou acordo com um parceiro nacional, ainda não revelado.
A conexão com personagens infantis é parte importante do futuro do segmento, afirma Murad. “O que está movimentando nossa indústria é o conteúdo. Os parques estão mais conectados ao mundo do cinema. É menos montanha-russa e mais experiência”, diz. O Beto Carrero já tem atrações ligadas aos carrinhos Hot Wheels e aos personagens do filme Madagascar.
Até o momento de diversão chegar, o Beto Carrero trabalha para manter as portas abertas. O parque ampliou sua equipe em 2020 em cerca de 10%, a fim de dar conta das medidas sanitárias necessárias para a visitação. Depois de três meses com os portões totalmente fechados, agora o parque funciona com 25% da capacidade.
Os parques brasileiros ficaram, em média, oito meses fechados no ano passado, de acordo com a Adibra, associação do setor. E há os que permanecem fechados desde março de 2020. Com o recrudescimento do número de casos e mortes por covid-19, há o temor de que as unidades que abriram precisem fechar novamente. Por isso, a associação tem se articulado com outras entidades em busca de ajuda do governo federal.
Fundado em 1991, o Beto Carrero World tornou-se referência. “Eles têm excelência no que fazem”, afirma Vanessa Costa, presidente da Adibra. Instalado em Penha, em Santa Catarina, o parque foi idealizado por João Batista Sérgio Murad, que se encantou com a experiência oferecida pela Disney e quis criar algo semelhante no Brasil. O empreendedor passou a comprar terrenos na região de Penha, numa época em que a cidade decrescia. Trinta anos depois, o Beto Carrero ocupa só 10% de toda a área disponível, de 14 milhões de metros quadrados.
João Batista morreu em 2008, e hoje o negócio é tocado pelo filho, que diz querer passar o bastão para seus filhos quando chegar o momento. Ainda assim, é comum surgirem notícias sobre uma possível venda do parque. Alexandre Murad garante que não tem interesse em se desfazer do negócio e conta que um de seus passatempos preferidos é passear no parque durante a noite. “É um momento em que fico sozinho, lembro do meu pai, de quando aqui não tinha quase nada, e penso: ‘Isso é meu’.”