Terno ou costume? (Leandro Fonseca/Exame)
Daniel Salles
Publicado em 2 de maio de 2022 às 10h00.
Última atualização em 2 de maio de 2022 às 12h37.
Vestiu um paletó e a calça que lhe serve de par? Todo mundo vai dizer que você está trajando um terno — e não tem por que comprar briga com a fala informal. Só que o nome dessa dupla é costume. Um terno, na verdade, exige uma terceira peça, o colete. Cheio de personalidade, o acessório costuma elevar a autoestima de quem não está com o abdome em dia, além de conferir um ar mais formal ao conjunto. Não à toa, o terno — o verdadeiro, o verdadeiro! — é a escolha mais indicada para noivos, padrinhos e situações mais formais. Versátil, o costume nunca destoa, mas se sobressai melhor em eventos mais despojados.
O que saber antes de bater o martelo sobre o tecido de seu terno ou costume
→ 1 Risca-de-giz
Quer alongar o visual? Aposte nesta opção.Para fugir do caricato, opte por modelos com riscas menos marcadas.
→ 2 Chalk stripe
Versão mais discreta e descontraída do risca-de-giz, mantém as linhas verticais quase imperceptíveis.
→ 3 Olho de perdiz
Os pequenos pontos brancos, espalhados num tecido preto, dão a impressão de que o tecido é cinza.
→ 4 Príncipe de Gales
Clássico, não passa despercebido. É indicado para paletós com abotoamento simples ou duplo.
→ 5 Window pane
Linhas fininhas formam quadrados discretos, que não destoam de eventos diurnos e despojados.
→ 6 Espinha de peixe
A trama, que forma um discreto ziguezague, geralmente é feita de lã e na cor cinza.
Atentar para a quantidade deles no paletó é uma dica para achar o modelo mais indicado para seu corpo
Por que acertar na proporção (ou recorrer à alfaiataria sob medida) faz toda a diferença
Há quem diga que alguns homens não ficam bem de terno. Bobagem! Provavelmente, eles só estão usando modelos com proporções erradas. No passado, era comum ver sujeitos com ternos enormes, que pareciam ter vida própria — os seriados antigos estão aí para provar. Hoje, felizmente, virou consenso que os ternos não podem sambar.
A cartilha básica da alfaiataria prega que o comprimento do paletó deve estar dois dedos acima do polegar posicionado rente ao corpo, com os braços esticados. Já a barra da calça deve estar dois dedos acima do salto do sapato. Essa regra não precisa ser seguida à risca, é verdade. O importante é se certificar de que, ao dobrar as pernas, só uma parte das meias fique à mostra. Ombreiras largas? Só para sujeitos muito mirrados.
Todos esses detalhes podem ser ajustados durante a compra de um terno já pronto. Para evitar qualquer equívoco, o ideal é recorrer à alfaiataria sob medida, que entrega modelos “que não sambam” em cerca de 90 dias.
Com versões variadas, deve sempre acabar na junção do braço com a mão
Como dobrá-las sem comprometer a elegância
→ Passo 1
Vire e puxe de uma só vez o punho da camisa até acima da dobra do cotovelo.
→ Passo 2
Faça duas ou três dobras de baixo para cima com o tecido restante, até que a última dobra cubra o punho.
→ Passo 3
Finalize deixando as pontas do punho à mostra. Atenção: não funciona
com camisas muito justas.
FENDAS E BOLSOS
Saiba como dobrar o lenço que vai no bolso do paletó, o pocket square
Para se sobressair em meio a uma multidão de pessoas de terno ou costume, basta um simples acessório: o lenço que vai no bolso do paletó, o pocket square. É um detalhe que muda tudo, seja ele de seda, seja de algodão. Na hora de combinar, opte por tons contrastantes. Só não se esqueça de dobrá-lo corretamente.
→ Duas pontas
Popularizado pelo presidente americano John Kennedy, o modelo pede estampas e cores discretas — você não quer imitar o Rolando Lero.
→ Reto
Mais sofisticado e minimalista, remete aos anos 1960 e ao estilo discreto de James Bond, que jamais dispensa o acessório, sempre na cor branca.
O que diferencia um paletó de outro? Principalmente as fendas e os bolsos
As traças são velhas inimigas da elegância: como você, têm um fraco por bons ternos e costumes. Para conservá-los, abandone aqueles invólucros de plástico, que impedem a ventilação e levam você a esquecer o que há lá dentro. O ideal é recorrer a um bom e velho cabide de cedro, que, além de não deformar seu investimento, repele as traças. Um saquinho de lavanda também é bem-vindo. Mas deixe-o fora dos bolsos, para não deformá-los com o passar do tempo. Outra dica é não deixar de levar o terno ou o costume, de tempos em tempos, à lavanderia.
CALÇA E SAPATO
Chega de dúvidas na hora de combinar o costume com a meia e o sapato
1. Se estiver de pé, mantenha o paletó sempre abotoado — só o último botão fica aberto. Ao sentar, abra todos.
2. Evite carregar molho de chaves e carteira volumosa nos bolsos, seja da calça, seja do paletó, pois desconjuntam o todo.
3. Certifique-se, antes de sair de casa, de que dá para abotoar a peça sem contrair a barriga.
4. Leve periodicamente o conjunto à lavanderia, principalmente se você for do tipo que sua muito.
Conheça os principais tipos desse detalhe marcante dos paletós
→ 1 Lapela alta
Comum nos modelos tradicionais, atrai os olhares para a parte de cima. O único porém: achata um pouco o tronco.
→ 2 Lapela alongada
Funciona melhor em paletós mais ajustados e na companhia de gravatas estreitas. Sim, alonga um pouco o tronco.
→ 3 Lapela com pontas
Para quem gosta de se destacar, é a melhor escolha. As pontas fazem com que a lapela vire o foco das atenções.
CAMISA
Entenda as diferenças entre os tecidos das camisas
→ 1 Algodão
A qualidade do tecido, natural, está diretamente ligada ao conforto e à durabilidade das roupas.
→ 2 Cambraia
Sinônimo de camisas jeans, destaca-se pela boa maleabilidade, ótimo caimento e diversidade de lavagens.
→ 3 Linho
Leve, é um convite para situações festivas a céu aberto. Lembre-se que os amassados são parte do charme.
Escolha a padronagem que mais combina com seu estilo
→ 1 Quadriculado
Virou sinônimo dos executivos europeus. Os mais ousados combinam este padrão com gravatas estampadas.
→ 2 Listras
Quanto mais finas e discretas, mais sóbria e social é a camisa. Listras mais grossas pedem momentos de lazer.
→ 3 Maquinetado
A junção de tons suaves com o relevo desta padronagem envolvente confere uma textura extra.
→ 4 Espinha de peixe
Também chamado de falso liso, provoca um efeito cinético. Evite usar em chamadas de vídeo.
→ 5 Diagonal
Outro modelo que cria uma ilusão de ótica, com a vantagem de favorecer quem está fora de forma.
→ 6 Oxfordine
Sim, é uma opção que esquenta um pouco, embora menos do que padronagens similares, mais invernais.
Saiba qual é o mais indicado para cada tipo de gravata
GRAVATA
O passo a passo que sempre vale a pena consultar novamente
Nó simples
Ideal para gravatas fininhas, é o mais recomendado para golas básicas e curtas, O mais fácil de fazer e o mais indicado para quem está com pressa.
Nó duplo
Já domina o nó simples? O duplo fica ligeiramente torto e, obviamente, mais volumoso. Boa pedida para gravatas com pouca estrutura.
Nó Windsor
Confere um quê de poder graças à robustez. Seu par ideal é o colarinho italiano, cujas pontas são abertas.
Não são todas iguais
Errar na escolha da padronagem da gravata pode comprometer o look por completo
Mais do que um mero detalhe
Escolhida a padronagem da gravata, é preciso bater o martelo para o tecido certo
DRESS CODE
Acertar no dress code exigido em cada tipo de situação evita constrangimentos
Esporte
É sinônimo de evento casual, mas não tanto. Para começo de conversa, demanda uma calça jeans ou chino. Camiseta? Precisa ser camisa mesmo, que pode ser combinada com cardigã ou blazer. A gravata é opcional, até dispensável. Nos pés, sapatos.
Esporte fino
Também é chamado de traje de passeio. No caso de eventos diurnos, um blazer azul-marinho, calça chino cáqui e sapatos marrons dão conta do recado. Para situações noturnas,o ideal é apelar ao costume e à gravata.
Social
Terno ou costume com camisa, gravata e sapato. Eis o que este dress code, também conhecido como passeio completo, espera. Acessórios como lenço, relógio e abotoaduras vão ajudá-lo a se destacar entre os convidados.
Black Tie
Sim, você vai precisar de um smoking, de uma camisa específica para combinar com o traje e de gravata-borboleta. Se for seguir o que manda o figurino, precisará ainda de uma faixa para usar na cintura e de calça com cetim na lateral.
SAPATOS
O que difere um sapato do outro e quando é melhor usar cada um
1. Chukka Boot
Feita em couro ou camurça, tem cano médio e solado de madeira. Puro despojamento. Para passeios de verão.
2. Oxford
De amarrar, sem abas e com bico arredondado, é o mais formal de todos. Para casamentos e festas refinadas.
3. Mocassim
É o preferido para usar com a barra da calça mais curta e até com bermuda, sem meia. Para a beira da praia.
4. Monk strap
É aquele modelo com uma ou duas fivelas e com aba que cruza o peito do pé. Para encontros despojados.
5. Desert boot
Variação da chukka, tem solado de borracha crepe, ondulada e áspera. Para caminhadas no campo.
6. Brogue
Com versões mais formais e outras mais casuais, caracteriza-se pelos furinhos. Atende a situações diversas.
7. Chelsea boot
Eternizada pelos Beatles, este curinga carrega inconfundíveis elásticos laterais. Para happy hours e festas.
8. Derby
É um oxford repaginado, bem mais informal. Tem abas laterais soltas e bico arredondado. Para festas de amigos.
9. Bota Social
Com cano médio e corpo fino, combina com ternos e qualquer situação formal. Para eventos corporativos e premiações.
Sapatos mal conservados saltam aos olhos à distância. Modelos mais delicados não podem ser esquecidos no armário — deixe-os ao sol com alguma frequência — nem devem ser usados dois dias seguidos. A limpeza deve ser feita só com um pano úmido, nunca com água ou produto químico. Lustre-os com o material apropriado, mas só esporadicamente, quando o brilho do couro estiver comprometido — utilize uma escova com cerdas macias. Uma hidratação mensal também é recomendada. Um modelador, aquele acessório rígido colocado dentro dos calçados, ajuda a mantê-los com a forma original por muito mais tempo. Outra dica é sempre utilizar uma calçadeira, para não danificar a parte traseira dos sapatos. E olhe sempre por onde pisa, para evitar poças d’água, que danificam o couro, e outros obstáculos indesejáveis.