(Arte/Exame)
Da Redação
Publicado em 20 de dezembro de 2018 às 05h54.
Última atualização em 20 de dezembro de 2018 às 05h54.
Os carros elétricos ainda estão na primeira marcha no Brasil, mas há sinais de que podem engatar a segunda em 2019. Quatro montadoras vão vender automóveis 100% movidos a eletricidade no país: a francesa Renault, com o Zoe; a japonesa Nissan, com o Leaf; a americana GM, com o Bolt; e a chinesa JAC, com o E40. Os quatro modelos chegam ainda em dezembro e vão multiplicar a oferta de carros elétricos no país em 2019. Até então, o único automóvel desse tipo aqui era o BMW i3 — há outros híbridos, que também podem ser abastecidos com gasolina. Ainda que os preços sejam altos, como no restante do mundo, fica claro o interesse das montadoras em apostar no mercado elétrico no Brasil.
A frota nacional desses veículos ainda é pequena: em 2017, foram emplacados apenas 3.296 carros elétricos ou híbridos, segundo a Associação Brasileira do Veículo Elétrico. A expectativa é que o número de 2018 cresça 60%. Ainda é pouco se comparado ao de carros elétricos vendidos no exterior. Na China, que lidera o setor, foram vendidas 500.000 unidades de janeiro a agosto de 2018. A França quer que os carros elétricos correspondam a 20% do mercado até 2020. O Reino Unido, a 14%. A Alemanha e a Noruega, por sua vez, pretendem acabar com os veículos movidos a combustão até 2030. De todo modo, há interesse do consumidor brasileiro.
Uma pesquisa do Centro de Estudos de Energia da Fundação Getulio Vargas e da consultoria Accenture estima que as vendas de carros elétricos no Brasil alcancem 150.000 veículos por ano, e a frota chegue a atingir 5 milhões até 2030. Para isso acontecer, no entanto, será preciso diminuir os preços e os impostos. “Muitos países estão se esforçando para reduzir os custos dos carros elétricos, e o Brasil não ficará de fora dessa evolução. Isso gerará demanda, que deverá puxar os incentivos do governo”, diz -Andrea Cardoso, diretora executiva da Accenture para a área automotiva. Ainda pode demorar um pouco, mas o futuro é elétrico.
Os eletrônicos estão desaparecendo da sala de estar. Ou melhor, integrando-se cada vez mais ao ambiente. As TVs ficaram mais finas e quase sem bordas. Os alto-falantes e os roteadores Wi-Fi, mais discretos. E até mesmo objetos simples, como porta-retratos, já não são mais necessariamente meros itens de decoração. Do ponto de vista do design, fica claro que, hoje, muitos aparelhos são feitos para se “camuflar” no ambiente doméstico. E isso tem tudo a ver com outra tendência falada há anos: a da casa conectada. As vendas de aparelhos inteligentes dispararam nos últimos anos.
Uma análise da empresa de pesquisa de mercado Euromonitor estima que mais de 51 milhões de eletrodomésticos inteligentes (sem contar as TVs) foram vendidos no mundo todo só em 2018. O número deverá chegar perto de 100 milhões até 2023. Porém, não dá para dizer que os recursos oferecidos por eles sejam usados massivamente. “Para o usuário–padrão, esses aparelhos são muito complicados de instalar. As pessoas estão lidando melhor com essas tecnologias, mas ainda há uma enorme parcela de consumidores para a qual os equipamentos são difíceis de usar”, diz Werner Goertz, diretor sênior de pesquisas da consultoria americana Gartner.
Uma das formas de diminuir a resistência é facilitar a instalação e a configuração dos aparelhos, como tem feito a Amazon. A empresa lançou uma tecnologia chamada Wi-Fi Simple Setup, que faz com que novos aparelhos se conectem automaticamente à rede sem fio da casa. Outra forma é justamente integrar os aparelhos cada vez mais ao ambiente, para que seu uso se torne tão natural quanto acender uma lâmpada — seja tornando-os quase uma peça de decoração, seja, futuramente, integrando-os às paredes. A mesma Amazon já deu o primeiro passo nesse sentido ao investir na empresa californiana de casas pré-fabricadas Plant Prefab. Mas, por ora, o que veremos nas casas são eletrônicos cada vez mais discretos.
Após anos de glórias, as redes sociais começaram a dar sinais de cansaço. Entre as mais populares de hoje, a maior e mais importante delas, o Facebook, foi a que mais sofreu em 2018. Seu faturamento vai bem, obrigado. Só que escândalos de privacidade que cercaram a empresa de Mark Zuckerberg, como o caso da consultoria Cambridge Analytica, deixaram sua imagem bastante arranhada. O número de contas ativas cresceu pouco trimestre a trimestre e a atividade dos usuários chegou a diminuir.
Uma pesquisa do instituto americano Pew Research Center aponta que, nos Estados Unidos, maior mercado da empresa, 42% da população deixou de usar, pelo menos por um tempo, a rede social em algum momento nos últimos 12 meses. E o desligamento não é apenas a reação aos escândalos: as redes sociais parecem mesmo ter esgotado as pessoas. O próprio Facebook já admitiu, em pesquisa divulgada no final de 2017, que usar demais a plataforma pode fazer com que as pessoas se sintam mal. Um estudo da empresa americana de análise de mercado Origin reforça esse risco e aponta que, pelo menos entre a geração Z (nascidos de 1994 em diante), 41% dos usuários de redes sociais dizem que essas plataformas os deixam ansiosos, tristes ou deprimidos. Como resultado, 34% desses jovens admitiram ter abandonado de vez as redes sociais.
Outra pesquisa, do Instituto de Psiquiatria da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), estima que, em todo o mundo, 630 milhões de usuários do Facebook sejam dependentes ou abusem no uso de internet e redes sociais. Só no Brasil, o número pode chegar a 37 milhões. “Essas tecnologias passam um falso senso de pertencimento, sentido e ação”, diz Eduardo Guedes, autor do estudo e fundador do Instituto Delete, grupo da UFRJ especializado no chamado “detox digital”. “Mas isso não quer dizer que as pessoas precisem parar de postar no Facebook. As redes sociais só não podem ser uma fonte de prazer.”