Gilberto Gil em foto promocional: trajetória de 60 anos de carreira e 82 de vida em 2 horas de show (Divulgação/Divulgação)
Publicado em 24 de abril de 2025 às 06h00.
Para Einstein, o tempo é relativo. Para Newton, o tempo é absoluto. No cristianismo, o tempo é linear. Para Gilberto Gil, ele é o Rei — com letra maiúscula. Quando compôs a música Tempo Rei, em 1984, Gil propôs uma resposta à canção Oração ao Tempo, de Caetano Veloso. Enquanto a música de Caetano sugere que o tempo e o próprio criador desaparecerão, a letra de Gil expressa um desejo vago de permanência e transformação.
Talvez tenha sido por isso que o artista escolheu essa canção para batizar sua última turnê, iniciada em Salvador, no dia 15 de março, e que está passando por dez cidades brasileiras, além de datas confirmadas nos Estados Unidos e na Europa. Para marcar o compasso dessa celebração, a Rolex é o relógio oficial dos shows e faz a contagem das cerca de duas horas de espetáculo, uma viagem emocionante pela trajetória de 60 anos de carreira e 82 anos de vida.
Se o tempo é majestade para Gil, parar não faz parte de seus planos. “Quero continuar fazendo música em outro ritmo”, diz. Agora, os segundos do relógio parecem caminhar mais lentamente para um Gil que deseja estar mais próximo da família, em especial da filha Preta Gil, que enfrenta uma batalha contra o câncer. Ela, com toda a família, esteve presente na abertura da turnê, ao lado das 53.000 pessoas que lotaram a Fonte Nova.
Naquela noite, em meio a uma energia uníssona, parecia que o tempo, tão celebrado e questionado, simplesmente havia parado. E, se há algo que Gil nos ensina, é que, para quem vive de música e amor, o tempo não é pressa nem partida — é eternidade.
CINEMA
Cena do filme: recriação da batalha de Ramadi sem trilha sonora (Divulgação/Divulgação)
Alex Garland e Ray Mendoza recriam operação real do exército americano no Iraque | Luiza Vilela
A batalha de Ramadi está entre os episódios históricos mais lembrados da guerra do Iraque. No conflito, centenas de soldados americanos e iraquianos morreram — ou viram seus colegas morrer. Foi o caso do ex-fuzileiro SEAL Ray Mendoza, codiretor ao lado de Alex Garland (Guerra Civil) de Tempo de Guerra, nova produção da A24 que estreia nos cinemas em abril.
Com base na experiência de Mendoza e de seus colegas do SEAL, unidade de elite da Marinha, o filme recria um episódio do conflito de 2006 e se passa dentro de uma casa usada pelos membros do Exército americano para emboscada contra membros da Al-Qaeda. Quando os fuzileiros tentam evacuar o local, uma bomba iraquiana atinge um tanque de guerra americano, deixando dois feridos e dois mortos. O que deveria ser uma operação simples de resgate se torna um momento de muita tensão.
“Refizemos o local da mesma forma como Ray e Eliott [personagem do filme] se lembravam. Construímos uma casa inteira e uma rua só para o filme. A ideia de gravar num só lugar auxilia nessa sensação de claustrofobia, muito pelo posicionamento de câmera mais próximo dos atores e na mesma altura dos olhos deles”, contou Garland em entrevista à Casual EXAME.
Nos 25 dias de filmagem, diante de um roteiro sem trilha sonora e guiado somente pela comunicação entre os fuzileiros, o diretor acredita que a conversa com os verdadeiros soldados americanos — incluindo Mendoza — fez com que a versão final do longa ficasse mais factível com a realidade.
“O que muda deste para todos os outros filmes de guerra que já fiz é que eu sempre trabalhei com ficção. Ray e eu tentamos ao máximo recriar a verdadeira experiência que os fuzileiros tiveram naquele fatídico dia, da forma mais fiel possível à memória das pessoas que estiveram lá”, disse Garland.
Para Ray, a trajetória foi um misto de sentimentos, mas a ideia inicial do filme foi também homenagear um dos fuzileiros da época, Elliot Miller, interpretado por Cosmo Jarvis. “Minha presença ali foi para que o público conseguisse entender na prática como é estar em meio a um combate de guerra. Mas também fizemos esse filme em homenagem a Eliott, que não se lembra de quase nada daquele dia por causa dos ferimentos que sofreu.
LIVROS
O Novo Agora | Marcelo Rubens Paiva | Companhia das Letras | 79,90 reais (Companhia das Letras/Divulgação)
Pela publicação Ainda Estou Aqui, Marcelo Rubens Paiva trouxe a primeira estatueta do Oscar ao Brasil. Agora, o autor apresenta outro livro sobre suas memórias, O Novo Agora (Companhia das Letras). Com relatos de sua vida desde 2014, a obra traz narrativas focadas na paternidade, na convivência com os dois filhos, na experiência da pandemia e no impacto da ascensão da direita no Brasil. Lembranças familiares, principalmente sobre a relação com os pais, Eunice e Rubens Paiva, e reflexões sobre a infância do escritor são retomadas na publicação.
Como Salvar a Amazônia — Uma busca mortal por respostas, Dom Phillips e colaboradores | Companhia das Letras | 89,90 reais, À venda a partir de 27 de maio (Companhia das Letras/Divulgação)
A viagem do jornalista Dom Phillips ao vale do Javari, no extremo oeste do Amazonas, seria o tema do próximo livro do britânico. Com o assassinato de Phillips e do indigenista Bruno Pereira, em 2022, no destino, um grupo de amigos tomou para si a missão de dar continuidade ao livro Como Salvar a Amazônia (Companhia das Letras), que apresenta os desafios que as populações locais enfrentam para sobreviver em meio às dinâmicas políticas que operam na região, à pressão do agronegócioe à ameaça climática.
Neide Sá: Pina Contemporânea apresenta a primeira exposição individual da artista Neide Sá em uma instituição brasileira (Levi Fanan/Divulgação)
Originalmente construída para abrigar o Liceu de Artes e Ofícios no Parque da Luz, em 2025 a Pinacoteca de São Paulo comemora 120 anos. Com três prédios, a Pina Luz, a Pina Estação e, a mais recente, a Pina Contemporânea, a efeméride será comemorada com nove exposições ao longo do ano. No fim de maio, a Pina Contemporânea apresenta a mostra coletiva Pop Brasil, em celebração aos 60 anos das mostras Opinião 65
e Propostas 65, que introduziram os trabalhos de artistas como Hélio Oiticica e Antonio Dias. No mesmo mês, o edifício principal recebe a primeira exposição individual da artista Neide Sá em uma instituição brasileira.
→ Neide Sá | Pina Luz, Praça da Luz, 2, São Paulo, A partir de 21 de junho. Pop Brasil, Pina Contemporânea, avenida Tiradentes, 273, São Paulo, A partir de 31 de maio
FILME
22 de maio: dia de Santa Rita de Cássia e de Rita Lee (Divulgação/Divulgação)
O dia 22 de maio possui duas comemorações: o dia de Santa Rita de Cássia e o Dia de Rita Lee, que escolheu o dia da santa para ser seu “novo aniversário”. Neste ano, a data também será marcada pelo lançamento nos cinemas do documentário Ritas, com a última e inédita entrevista da artista. “Para os fãs é uma oportunidade de mergulhar, reviver, cantar e participar de momentos tão marcantes para a nossa cultura. A intimidade revelada por Rita na sua casa carrega referências, filosofias e emoções nunca vistas”, diz Oswaldo Santana, diretor do filme. No mesmo mês, a Max também apresenta Rita Lee: Mania de Você, outro documentário sobre a cantora paulistana. Nessa produção, a retrospectiva da artista possui ponto de partida de uma carta emocionante que deixou para seus três filhos e seu marido e parceiro musical, Roberto de Carvalho.
→ Ritas, direção de Oswaldo Santana. Nos cinemas, a partir de 22 de maio
→ Rita Lee: Mania De Você. Disponível na Max a partir de 8 de maio
Por Luiza Vilela
Ben Affleck retorna ao papel de Christian Wolff em O Contador 2, nove anos depois de protagonizar o herói autista | Luiza Vilela
Ben Affleck: missão de resgate de uma criança no México na continuação do filme (Amazon/MGM Studios/Divulgação)
Em 2016, a bilheteria nos cinemas tinha cara e gênero. Mais de 15 filmes de ação foram lançados naquele ano, em especial os de super-heróis. Foi a época de Deadpool, Doutor Estranho, Esquadrão Suicida, Batman Vs. Superman: A Origem da Justiça, entre outros. Capitão América: Guerra Civil foi a maior arrecadação do ano, de 1,15 bilhão de dólares. Enquanto o público se dividia entre o Capitão América e o Homem de Ferro, surgia um herói mais discreto. Era o personagem de Ben Affleck em O Contador, que ganha uma continuação em abril, nos cinemas.
Sob direção de Gavin O’Connor, o longa trouxe, em 2016, a história de Christian Wolff, um contador com habilidades especiais que trabalhava para algumas das organizações criminosas mais perigosas do mundo. A trama foi uma das pioneiras na retratação positiva do autismo, tanto nos auges da superdotação quanto nas dificuldades com interações sociais, e teve um reconhecimento carinhoso do público e da crítica. Agora, em 2025, Affleck retorna aos cinemas ao lado de Jon Bernthal, intérprete de Brax Wolff, o irmão de Chris Wolff, com a sequência do filme, O Contador 2, que traz discussões mais atuais para a tela.
“Acredito que gêneros são portas de entrada que oferecem familiaridade ao público, para que assuntos mais profundos possam ser abordados”, contou Affleck na única entrevista que fez para o Brasil, para a Casual EXAME. “Mas, no final das contas, o gênero em si é uma coisa vazia. Filmes de ação podem ser só bombas e explosões, o que muda é aonde você quer chegar usando isso. Para mim, o que é fundamentalmente interessante sobre O Contador 2 não são as coreografias de luta, mas a história de dois homens que se amam e se conectam, mesmo com a dificuldade social do meu personagem, que é uma pessoa solitária. Essa história, sim, é comovente e universal. Todo mundo tem momentos de solidão.”
A sequência do filme retoma parte do elenco do primeiro longa. O’Connor assume a direção mais uma vez. Chris e Brax Wolff precisam localizar e salvar uma criança contrabandeada no deserto entre os Estados Unidos e o México. A estreia do filme chega poucos meses após as deportações em massa do governo Trump, que já retirou mais de 1,5 milhão de pessoas do território americano.
Para Affleck, tanto a temática atual quanto a conexão entre os dois irmãos podem reforçar a importância da conexão humana, de se estar cercado de pessoas amadas. “Eu espero que o público veja quanto se expor um pouco pode ser positivo quando o assunto é amar as pessoas, demonstrar interesse no próximo, exercer a empatia, mesmo por aqueles que você não conhece. Esse é um filme muito sensível para mim, que explora uma porção de temas, mas em que se sobressai a relação bonita entre Chris e Brax. E, claro, tem cenas divertidas, tem explosões, tem luta e tem tiros. Mas a mensagem mais profunda é o que prevalece.”
COMPETIÇÃO
O Giro d’Italia Ride Like a Pro, em Campos do Jordão, tem origem em uma prova centenária criada pelo jornal La Gazzetta dello Sport | Daniel Salles
Giro d’Italia Ride Like a Pro: versão brasileira na Mantiqueira (Divulgação/Divulgação)
Conhecida pelas páginas cor-de-rosa, a La Gazzetta dello Sport, com sede em Milão, se consolidou como um dos principais jornais esportivos da Itália. Fundado em 1896, o periódico anunciou com uma manchete de página inteira, na edição de 7 de agosto de 1908, que organizaria a primeira edição do Giro d’Italia. A prova, cravava a publicação, “se tornaria um dos eventos mais importantes e populares do ciclismo internacional”.
Dito e feito. A primeira edição, em 13 de maio de 1909, começou às 2h53 na Piazza Loreto. Com oito etapas, cada uma delas com um vencedor diferente, a prova totalizou 2.447 quilômetros. O campeão do Giro d’Italia inaugural foi Luigi Ganna (1883-1957), que embolsou 18.900 liras. Na Bologna-Chieti, quatro ciclistas foram desclassificados. Também pudera: o quarteto pegou um trem durante a corrida.
Quando se deram conta do interesse despertado pela primeira edição da competição, que dura vários dias, os fabricantes de bikes pleitearam o prolongamento do circuito. Foi por isso que, em 1910, a prova subiu para 2.987 quilômetros, e o número de etapas aumentou para dez. Na edição de 1931, a La Gazzetta dello Sport instituiu aquele que se tornaria o principal símbolo da corrida, a maglia rosa (camiseta rosa), inspirada em suas páginas. A peça passou a ser usada só pelo primeiro colocado na classificação de cada prova.
Marcada para 27 de abril, a quarta edição do Giro d’Italia Ride Like a Pro no Brasil, em Campos do Jordão, é um dos inúmeros frutos da competição criada há mais de um século. Trata-se de uma versão competitiva e não competitiva da corrida de Milão. Seu objetivo é permitir que todo fã de ciclismo tenha a experiência de “pedalar como um profissional e viver o estilo italiano”.
A prova também ganhou edições em Xangai, na China; em Quito e em Cuenca, no Equador; em Zinacantepec, no México; em Tenerife, na Espanha; e na Flórida, nos Estados Unidos. A iniciativa faz parte de uma estratégia da RCS Sports, detentora da marca, que quer se conectar com fãs de ciclismo de estrada ao redor do mundo.
Com patrocínio master do BTG Pactual, a quarta edição da corrida em Campos do Jordão é dividida em três percursos. O menor, com 1.200 metros de altimetria, totaliza 54 quilômetros. O intermediário, com 1.800 metros de altimetria, chega a 85 quilômetros. E o mais extenso, com 2.350 metros de altimetria, soma 96 quilômetros.
CARRO
A Lexus utiliza três princípios japoneses para definir um conceito próprio de luxo | Ivan Padilla
O novo Lexus NX 450h+: atenção aos detalhes e ao bem-estar do condutor (Lexus/Divulgação)
Dirigir um carro da Lexus não é apenas uma experiência automotiva. A marca proporciona uma imersão na cultura japonesa, que pode ser traduzida em três conceitos. O primeiro é o chamado Takumi, uma abordagem artesanal aplicada aos detalhes. Isso inclui o uso de materiais de luxo, como madeira de alta qualidade e couro no interior, além de padrões de design complexos, como o motivo de dobradura de papel inspirado no origami usado nos painéis e assentos, como pode ser visto no novo NX 450h+.
Outro princípio é o Tazuna, um pensamento baseado no ser humano, inspirado no entendimento da comunicação entre o homem e o cavalo durante uma cavalgada. Na prática, isso se traduz em um design interno que favorece a comodidade do motorista. Os carros da Lexus trazem algo bastante prático para a condução, item raro em algumas outras marcas de luxo: botões.Os comandos são pensados para facilitar a experiência de condução.
Por fim, a palavra que melhor define a marca é Omotenashi, a tradicional hospitalidade japonesa. É a arte de receber bem, de encantar o hóspede pela entrega, pelo cuidado. Os carros da Lexus são projetados de dentro para fora. O que importa é o bem-estar máximo do condutor. Difícil pensar em luxo maior.
ESPORTE
Todo ano, e desde 1934, o Masters reforça o ar de exclusividade que cerca o Augusta National, nos Estados Unidos | Daniel Salles
Torneio Masters do Augusta: tradição cercada de mistérios (Simon Bruty/Augusta National/Getty Images)
Toda notícia que surge a respeito do Augusta National, no estado americano da Geórgia, ajuda a reforçar o ar de exclusividade que cerca esse que é tido como o clube de golfe mais fechado do planeta. No fim do ano passado, noticiou-se que Andy Jassy, CEO da Amazon, e Ed Bastian, CEO da Delta Air Lines, entraram para o seletíssimo rol de associados, assim como Sean McManus, ex-chairman da CBS Sports, e Eli -Manning, ex-quarterback do New York Giants.
Palco do Masters desde 1934, o torneio mais popular do circuito mundial de golfe, o Augusta National nem confirma nem nega essas adesões — nem sequer confirma se realmente tem cerca de 300 membros, como se especula. O que se sabe é que Bill Gates, Warren Buffett e Condoleezza Rice fazem parte do quadro de associados — a ex-secretária de estado dos EUA foi uma das primeiras mulheres a entrar para o clube, em 2012 — e que os membros são obrigados a usar, do portão para dentro, o célebre paletó verde que virou sinônimo da agremiação. A taxa de adesão estaria na faixa dos 250.000 dólares e a anuidade em torno de 10.000 dólares — sem indicação, ninguém vira sócio.
Patrocinado pela Rolex desde 1999, o Masters é uma porta de entrada para o incensado clube. Isso porque o campeão de cada edição é presenteado com o tal do paletó verde e convidado a retornar todos os anos, pelo resto da vida, para disputar o torneio novamente. Neste ano, em meados de abril, Rory McIlroy, da Irlanda do Norte, levou a melhor. O prêmio em dinheiro previsto para o vencedor, em 2025, é de 3,6 milhões de dólares. No ano passado, Scottie Scheffler sagrou-se campeão pela segunda vez.
Quem mais venceu o Masters foi o americano Jack Nicklaus — entre 1963 e 1986, ele faturou o paletó verde seis vezes. Tiger -Woods ganhou cinco vezes, entre 1997 e 2019. Na primeira vez, ele tinha 21 anos — ninguém mais jovem obteve a mesma façanha. Quando conquistou o quinto paletó, seis anos atrás, Woods estava com 43 anos — fazia 11 anos que ele não vencia nenhum campeonato dessa importância. Com a vitória, virou símbolo de resiliência e deu enorme visibilidade para a modalidade.
O Masters faz parte da PGA Tour, um dos circuitos de maior prestígio no universo do golfe. Criada em 2023 com investimento público da Arábia Saudita, a LIV Golf ambiciona dividir os holofotes com essa liga. A nova rival é formada por 13 times e 54 jogadores. A próxima etapa, na Cidade do México, começa no dia 25 deste mês.
Inaugurado em 1932, o Augusta National foi fundado por um golfista amador, Bobby Jones (1902-1971), e por Clifford Roberts (1894-1977), que atuava no mercado financeiro. Boa parte do frisson se deve a uma regra que soa cada vez mais arcaica: celulares são proibidos em todas as dependências, e inclusive durante o Masters. Laptops, tablets e drones também estão vetados. Tudo para as atenções se concentrarem no campo de 18 buracos. Desenvolvido nos anos 1990, um sistema subterrâneo formado por tubos e sopradores mecânicos ajuda a manter o gramado ventilado e sem água em excesso, além de imaculadamente verde, como não poderia deixar de ser.