Floresta Amazônica: a preservação alia um olhar de futuro a ganhos financeiros mais imediatos (Leandro Fonseca/Exame)
Diretor de redação da Exame
Publicado em 18 de junho de 2024 às 06h00.
O essencial é invisível aos olhos, como dizia Antoine de Saint-Exupéry. Num mundo tragado pelo urgente, manter o foco no longo prazo é um desafio crescente. Esta edição da EXAME tem o futuro como norte. Trazemos uma nova premiação anual -Melhores do ESG, com destaque para as empresas que se destacam por suas práticas ambientais, sociais e de governança em 15 setores da economia.
A empresa do ano, o Grupo Boticário, é um exemplo acabado do valor de uma estratégia de longo prazo. Criada em 1977, a companhia acelerou a expansão nos últimos anos sem deixar de lado o que seu fundador, Miguel Krigsner, chama de “essência”. “Nasce-mos para fazer negócios do jeito certo”, disse em entrevista ao diretor de redação Lucas Amorim e a Rodrigo -Caetano, editor de ESG responsável pelo especial junto com Renata Faber, diretora de ESG, e as repórteres Marina Filippe e Letícia Ozório. “Nossos trimestres têm 30 anos”, complementou -Artur Grynbaum, sócio da companhia. A preocupação com o longo prazo fez do Grupo Boticário a maior rede de franquias de beleza do mundo ao mesmo tempo que destina 1% de sua receita líquida para projetos sociais e ambientais, uma combinação natural para quem vê o mundo com os olhos abertos para o futuro.
Manter o foco no depois de amanhã é igualmente desafiador em outros campos. Uma entrevista com Juan Manuel Santos, ex-presidente da Colômbia, mostra como é necessário passar por cima de contratempos para fazer o que precisa ser feito. “Os líderes devem tomar decisões que sejam acertadas no longo prazo, mesmo que sejam impopulares no curto prazo”, afirmou. “Infelizmente, o pensamento de curto prazo impulsionado pelas próximas eleições nos impede- de tomar as ações necessárias.” Santos relembra os percalços que enfrentou num histórico acordo de paz com as Forças Armadas Revolucionárias, mas reflete também sobre os desafios climáticos, uma bomba-relógio que precisa ser desarmada.
No campo econômico, o embate entre curto e longo prazo é ainda mais urgente. A começar pelo rombo fiscal, como explicita o colunista Felipe Miranda. “Há mesmo algum compromisso público, ainda que mínimo, com a trajetória fiscal?”, questiona Miranda. De crise em crise, um plano de futuro para o país não aparece por cima da linha da arrebentação. Em um artigo nesta edição, Helder Barbalho, governador do Pará, junta os desafios ambientais e econômicos. Propõe investir em créditos de carbono como uma moeda social capaz de trazer bilhões de reais ao estado, uma ação para valorizar a preservação da Floresta Amazônica. “Sem o planeta, não há mais nada”, reforça Barbalho. Boa leitura!