Mariá Menezes Boaventura, da Sankhya: plataforma online mostra as vagas abertas e as competências para ocupá-las (Germano Lüders/Exame)
Repórter de Negócios
Publicado em 18 de outubro de 2024 às 06h00.
Comprar para crescer. Eis a estratégia da empresa mineira de tecnologia Sankhya para crescer no mercado de softwares de gestão, os ERPs, onde estão gigantes como Totvs e SAP. Desde 2020, quando recebeu um aporte de 425 milhões de reais do fundo soberano de Singapura, a Sankhya já comprou oito empresas. Há uma chance grande de mais um negócio ser fechado ainda neste ano. A cada aquisição, um novo desafio para o RH: integrar os times e fazer todo mundo falar a mesma língua. Em situações como essa, a tentação é extirpar o RH da empresa adquirida e substituí-lo pelo de quem compra. Assim, em teoria, implantar a mesma cultura organizacional fica mais fácil. A Sankhya foi pelo caminho inverso. “A decisão foi manter o RH de todas para preservar a essência das empresas adquiridas”, diz Mariá Menezes Boaventura, diretora de pessoas e cultura na Sankhya. “O que criamos foi um comitê de recursos humanos com reuniões periódicas entre os RHs das empresas nas quais falamos sobre nossa cultura, passamos os objetivos e a visão da Sankhya para trabalharmos juntos.”
Um ponto a unir interesses, muitas vezes diversos entre os negócios comprados pela Sankhya, é um plano estruturado de incentivos para o crescimento dos funcionários. “Era uma dor para nós, porque os funcionários entravam na companhia e não sabiam ao certo como crescer”, diz Boaventura. A resposta foi o Sankhya Journey, uma plataforma online com todas as oportunidades da empresa. Por ali, para além das vagas, o funcionário preenche testes para descobrir onde está mandando bem. Isso serve para ele entender se as suas habilidades estão em linha com os requisitos das vagas abertas. O sistema também dá respostas sobre as qualificações que faltam para o empregado conquistar as oportunidades.
Desde a abertura do Journey, há quatro anos, 35% das vagas abertas já são preenchidas com pessoas de alguma das empresas da Sankhya. Para avaliar o desempenho dessa turma toda, a empresa também tem rotinas de avaliação 360o do pessoal, bem como comitês de calibragem sobre as percepções da empresa em relação à performance de cada empregado. “O funcionário da Sankhya precisa ser uma pessoa que goste de aprender e de estudar, porque vai trabalhar com projetos e clientes de diversos setores, do varejo, da indústria e de serviços”, diz Boaventura. Por ali, há uma universidade corporativa com conteúdos em diferentes formatos, de textos a podcasts, para estimular o desenvolvimento pessoal. Funcionários bem avaliados podem fazer cursos fora da empresa e ter seus gastos reembolsados. Para líderes, há treinamentos desde como dar feedback até como conversar sobre um plano de carreira com o funcionário.
Existe outro comitê importante na companhia: o de diversidade. Há programas de estágio somente para mulheres, e mentorias internas para capacitar as funcionárias que já estão dentro da operação. A empresa tem como compromisso interno fazer com que 50% dos cargos de liderança sejam ocupados por mulheres. Hoje, são 42%. “Como a empresa está crescendo muito rápido, por exemplo, as mulheres voltavam da licença-maternidade ansiosas e perdidas”, afirma Boaventura. “Criamos um novo onboarding para elas ficarem menos preocupadas.”
Hoje a Sankhya tem cerca de 1.200 funcionários. Em 2024, deve faturar 600 milhões de reais. Se tudo sair como planejado, o primeiro bilhão virá no ano que vem. “Vamos chegar lá dando liberdade para nossos funcionários, para que eles inovem junto conosco”, diz Boaventura. “Queremos funcionários que não surfem na onda, mas que criem as ondas.”