Marcio Kumruian, da Netshoes: missão de atrair investidores para uma empresa que dá prejuízo (Germano Lüders/EXAME)
Da Redação
Publicado em 14 de fevereiro de 2014 às 17h20.
São Paulo - De olho num mercado que cresceu a uma média anual de 40% nos últimos dez anos, fundos estrangeiros têm investido centenas de milhões de dólares em empresas brasileiras de comércio eletrônico. Sites que vendem roupas, sapatos, móveis, artigos para bebês e até vinhos passaram a contar com sócios e recursos para crescer.
A maior dessa leva de empresas é a Netshoes, improvável loja de sapatos aberta em São Paulo há pouco mais de 13 anos por Marcio Kumruian e seu primo Hagop Chabab, descendentes de imigrantes armênios, e que hoje fatura 1 bilhão de reais vendendo artigos esportivos pela internet.
As vendas online estavam longe de ser o negócio principal da Netshoes no início: foram a maneira encontrada pelos primos para desovar o estoque. A estratégia deu tão certo que a empresa abandonou de vez a ideia de ter lojas em ruas e shoppings — e passou a crescer aos saltos. Em cinco anos, seu faturamento aumentou 40 vezes.
Em 2009, começou a atrair investidores: os fundos Tiger Global, Temasek, do governo de Singapura, Kaszek e Iconiq (que tem entre seus sócios Mark Zuckerberg, fundador do Facebook) têm hoje metade da empresa. O próximo passo da Netshoes, marcado para 2014, é tentar abrir o capital na Nasdaq, bolsa americana que reúne companhias de tecnologia.
A Netshoes contratou um grupo de bancos para estruturar a operação e precisa convencer os investidores estrangeiros que vale a pena colocar dinheiro numa varejista online que ganha mercado como ninguém, mas nunca deu lucro.
Companhias de comércio eletrônico, como a americana Amazon e a argentina MercadoLivre, abriram o capital na Nasdaq mesmo dando prejuízo, e suas ações fizeram a alegria dos investidores.
A operação da Netshoes será acompanhada com lupa por dezenas de empresas e investidores: se der certo, pode abrir caminho para varejistas online, como Dafiti, Wine.com, Bebê Store e tantas outras que também receberam recursos de fundos, também estão crescendo e também dão prejuízo.
Um IPO da Netshoes na Nasdaq será uma evidência de que o que se vê na internet brasileira hoje não é uma simples bolha fadada a estourar.