Egon Müller, à frente, e Rodrigo Malizia, da Cellar: referência agora no mercado brasileiro (Germano Lüders/Exame)
Gabriel Aguiar
Publicado em 23 de março de 2022 às 15h00.
Pode até ser que o consumidor esporádico não conheça o nome de Egon Müller. Mas entendidos sabem bem de quem se trata. Os vinhos com a assinatura do renomado produtor alemão estão entre os melhores do mundo e são bastante disputados no mercado. “Nossa safra de 2003 foi arrematada por 12.000 euros. Mas acredito que nossos clientes já venderam a preços mais altos. É que eu sou uma pessoa modesta”, diz Müller, sempre em tom baixo, descontraído.
O que torna as garrafas da vinícola Scharzhofberger tão valorizadas? São vinhos de uva riesling, produzidos na região do Mosel, ao noroeste da Alemanha, bem próximo a Luxemburgo e à França. Três rótulos do produtor receberam nota 100 na valorizada escala de Robert Parker. Para os especialistas — além do próprio Egon Müller —, o segredo está no equilíbrio entre açúcares e acidez, o que também se reflete no nível de álcool não tão elevado e no frescor. “Seus vinhos representam o que há de melhor na Alemanha”, afirma Rodrigo Malizia, CEO da Cellar Vinhos, que será representante do produtor no Brasil.
Mais que reputação, a produção também tem muita história: a propriedade pertence à família há mais de 220 anos e foi comprada em 1797, durante a Revolução Francesa, quando o novo regime vendeu as terras que pertenciam à Igreja, e as fronteiras entre França e Alemanha eram mais difusas. O vinhedo, considerado um dos melhores da Europa, surgiu muito antes disso, já que as plantações vêm desde a Idade Média, com os romanos.
“Poucos brasileiros se aprofundaram nos vinhos alemães. Só que quem gosta é apaixonado. Parte do nosso trabalho será desenvolver esse mercado, atraindo quem já conhece, mas também uma parte do público que não teve essa experiência. Por isso é tão importante trazer o melhor de todos, já que Egon Müller é considerado uma referência em todo o mundo”, diz Malizia.
Sete vinhos da produção da Scharzhofberger serão vendidos no mercado brasileiro — há outras três linhas, mais restritas, que são oferecidas apenas nos leilões internacionais. De acordo com o representante da vinícola, as primeiras garrafas devem chegar pouco depois da metade do ano, mas a estratégia de preços e o volume já serão definidos nas próximas semanas. A boa notícia: a opção mais em conta deve ficar bem abaixo dos rótulos recordistas, entre 300 e 400 reais.