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Prata no pódio: cresce o impacto da geração prateada na economia

No Brasil, a população idosa está crescendo e, até 2070, deve chegar a 75 milhões de pessoas. Com isso, a Economia Prateada se fortalece, movimentando trilhões e representando uma fatia crescente do PIB.

Trabalho no escritório: no Brasil, a geração prateada movimentou 1,8 trilhão de reais em 2024 (Skynesher/Getty Images)

Trabalho no escritório: no Brasil, a geração prateada movimentou 1,8 trilhão de reais em 2024 (Skynesher/Getty Images)

Ivan Padilla
Ivan Padilla

Editor de Casual e Especiais

Publicado em 12 de março de 2025 às 06h00.

Última atualização em 12 de março de 2025 às 10h01.

Em meados dos anos 1990, ou seja, há nem tanto tempo assim, a American Association of Retired Persons (AARP), a associação dos aposentados dos Estados Unidos, iniciou uma campanha contra o tratamento que a propaganda então dispensava aos idosos, associando-os a condições como lentidão de raciocínio, dificuldade de mobilidade e doen­ças em geral. A iniciativa provocou polêmica, mas deu resultado. As agências americanas passaram a treinar seus profissionais e a mudar a forma como retratavam as pessoas mais velhas em suas peças publicitárias.

Hoje, pelo menos parte das propagandas com pessoas mais velhas mostra alegria, disposição e sociabilidade, no lugar de solidão, reclusão, melancolia. Um marco foi uma campanha de uma marca de cerveja de alguns anos atrás chamada “Velhovens”, com “velhos jovens” jogando pebolim, pegando onda e dançando hip-hop. É uma forma muito mais respeitosa — e pragmática — de falar com um mercado produtivo e consumidor bastante significativo. E que só cresce.

No Brasil de 2070, os indivíduos com mais de 60 anos estarão por toda parte. Cerca de 75 milhões de habitantes terão idade acima dos 60, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) — mais do que o dobro dos 33 milhões de brasileiros hoje nessa faixa etária. Já em 2030, teremos mais idosos do que crianças e seremos a quinta população mais envelhecida do mundo pelas estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS).

Esse cenário coloca o país em papel de destaque na chamada Economia Prateada, termo para a soma de todas as atividades, serviços e produtos destinados a atender às necessidades das pessoas com mais de 60 anos, direta ou indiretamente, nos mais diversos setores, de saúde a moradia, de lazer a finanças.

Um levantamento recente da empresa de tecnologia Agetech mostrou que, por aqui, os prateados movimentaram 1,8 trilhão de reais em 2024, sendo responsáveis por 24% do consumo privado de bens e serviços no país. Em 20 anos, esse número deve chegar a 3,8 trilhões de reais, uma fatia de 35% do consumo.

“O peso da geração prateada na economia já é uma realidade. No Brasil, ela já contribui com 39% do PIB nacional”, diz Lívia Hollerbach,­ head de Inteligência de Dados e Comportamento do Data8, empresa especializada em estudos da economia da longevidade, em uma das reportagens desta edição que você tem em mãos. ­­Boa leitura. 



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