Centro de Biotecnologia da Amazônia, em Manaus: CNPJ do órgão ficou pronto só no ano passado, quando fez 13 anos (Divulgação/Suframa)
Da Redação
Publicado em 3 de outubro de 2016 às 05h56.
São Paulo – O Centro de Biotecnologia da Amazônia (CBA) é um instituto de pesquisas sobre a rica biodiversidade da Floresta Amazônica. Aberto pelo governo federal em 2002, o CBA já consumiu 65 milhões de reais, tem laboratórios equipados e uma ampla sede vizinha às indústrias da Zona Franca de Manaus.
Mas nunca cumpriu sua missão original: criar produtos como medicamentos, alimentos e cosméticos com os princípios ativos da Amazônia. Os problemas começaram antes da largada. Em 2000, o governo rompeu o convênio com a farmacêutica suíça Novartis, que deveria ser parceira nas pesquisas, sob o argumento de que a empresa faria biopirataria com a riqueza local (os suíços foram pesquisar em Singapura e esqueceram o projeto brasileiro).
Nas mãos da Suframa, superintendência da Zona Franca, cujo papel inclui planejar o desenvolvimento na região, o CBA sofreu com o despreparo do governo no fomento à inovação. Até 2015, o centro nem sequer tinha CNPJ, o registro na Receita Federal, e isso emperrava a venda da tecnologia criada ali e a contratação de funcionários — as pesquisas são feitas por bolsistas temporários.
Em junho do ano passado, o CBA passou a ser gerido também pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio e pelo Inmetro. O plano é abrir uma licitação para o centro ser administrado por uma organização social sem fins lucrativos a partir de 2017.
Até lá, as inovações — como o uso medicinal da embaúba, árvore comum na região — feitas pelos 64 pesquisadores bolsistas vão continuar sem aproveitamento comercial. Transformar o CBA num centro gerador de riqueza ainda vai demorar um pouco.