Revista Exame

Para a fundadora da Endeavor o caos é amigo do empreendedor

Momentos ruins criam oportunidades para empresários dispostos a arriscar, diz a presidente da Endeavor, organização que apoia a criação de novos negócios


	Linda Rottenberg: “O Brasil precisa de uma marca conhecida, que o represente no exterior”
 (Divulgação/Exame)

Linda Rottenberg: “O Brasil precisa de uma marca conhecida, que o represente no exterior” (Divulgação/Exame)

DR

Da Redação

Publicado em 7 de outubro de 2015 às 05h56.

São Paulo — Mentora do capitalismo e contadora de segredos são algumas das expressões usadas para descrever a americana Linda Rottenberg, presidente e uma das fundadoras da Endeavor, uma das maiores instituições voltadas para o empreendedorismo no mundo.

Presentes em 20 países, inclusive no Brasil, as empresas associadas à Endeavor faturam 8 bilhões de dólares e empregam mais de 400 000 pessoas. Antes de viajar para São Paulo para participar de um evento da empresa HSM, Linda deu a seguinte entrevista a EXAME.

Exame - Em suas palestras, a senhora diz que os bons empreendedores são loucos. Por quê?

Linda - Em 1997, quando tive a ideia de fundar uma organização para promover a criação de pequenos negócios, todo mundo começou a me chamar de louca. Em vez de me sentir ofendida, aceitei o apelido. Se ninguém o chama de louco, é porque você não está sonhando alto o suficiente.

Exame - O Brasil está passando por uma de suas piores recessões. A senhora acha que, com a piora do cenário, a criação de empresas vai diminuir?

Linda - Não. Acredito que a estabilidade é amiga do status quo. E o caos é amigo do empreendedor. Em momentos ruins, as empresas grandes congelam investimentos e, assim, deixam uma lacuna para pessoas dispostas a empreender.

Exame - Por que o Brasil vai tão mal em rankings que medem o ambiente de negócios?

Linda - Não gosto desses rankings. Eles não querem dizer muita coisa. Estou mais preocupada em saber se o Brasil tem histórias de sucesso que inspirem outros empreendedores, como é o caso de Jorge Paulo Lemann, um dos investidores da AB InBev, a maior fabricante de cervejas do mundo, e de várias outras empresas no Brasil e no mundo.

Exame - A senhora reconhece que há muitas barreiras para quem quer empreender no Brasil?

Linda - Aprendi que as maiores barreiras para o espírito empreendedor não são financeiras, estruturais ou culturais — são psicológicas. O maior desafio é estar preparado para assumir riscos e para, eventualmente, escutar que está louco por investir numa ideia pouco convencional. Se a pessoa estiver disposta a se livrar desse medo, nada irá impedi-la.

Exame - O que o governo poderia fazer para tornar a vida dos empreendedores brasileiros menos difícil?

Linda - Todos concordam que há muito para melhorar na questão tributária e na diminuição da burocracia. A melhoria da educação também cairia bem, porque, com o tempo, produziria um salto de qualidade na mão de obra.

Exame - Por que ainda não vimos nenhuma empresa apoiada pela Endeavor no Brasil tornar-se protagonista em seu setor de atuação?

Linda - Todas as empresas apoiadas por nós estão no caminho certo. Mas, sempre que tenho a oportunidade, pergunto para a equipe no Brasil: “Onde está o próximo Mercado Livre brasileiro? Quem é o Airbnb brasileiro?” O país precisa de uma marca conhecida, que o represente no exterior.

Exame - A senhora não acha que o país deveria se concentrar em áreas nas quais tem vantagens competitivas, como agricultura?

Linda - Não devemos escolher uma ou outra área. O Brasil tem condições para ter casos de sucesso nos mais diversos setores.

Acompanhe tudo sobre:Edição 1098EmpreendedoresEmpreendedorismoEndeavorEntrevistasPequenas empresasStartups

Mais de Revista Exame

Aprenda a receber convidados com muito estilo

"Conseguimos equilibrar sustentabilidade e preço", diz CEO da Riachuelo

Direto do forno: as novidades na cena gastronômica

A festa antes da festa: escolha os looks certos para o Réveillon