Walter Schalka, CEO da Suzano: a companhia quer retirar 200.000 pessoas da linha da pobreza (Leandro Fonseca/Exame)
Publicado em 14 de junho de 2023 às 06h00.
A fabricante de papel e celulose Suzano, liderada por Walter Schalka, acredita que a sustentabilidade está diretamente ligada à inovação nos negócios. Por isso, em abril, a companhia uniu as áreas de tecnologia, desenvolvimento e sustentabilidade. E segue com uma diretoria dedicada aos temas ESG. “Operamos 2,6 milhões de hectares no Brasil, e 40% são áreas de conservação. No último ano, registramos recorde no desempenho operacional em 99 anos de empresa: houve uma geração de caixa operacional no quarto trimestre de 6,5 bilhões de reais, contribuindo para o recorde anual de 22,6 bilhões de reais. O montante é 20% acima do reportado em 2021. Isso demonstra como a sustentabilidade e os outros temas de ESG estão intrínsecos a tudo o que fazemos”, diz Marcela Porto, diretora de comunicação e marca da Suzano.
Um dos compromissos da companhia é produzir 10 milhões de toneladas de itens de origem renovável até 2030. Até o momento, foram disponibilizadas 77.000 toneladas de produtos como copos e canudos, por exemplo. Outra meta é remover 40 milhões de toneladas de CO2 da atmosfera, antecipada de 2030 para 2025. Já na esfera social, a meta mais ambiciosa é retirar 200.000 pessoas da linha da pobreza até 2030 em áreas nas quais a Suzano opera. Desde 2020, quando a intenção foi comunicada, a Suzano já impactou 30.000 pessoas. “O importante da ação é não fazer algo temporário. As pessoas precisam sair da linha da pobreza e não voltar a ela depois”, afirma Porto.
A Suzano trabalha para a até 2025 umentar em 40% o Índice de Desenvolvimento em Educação Básica (Ideb) dos municípios prioritários da operação. “Impactamos cerca de 200.000 alunos da rede pública com apoio aos educadores, profissionais de saúde e assistência social. Os municípios participantes têm ações que fortalecem a proteção social para garantir que a criança esteja na escola e que a família esteja envolvida em seu aprendizado.”
Internamente, a Suzano tem práticas para aumentar a diversidade e a inclusão de grupos socialmente minorizados. O objetivo é ter 30% de mulheres e 30% de pessoas negras em cargos de liderança (gerentes funcionais e acima) até 2025; e garantir um ambiente 100% inclusivo para pessoas LGBTQIA+.
Outro destaque da companhia é o trabalho das práticas ESG também com outras empresas. Exemplo disso é a iniciativa Biomas, uma empresa de preservação florestal apresentada na COP27 e criada em parceria com Vale, Marfrig, Itaú Unibanco, Santander e Rabobank. A Biomas espera alcançar 4 milhões de hectares de matas nativas protegidas no Brasil em até duas décadas.
A companhia também segue investindo em inovação, a exemplo da Ecolig, celulose e hemicelulose de origem renovável. O insumo pode ser usado como antioxidante e na produção de correias transportadoras, solados de borracha, itens para reforma de pneus e outros produtos de borracha.
Marina Filippe
A transparência e a gestão são destaques da fabricante de papel e celulose Klabin. Exemplo disso é a evolução de 17 pontos em governança no Índice Dow Jones de Sustentabilidade entre 2020 e 2022, e a atualização constante de um site, lançado em 2021, com informações das práticas ESG da companhia. Segundo Francisco Razzolini, diretor de tecnologia industrial, inovação, sustentabilidade e projetos da Klabin, isso se dá devido ao acompanhamento do tema pelo conselho, liderança e toda a operação.
“Temos uma operação que requer auditorias, licenciamentos ambientais e índices de sustentabilidade robustos. Assim, as práticas ESG são responsabilidade de todos”, diz. O executivo comenta ainda que, na melhoria dos processos, foi executada uma investigação do cumprimento dos direitos humanos em todas as áreas de negócios da Klabin. Uma novidade relacionada às pessoas são as metas vinculadas aos compromissos ESG. “Criamos dimensões ESG que geram um sistema de pontuação para todos os executivos da empresa.”
O mapeamento de emissões evoluiu. “Não tínhamos um mapeamento tão detalhado de todos os fornecedores e clientes, mas a partir deste ano estamos submetendo as metas do escopo 3 no Science Based Targets (SBTi) e ampliando o acompanhamento”, diz Razzolini. Já foram mapeados os fornecedores e os clientes responsáveis por mais de 90% das emissões de escopo 3.
Marina Filippe
A indústria de base florestal, mais especificamente a de papel e celulose, tem um desafio ambiental relevante. E a Irani, uma das mais relevantes do setor, conta com uma estrutura organizacional bastante robusta para lidar com a temática. A companhia tem uma área técnica de sustentabilidade, comitê de ESG e um núcleo de sustentabilidade — no qual funcionários podem discutir os pilares da sustentabilidade a fim de propor melhorias ou sugestões aos diretores executivos.
Sérgio Ribas, CEO da Irani, explica que um foco importante da atuação da empresa é a preocupação com o tratamento de efluentes e uso da água, um passo fundamental para a produção de papel. Ribas explica que, além da plantação de celulose, a companhia conta com um braço responsável pela extração de resinas. “Nós somos a única empresa do mundo que tem essas florestas certificadas de extração pelo FSC”, comenta Ribas. O executivo explica que as metas são definidas por décadas, e pensando no pilar social. Alguns dos objetivos são 40% de mulheres no quadro da empresa e 50% de mulheres nos cargos de liderança. Entre as ações que se destacam nos últimos anos, Ribas destaca duas: a reciclagem das aparas de papel e das embalagens, que alcançou 70% do material nos últimos anos, e a frente de reciclagem de plástico, evitando que o material vá para aterros e tenha seu ciclo de vida estendido.
Fernanda Bastos