(Catarina Bessell/Exame)
Empresário
Publicado em 23 de janeiro de 2025 às 06h00.
Última atualização em 23 de janeiro de 2025 às 10h41.
Nos últimos anos, os vinhos sustentáveis conquistaram consumidores que buscam uma abordagem sem impacto negativo ao meio ambiente. Com essa nova tendência, surgiram três palavras para caracterizar esses rótulos: “orgânicos”, “biodinâmicos” e “naturais”. Esses três tipos, apesar de parecerem similares, possuem particularidades distintas.
Os vinhos orgânicos são elaborados a partir de uvas cultivadas sem o uso de pesticidas, herbicidas, fertilizantes químicos ou organismos geneticamente modificados, seguindo práticas que minimizam o impacto ambiental. Além disso, na vinificação, o uso de aditivos artificiais, como sulfitos e leveduras químicas, é minimizado ou mesmo excluído. O cultivo orgânico das uvas envolve práticas agrícolas sustentáveis, que buscam manter a saúde do solo, da água e da biodiversidade, promovendo a fertilidade natural e respeitando o meio ambiente. No Brasil, a certificação Orgânico Brasil, regulamentada pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), garante que a produção do vinho siga rigorosos padrões ambientais.
Diferentes dos vinhos convencionais e até dos orgânicos, os vinhos biodinâmicos vão além, incorporando práticas da agricultura biodinâmica, que considera o vinhedo um organismo autossustentável, influenciado por ciclos naturais, como as fases da Lua e do Sol. Os vinhedos biodinâmicos utilizam preparações específicas, como compostos feitos de plantas, minerais e até esterco, que são aplicados de forma a nutrir o solo e ativar microrganismos essenciais. Ao evitar o uso de produtos químicos sintéticos e adotar técnicas de compostagem, cobertura de solo e rotação de culturas, a prática biodinâmica visa revitalizar o solo e fortalecer a resistência natural das plantas. No Brasil, a certificação para vinhos biodinâmicos é regulamentada pela Demeter Brasil, uma organização que atua como certificadora oficial de práticas biodinâmicas no país.
Por sua vez, os vinhos naturais são aqueles que buscam uma intervenção mínima na vinificação; não utilizam produtos químicos sintéticos, aditivos ou conservantes e, muitas vezes, não passam por filtragem ou clarificação. Os produtores buscam manter a pureza da uva e do terroir, deixando que a fermentação ocorra de maneira espontânea, com leveduras nativas. A elaboração de vinhos naturais está fortemente associada a práticas de cultivo orgânicas ou biodinâmicas, priorizando a saúde do solo e a biodiversidade das vinhas. Diferentemente de outros países, como a França e a Itália, que possuem organizações específicas para certificar vinhos naturais, no Brasil não existe uma certificação oficial para esse tipo de vinho. No entanto, os vinhos naturais podem ser classificados e reconhecidos com base em algumas práticas e alguns padrões relacionados à produção orgânica e à biodinâmica.
Essa busca por vinhos sustentáveis atrai tanto novos apreciadores quanto conhecedores, especialmente as gerações mais jovens, que valorizam a transparência e a sustentabilidade na produção. Há países, como os nórdicos, que já estabeleceram leis para que uma porcentagem das gôndolas tenha apenas vinhos orgânicos, biodinâmicos ou naturais. A tendência de consumo desses vinhos aponta para um crescimento contínuo nos próximos anos, impulsionado pela demanda por produtos mais saudáveis e sustentáveis.