A bebida escolhida por Alê D’Agostino: bitter, vermute bianco e água tônica (SimpleImages/Getty Images)
Julia Storch
Publicado em 16 de dezembro de 2021 às 05h36.
Última atualização em 18 de janeiro de 2022 às 15h23.
O verão passado já foi movimentado, com guarda-sóis enfileirados nas praias e nos hotéis lotados, ainda que com capacidade reduzida. Tudo sinal do esgotamento da paciência com a pandemia. Neste ano, a não ser por alguma surpresa trazida pela variante ômicron, tudo indica uma temporada ainda mais quente. Por ora, pelo menos no Brasil, estamos mais perto de 2019 do que de 2020 — e o retrato deste momento poderá ser visto nas areias do nosso litoral a partir de dezembro.
A nostalgia dará o tom da mais festiva das estações. “Passamos esses dois anos muito focados em outras épocas, com resgate de memórias afetivas”, afirma Ricardo Moreno, diretor da plataforma de conteúdo The Summer Hunter. “Veremos muitas referências aos anos 1980, uma pegada colorida.” Ele aponta ainda novidades da estação, como o pagotrap na música, cogumelos e tacos na gastronomia e vinhos em lata. Nas páginas a seguir selecionamos o que deve ser tendência nos próximos meses. Aproveite e lembre-se: a máscara facial é tão necessária quanto o filtro solar.
O que uma bebida precisa ter para ser eleita a musa do próximo verão? Para o bartender Alê D’Agostino, dono da marca de drinques engarrafados APTK Spirits, é necessário trazer frescor, leveza, equilíbrio e complexidade. “Existe uma tendência que aponta para drinques mais leves, mas saindo das bebidas cheias de frutas”, diz. “Sugiro um drinque que chamo de Leonard [em homenagem a Leonard Cohen, músico canadense]. Leva vermute, bitter e água tônica.” Como fazer: em um copo cheio de gelo, sirva 15 ml de bitter Amaro Scarlatti ou Campari, 45 ml de vermute bianco e complete com água tônica. Decore com uma casca de laranja.
Perca o preconceito. Vinhos e drinques em lata chegaram para ficar. Em agosto, a Ambev criou uma unidade para cuidar das marcas que não são de cerveja. Entre elas estão os drinques prontos Isla e Mike’s e os vinhos em lata Somm e Blasfemia. “Não há diferença no sabor e no aroma do vinho em lata para o vinho engarrafado. A bebida que entra na lata é a mesma que iria para a garrafa”, diz o sommelier Diego Arrebola. Para Hugo Magalhães, diretor de marketing na América do Sul da multinacional de latas de alumínio Ball Corporation, três motivos explicam a bossa do consumo em lata: compromisso com sustentabilidade, transporte facilitado e mais liberdade nas ocasiões de consumo.
Pescados sazonais | ORIGEM
Alameda das Algarobas, 74, Salvador, Bahia
http://www.restauranteorigem.com.br
“O conceito do restaurante é mostrar a Bahia além do dendê”, explica o chef soteropolitano Fabrício Lemos, que junto com a chef-pâtisserière Lisiane Arouca comanda o Origem, em Salvador. A Baía de Todos-os-Santos é a inspiração para os menus criativos que colocam pescadas, catadas e moluscos em destaque. O cardápio é montado diariamente priorizando a sazonalidade e o frescor dos ingredientes locais. A degustação tem 15 etapas, com direito a shot de boas-vindas feito com cachaça de Ilhéus e fruta da estação. Apresentações com carnes, peixes de água doce e salgada e duas sobremesas, uma doce e uma cítrica, compõem a experiência.
Tacos com vieiras | METZI
Rua João Moura, 861, Pinheiros, São Paulo
http://www.metzi.com.br
Para além dos conhecidos Tex-Mex, os tacos mexicanos estão adentrando os cardápios de restaurantes diversos e ganhando outra cara. No Metzi, casa localizada em São Paulo, eles são servidos em versões mais leves e refrescantes, acompanhados por vieiras, por exemplo. “Servimos as tostadas e os acompanhamentos, e o cliente monta o taco como quiser”, explica a chef Luana Sabino.
Cogumelos da casa | QUINCHO
Rua Mourato Coelho, 1.447,
Vila Madalena, São Paulo
http://www.instagram.com/quincho.sp
Colher cogumelos para a própria refeição está ficando mais comum do que você imagina. No Fasano Angra dos Reis, por exemplo, os hóspedes podem ir até a mata para ter essa experiência. No Quincho, restaurante da chef Mari Sciotti, descrito por ela como “uma cozinha de vegetais”, os fungos têm destaque parecido. Entre as mesas e as cadeiras do salão, Sciotti criou uma estufa de vidro onde cultiva os cogumelos que vão nos pratos. Tem espaço para os mais comuns, como shitake e shimeji, e para os menos usuais, como o chestnut e o lions mane. Um dos carros-chefe da casa? Estrogonofe de cogumelos defumados servido com arroz e palha de raízes.
Não é de hoje que André Cintra, CEO da Amend, se equilibra nas pranchas. Enquanto está em temperaturas negativas, desce montanhas no snowboard, modalidade que já competiu nas paralimpíadas da Rússia e da Coreia do Sul. Já em climas tropicais, prefere o kitesurf, esporte que pratica desde 2002. A primeira pipa ganhou de um amigo, que trouxe da Inglaterra. Na época aprendeu a se equilibrar por conta própria. “Mesmo com as próteses feitas por mim [Cintra perdeu a perna direita em um acidente de moto em 1997], fui a duas escolas diferentes. Os professores não queriam me ensinar, mas coloquei na cabeça que aprenderia.” O empresário já acumula passagens por diversas praias e lagoas pelo Brasil e pelo mundo. Aos iniciantes, Cintra recomenda a prática em lagoas e rios. “No mar, as ondas atrapalham quem está começando.”
Cintra aponta cinco praias para o kite
→ Paracuru (CE)
“Com muitas ondas, bom para quem está em um nível avançado”
→ Barra do Cunhaú, Canguaretama (RN)
“Onde há o encontro do rio com o mar, legal para iniciantes”
→ Praia da Barra, Rio de Janeiro (RJ)
“Um lugar clássico do kitesurfe no Brasil”
→ Ponta das Canas, Ilhabela (SP)
“Sempre foi um local difícil por causa do vento e das pedras, mas hoje possui estrutura”
→ Praia do Campeche, Florianópolis (SC)
“Minha praia preferida, tem uma condição muito boa de vento”
Existem diversas opções de protetor solar no mercado, mas não quando se trata de produtos clean beauty. Para este verão, a Quintal Dermocosméticos lançou o protetor solar Quintal Mineralis. Vegano, 99,9% natural e ecocertificado, o produto ainda tem ação antioxidante com extrato de urucum e FPS 50+ a partir de filtros físicos. Ainda no segmento de beleza limpa, a Care Natural Beauty acaba de lançar o Skindrops Filler. Com efeito lifting visível em 30 dias, o produto estimula o preenchimento de rugas finas, hidrata e promove a elasticidade e a firmeza da pele. Desenvolvida junto com o dermatologista Luiz Peres, é a primeira linha de fillers criada com compostos naturais, de maneira responsável e sustentável. “Todos os ativos estão em concentração elevada na formulação”, afirma.
Biquíni de crochê I Preço: 349 reais
Símbolo de decoração de casa de avó, o crochê ganhou seu devido destaque no design nacional ao chegar às passarelas da 52a edição da SPFW. Com uma equipe de 12 crocheteiras, o Ateliê Mão de Mãe apresentou 40 peças de beachwear e alfaiataria. Moradores de Salvador, Vinicius Santanna, fundador e diretor criativo, e Patrick Fortuna, diretor criativo de projetos, falam sobre a inspiração da marca. “As pessoas continuam não tendo cuidado com o meio ambiente. Decidimos criar uma coleção inspirada no fundo do mar, que falasse sobre os cantos e os ritmos do mar do candomblé, que é a nossa religião, e que também trouxesse uma reflexão em relação aos resíduos deixados no fundo do mar”, conta Santanna. As mãos que batizam o nome da marca são de Luciene, mãe de Vinicius. A artesã é quem faz o design das peças e dá o tom da paleta de cores das coleções. “Mesmo sendo uma marca de beachwear, queremos mostrar que o crochê pode ser usado em qualquer ocasião”, diz Santanna.
Shorts retrô I Preço: 648 reais
Entre a sunga e o bermudão de surfe, os shorts têm prevalecido como tendência de roupa de banho masculina. A Barthelemy concilia o caimento e a sofisticação da alfaiataria clássica à modernidade dos melhores tecidos. A praticidade é inegável — a mesma peça pode ser usada na praia, na piscina e em ocasiões como um drinque ou um almoço prolongado. A paleta remete às cores da água, do céu e dos elementos naturais da Ilha de St. Barths, no Caribe — daí o nome da marca. As peças são lisas ou trazem microestampas.
Make nostalgia
Com as máscaras cobrindo as bocas, a pandemia intensificou as maquiagens para os olhos. As referências são variadas: o movimento Flower Power e as maquiagens mais ornamentadas dos anos 1960, a paleta de cores mais divertida dos anos 1980 e as cores frias dos anos 2000. Assim, a tendência para 2022 são delineadores coloridos em aplicações descomplicadas, segundo Kátia Araújo, artista nacional da MAC Cosmetics Brasil. “A make para os olhos será como um acessório, com aplicação de cristais, pérolas e glitter com partículas maiores. Tons metalizados, como o prateado, e tons de azul, revisitados dos anos 2000, serão ótimas apostas”, diz.