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Laboratório Cristália ganha valor ao ser diferente

Na contramão de concorrentes que investem em genéricos, o laboratório aposta em inovações para nichos de mercado

Ogari Pacheco, presidente do conselho-diretor do Laboratório Cristália: aposta na produção própria dos insumos | Germano Lüders (Germano Lüders/Exame)

Ogari Pacheco, presidente do conselho-diretor do Laboratório Cristália: aposta na produção própria dos insumos | Germano Lüders (Germano Lüders/Exame)

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Da Redação

Publicado em 16 de agosto de 2018 às 11h20.

Última atualização em 16 de agosto de 2018 às 19h39.

Desde 1999, quando uma lei federal regulamentou a fabricação e a comercialização de medicamentos genéricos, o setor farmacêutico no Brasil iniciou uma transformação. Diversos laboratórios, nacionais e estrangeiros, investiram na fabricação de fórmulas desenvolvidas por outras empresas e muitos obtiveram sucesso com essa receita, apesar da intensa competição e da baixa rentabilidade no segmento. Em direção oposta seguiu o laboratório Cristália, com sede em Itapira, no interior de São Paulo. A empresa preferiu apostar em inovações para nichos de mercado e na produção de princípios ativos. Neste ano, atingiu 53% de insumos farmacológicos próprios — algo inédito no Brasil, que importa 90% dessas matérias-primas.

Isso dá ao Cristália flexibilidade para lançar produtos muitas vezes difíceis de obter no mercado internacional.
Para acelerar suas inovações, a empresa criou um conselho científico com 12 integrantes. Em 2004, lançou sua primeira inovação importante, um anestésico que não causa os mesmos efeitos colaterais, como delírios, apresentados por produtos similares. Três anos depois, foi a vez do lançamento do primeiro medicamento para disfunção erétil produzido fora dos Estados Unidos. Hoje, o Cristália é uma das empresas mais inovadoras do país, com um total de 105 patentes registradas e 4% do faturamento destinados a pesquisa e desenvolvimento.

Seguindo essa estratégia, o laboratório se tornou o maior fabricante de anestésicos da América Latina — produz os quatro anestésicos inalatórios mais consumidos no mundo e é o maior fabricante de dois dos relaxantes musculares mais utilizados. “Sempre buscamos fazer medicamentos que são mais difíceis de produzir, em mercados com menos concorrência predatória e maior rentabilidade”, diz Ogari de Castro Pacheco, presidente do conselho diretor do laboratório Cristália e um dos fundadores da empresa. “Para nós, é mais importante ser protagonista em um nicho do que ser coadjuvante num grande mercado.”

A receita tem dado certo. Em 2017, o faturamento do laboratório foi de 514 milhões de dólares, um aumento de 17% em relação ao ano anterior. Desse total, 47% foram em vendas destinadas ao governo, 41% a hospitais e somente 9% a farmácias. Os 3% restantes foram exportações de princípios ativos e medicamentos para mais de 30 países.

No segundo semestre de 2018, após um investimento de 150 milhões de reais, o Cristália dará mais um passo em seu plano de expansão com a inauguração de uma unidade dedicada à fabricação de princípios ativos em oncologia. Será uma novidade na América Latina na medicina especializada no tratamento de câncer — área importante para o futuro da empresa, que já havia inaugurado uma fábrica de medicamentos oncológicos em 2013. Entre os insumos a ser fabricados pela primeira vez no Brasil estão o Bortezomibe, usado no tratamento do mieloma múltiplo (um tipo de câncer de medula óssea), o Anastrozol, indicado para o tratamento do câncer de mama em mulheres pós-menopausa, e o Pemetrexede, usado na terapia de câncer do pulmão.

Além disso, o laboratório, que projeta crescer 12% neste ano, deverá lançar nos próximos meses uma linha de produtos nutracêuticos, suplementos alimentares feitos com ingredientes com efeitos terapêuticos, presentes em frutas, legumes, vegetais e cereais. Esse é um mercado em expansão — a previsão é que, em 2025, movimente 57 bilhões de dólares no mundo. Mais uma boa oportunidade para empresas empenhadas em explorar nichos de mercado, como o Cristália. 

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