Estudo do cérebro humano nos Estados Unidos: o Brasil precisa se mover mais depressase quiser ingressar na economia do conhecimento | Scott Eisen/Getty Images /
Da Redação
Publicado em 2 de novembro de 2017 às 05h30.
Última atualização em 14 de novembro de 2017 às 12h14.
As ciências sociais sempre buscaram decifrar o milagre do crescimento das nações. Mas, surpreendentemente, foi só nos anos 50 do século passado que uma teoria econômica sobre o tema foi formulada. Em sua versão mais simples, o crescimento seria resultado da incorporação de capital e trabalho ao processo produtivo e da correta dosagem entre eles. A mensagem principal dizia respeito ao papel central da tecnologia: é o progresso técnico que, em última instância, permite que as economias cresçam. Essa proposição, formulada nos anos 50, valeu o Prêmio Nobel de Economia ao americano Robert Solow em 1987.
A teoria ficaria mais interessante no final dos anos 80, quando outro economista, Paul Romer — aposta mais do que certa para também levar o Nobel —, agregou outra variável-chave à busca pelo crescimento: o capital humano. Afinal, a tecnologia não cai do céu, tem de ser criada por pessoas. Somos nós, pelo menos por ora, os responsáveis por deslocar a fronteira tecnológica. As implicações em termos de políticas para os países são dramáticas: eduque sua população, favoreça a inovação internamente, adote ideias interessantes de fora. Crie, enfim, uma verdadeira economia do conhecimento. O resultado virá na forma de modernidade e prosperidade para o conjunto dos cidadãos.
É exatamente disso que trata esta edição especial, a quarta de uma série de cinco revistas comemorativas ao 50o aniversário de EXAME. Nossos jornalistas literalmente correram o mundo para mostrar alguns dos centros mais avançados que estão ajudando a criar o futuro. E narrar o que fazem outras nações muito à frente e como podemos replicá-las. A leitura do conjunto de reportagens pode deixar um gosto ruim — afinal, fica escancarado como estamos pateticamente atrasados. Mas o interessante das novas tecnologias é que elas, de certa forma, são “leves”: há muitas possibilidades para países emergentes e seus empreendedores. Eis o debate que realmente importa. O Brasil corre um risco não desprezível de ficar imprensado entre as nações de mão de obra barata, o que felizmente não somos mais, e aquelas que adentraram a economia do conhecimento.
Para tirar o gosto amargo, é bom observar o exemplo da Finlândia, um dos países visitados pela reportagem de EXAME. Há um fato que chama a atenção na história dos finlandeses. Eles também já habitaram um país pobre, cujo sustento em grande medida vinha da produção de papel e celulose. Porém, nos anos 60, tomaram uma decisão capital: direcionar parte do lucro do setor papeleiro para a melhoria do ensino. Não foi da noite para o dia que a Finlândia virou uma nação desenvolvida e das mais educadas do mundo. Lá se vão mais de 50 anos. Ressalvadas as enormes diferenças que nos separam do país nórdico europeu, o Brasil, com seu leque de riquezas naturais à disposição, tem tudo para seguir o exemplo transformador. Que começou um dia apenas como uma ideia. Mas uma ideia poderosa.