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O mundo de olho em Janet Yellen, do Fed

A maior economia do planeta estará nas mãos de uma desconhecida em 2014. Sua missão não é nada trivial. E é bom torcer para que Janet Yellen comece acertando

A economista Janet Yellen: o foco da Primeira mulher a assumir o FED é a criação de novos empregos (Jewel Samad/AFP Photo)

A economista Janet Yellen: o foco da Primeira mulher a assumir o FED é a criação de novos empregos (Jewel Samad/AFP Photo)

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Da Redação

Publicado em 14 de fevereiro de 2014 às 16h56.

São Paulo - Duas mulheres deverão influenciar decisivamente os rumos da economia brasileira em 2014. A primeira é mais que conhecida dos brasileiros — e estará empenhada em continuar mandando no país por mais quatro anos.

A segunda é a economista americana Janet Yellen. No dia 31 de janeiro, ela assume o posto de Ben Bernanke no Federal Reserve, tornando-se a primeira mulher a chefiar o centenário banco central americano. Aos 67 anos, Janet é a atual vice-presidente da instituição e, agora sob seu comando, o Fed terá uma monumental tarefa à frente.

Desde o início da crise financeira, em 2008, o banco vem injetando dinheiro na economia num ritmo jamais visto. O objetivo foi manter as taxas de juro próximas a zero e empurrar a economia meio que na marra.

O Fed usou quase 3 trilhões de dólares no processo, o que — hoje parece consenso — ajudou a evitar uma crise maior. Mas, à medida que a economia americana mostrar sinais mais claros de reaquecimento, essa farra terá de acabar.  

Caberá a Janet pilotar o Fed nessa nova fase — e tudo indica que o processo começará em 2014. A taxa de desemprego chegou a 7% em novembro, o menor índice desde que o presidente Barack Obama assumiu a Casa Branca em 2008. Nesse mês, foram criados 203 000 postos de trabalho — número acima do esperado.

O Fed tem prometido manter os juros quase zerados até que a taxa de desemprego caia a 6,5% — contanto que a inflação continue abaixo de 2,5%. No ritmo atual, o desemprego chegará lá no final de 2014. As indicações de uma recuperação consistente no nível de emprego se somam a outras boas notícias. No terceiro trimestre, a economia americana cresceu 3,6%. 

Pode parecer paradoxal, mas a recuperação americana não é exatamente uma boa notícia  para o Brasil — no curto prazo, pelo menos. A retirada gradual dos estímulos nos Estados Unidos significará, na prática, que a maior economia do mundo está pagando juros maiores.

Ou seja, o dinheiro que inundou o mundo — e em especial o mundo emergente — em busca de retorno começará a voltar para o mercado americano. Dependendo de como o processo for conduzido, o potencial para danos é grande.

Em maio, quando Bernanke apenas mencionou a possibilidade de diminuir o pacote mensal de estímulo, os juros subiram e as moedas de países emergentes sofreram. O dólar chegou a valer 2,26 reais, uma valorização de 10% em um mês.  A calmaria logo voltou — mas o deus nos acuda de maio é um indício do que poderá acontecer em 2014 caso o Fed de Janet Yellen comece a pisar no freio.

Durante a sabatina no Senado, em novembro, Janet disse que não há data marcada para isso e que, apesar dos sinais de recuperação, quer ver a economia crescendo o suficiente para manter por conta própria o mercado de trabalho aquecido.

A ex-professora das universidades Harvard e Berkeley é tida como cautelosa (uma “pomba”, no jargão consagrado), mas o fato é que só se conhece um presidente do Fed quando ele assume de fato o comando. Ao Brasil — e ao resto do mundo — resta torcer para que ela tenha um 2014 repleto de sossego.

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