Consumo firme: a P&G mantém expectativa de crescimento da receita em 2013 (Germano Lüders/EXAME.com)
Da Redação
Publicado em 13 de junho de 2013 às 10h35.
São Paulo - O governo levou uma ducha de água fria ao receber, no fim de maio, os dados de expansão do produto interno bruto (PIB) no primeiro trimestre do ano. De janeiro a março, a economia brasileira cresceu 0,6% em relação aos três últimos meses do ano passado.
Foi um resultado frustrante — Brasília esperava expansão de 1% — e levou o ministro da Fazenda, Guido Mantega, a admitir que o governo “certamente” terá de rever para baixo a previsão de um crescimento do PIB de 3,5% em 2013. Essa revisão já estava nas contas de boa parte da elite empresarial do Brasil.
Um levantamento realizado entre abril e maio por Melhores e Maiores, de EXAME, com os presidentes das maiores companhias do país, revela que a grande maioria — 87% — acredita que o PIB brasileiro crescerá menos de 3% neste ano. Em conjunto, as 500 maiores empresas do país tiveram receita líquida de pouco mais de 1 trilhão de dólares em 2012, um crescimento de apenas 1,8% sobre o ano anterior — de 2010 a 2011, o avanço havia sido de 7,3%.
O pior número apareceu na última linha do balanço. Em 2012, as 500 maiores empresas somaram um lucro de 34 bilhões de dólares, metade do valor obtido no ano anterior. Os dados serão analisados em detalhes na edição de 40 anos de Melhores e Maiores, que será publicada por EXAME no início de julho.
No mesmo dia do anúncio do baixo crescimento do PIB, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística divulgou um dado aparentemente positivo em meio à safra de notícias ruins: o aumento da capacidade produtiva da economia por meio da elevação dos investimentos em máquinas e equipamentos.
Esse investimento cresceu 4,6% no primeiro trimestre em relação aos três últimos meses de 2012. Embora isso sinalize uma melhora das condições para o país sustentar um crescimento no longo prazo, a avaliação dos analistas é que a expansão só ocorreu porque a base de comparação é fraca.
“Não vejo o investimento se repetir na mesma magnitude nos próximos trimestres”, afirma Jankiel Santos, economista-chefe do Banco Espírito Santo Investimento.
Otimismo e cautela
Mesmo com a economia do país em marcha lenta, há quem aposte que 2013 será o ano da recuperação — pelo menos do próprio negócio. Quatro em cada dez presidentes ouvidos na pesquisa de MELHORES E MAIORES esperam que sua empresa cresça mais de 10% neste ano.
Um dos executivos que demonstram otimismo é Roberto Cortes, presidente da Man, fabricante alemã de caminhões. Depois de sofrer em 2012 uma queda de 19% na receita, a previsão da Man é crescer pelo menos 10% neste ano. “Um aumento do PIB, mesmo que de 3%, gera a necessidade de renovação da frota de caminhões”, diz Cortes.
Essa renovação conta com o incentivo do governo, que oferece linhas de financiamento do BNDES com taxa de juro anual de 3% para caminhões. No segundo semestre, essa taxa deverá subir para 4% ao ano — ainda bem abaixo do que era cobrado até setembro de 2012, de 10% ao ano.
Também estão otimistas as empresas ligadas ao setor de consumo, apesar dos indicadores, que apontam uma desaceleração nos gastos das famílias. O grupo americano P&G, fabricante de produtos de limpeza e de higiene pessoal, faturou 5,1 bilhões de reais em 2012. Neste ano, quer crescer e consolidar suas marcas no país.
“Mesmo com o achatamento da renda pela inflação, o consumidor não tirará do carrinho do supermercado produtos de higiene e limpeza”, afirma Gabriela Onofre, diretora de assuntos corporativos da P&G. A alta da inflação, contudo, é um fator que preocupa muitas empresas.
A Bombril aumentou sua receita 11% no ano passado porque conseguiu repassar a alta dos custos aos preços dos produtos. Mas isso tem um limite, segundo Pedro Brandi, diretor financeiro da Bombril. “Estamos confiantes no desempenho da empresa em 2013, mas com um pé-atrás em relação à situação do país”, afirma Brandi. Ele não é o único que pensa assim.