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"O jornalismo não está ameaçado", afirma Devin Wenig

O CEO da Thomson Reuters, maior agência de notícias do mundo, fala sobre como se destacar e ganhar dinheiro na era da informação gratuita

Para Devin Wenig,  "Nada vai mudar se daqui a três anos as pessoas passarem a ler o jornal em seus tablets" (Getty Images)

Para Devin Wenig, "Nada vai mudar se daqui a três anos as pessoas passarem a ler o jornal em seus tablets" (Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 24 de agosto de 2011 às 08h11.

São Paulo - Em 2008, a canadense Thomson adquiriu a inglesa Reuters numa transação de 17 bilhões de dólares que deu origem à maior agência de notícias do mundo. Executivo à frente da nova empresa, o americano Devin Wenig diz não temer a profusão de sites de notícias gratuitos. Para ele, os leitores vão continuar valorizando as empresas, com credibilidade, que produzem conteúdo.

1) EXAME - Muitas empresas de mídia estão sofrendo em várias partes do mundo, independentemente do desempenho da economia. Por quê?

Devin Weni - Em vários países, as receitas de publicidade caíram muito com a chegada da internet. Além disso, muitas empresas cometeram erros graves, como abandonar seus modelos de cobrança por informações ou ignorar o que os leitores queriam em termos de multimídias e plataformas.

2) EXAME - O que ensinam as experiências bem-sucedidas?

Devin Weni - Há muito espaço para quem compreendeu que o importante é o conteúdo e que os debates em torno das mídias que irão predominar são secundários. Para quem produz um bom conteúdo não há ameaças.

Se daqui a três anos todas as pessoas passarem a ler o jornal ou a revista em seus tablets, qual é a diferença? O setor de comunicação vive um bom momento. Um momento de oportunidades.

3) EXAME - Quais são as vantagens do Brasil nesse setor?

Devin Weni - Como ainda há poucos leitores, há muito espaço para crescer. A economia chinesa avança mais rapidamente que a brasileira, mas lá não existe uma imprensa livre. Entre os emergentes, o Brasil oferece as melhores perspectivas às empresas de mídia. Nossa expectativa é triplicar de tamanho aqui num prazo de três anos.

4) EXAME - Como a crise afetou a Thomson Reuters, empresa focada no mercado financeiro?

Devin Weni - Da crise emergiram coisas boas e ruins. Da parte negativa, o principal foi o impacto sobre a lucratividade, que ainda não retornou aos níveis pré-crise.

Por outro lado, a demanda por alguns serviços que oferecemos, como gestão de risco e precificação, nunca foi tão alta. Essa maior procura faz todo o sentido. Muitas dessas questões estiveram no centro das causas da crise que estourou em 2008.

5) EXAME - O senhor considera os sites com informações rápidas e gratuitas uma ameaça?

Devin Weni - As pessoas precisam confiar na marca em que vão se informar. Se um investidor vai tomar uma decisão sobre onde aplicar seu dinheiro com base em uma notícia, certamente vai se certificar de que veio de um veículo confiável.

6) EXAME - O número de brasileiros que investem na bolsa de valores cresce rapidamente. Como as empresas de comunicação podem captar esse fenômeno?

Devin Weni - O mercado de varejo é uma oportunidade valiosa. Há cerca de 600 000 investidores de varejo no Brasil, o que é pouco em comparação com a população. Como o mercado brasileiro já tem certo grau de sofisticação, esse número pode aumentar mais de 100 vezes nos próximos anos. Vamos nos beneficiar porque nossos clientes vão crescer.

7) EXAME - Dá para ganhar dinheiro na internet?

Devin Weni - Cobramos por todos os serviços que oferecemos. Em nenhum tipo de produto somos remunerados indiretamente. Há empresas de comunicação em mercados maduros e também nos países emergentes que estão em dúvida quanto a isso. Nós já tomamos nossa decisão.

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