Jenny Johnson: o exemplo da mãe, que teve sete filhos, ajudou | Germano Lüders /
Da Redação
Publicado em 24 de maio de 2018 às 05h00.
Última atualização em 24 de maio de 2018 às 05h00.
Neta do fundador da Franklin Templeton, uma das maiores gestoras de recursos do mundo, a americana Jennifer Johnson tem o desafio de convencer mais investidores a voltar a confiar em empresas como a sua. Desde a crise de 2008, o ceticismo tomou conta do mercado e muitos investidores vêm preferindo aplicar em fundos que apenas acompanham os índices financeiros, em vez de apostar na habilidade de gestores de encontrar as melhores oportunidades. Para Jenny, como é mais conhecida, esse movimento só aconteceu porque os últimos dez anos foram um período de ganhos relativamente fáceis, o que deve mudar. Em visita ao Brasil, a executiva, que é presidente da Franklin Templeton, também falou sobre os investimentos que considera mais promissores e sobre como faz para conciliar o trabalho com a criação de cinco filhos.
Gestoras como a Franklin Templeton sofreram resgates em 2017. Como trazer os investidores de volta?
Depois da crise de 2008, os bancos centrais dos países desenvolvidos intervieram pesadamente na economia, injetando recursos e reduzindo os juros. Nesse ambiente, os investidores passaram a fazer aplicações de maior risco, que valorizaram com o maior fluxo de recursos. A alta já dura dez anos, e alguns fundos ganharam dinheiro apenas acompanhando o movimento. Em momentos assim, os investidores ficam complacentes e acham que não precisam de profissionais qualificados porque conseguem bons retornos de forma relativamente fácil. Mas o cenário está mais complicado: os bancos centrais estão retirando os estímulos e os juros estão subindo nos Estados Unidos. Daqui para a frente, saber selecionar os melhores ativos fará a diferença. E nós melhoramos nossa capacidade de oferecer os investimentos mais adequados a cada cliente.
O que mudou?
Nossos clientes têm objetivos para o dinheiro que investem. Não adianta dizer que tal fundo superou o rendimento do índice S&P 500. Quem está economizando para a aposentadoria quer saber se vai conseguir parar de trabalhar ou não. Demos maior ênfase à criação de fundos que aplicam em diferentes ativos e explicamos para quem são indicados. Os investidores podem escolher os mais adequados a seu perfil. A mentalidade da empresa também mudou: se o cliente não conseguir se aposentar quando -planejou, fracassamos, não importa se superamos o S&P 500.
Onde estão as melhores oportunidades para um investidor brasileiro?
Se os juros continuarem baixos, valerá a pena investir em ações. Caso contrário, é melhor ficar na renda fixa, porque o risco de ir para a bolsa não compensa.
Como avalia a situação do Brasil?
Minha visão de longo prazo é positiva. É um país jovem, que conseguiu controlar a inflação. Mas existem desafios. O Brasil tem de atrair investimentos e crescer e, para fazer isso, precisa de um presidente comprometido com o equilíbrio fiscal e com a inflação baixa. Acredito que o próximo presidente será assim, mas, se não for, será um problema.
Muitos brasileiros têm lembranças péssimas da bolsa: perderam com a recessão ou com empresas envolvidas em irregularidades. Não pode ocorrer de novo?
É preciso ter uma boa assessoria financeira antes de fazer investimentos de maior risco. A verdade é que a maioria das pessoas não é racional nas finanças: entra em pânico, vende quando deveria comprar ou faz uma aplicação de longo prazo quando vai precisar do dinheiro em meses. Até profissionais erram. Meu pai dizia que, se alguém tem uma experiência ruim no mercado, não vai para a concorrência, simplesmente desiste de investir. Isso, claro, é muito ruim. Essa é minha preocupação com as pessoas que aplicaram em ativos de maior risco quando eles estavam subindo muito. Nem todas sabem que podem perder dinheiro quando o mercado oscilar.
A senhora tem cinco filhos. Algum conselho para quem está penando para conciliar trabalho e vida pessoal?
Quando tenho um conflito entre trabalho e vida pessoal, penso: daqui a cinco anos, o que será mais importante para mim? Esse exercício geralmente deixa mais claro o que é prioridade em cada momento. Acredito que quem respeita isso consegue conciliar as duas coisas. Além disso, tive um bom exemplo em minha casa. Minha mãe teve sete filhos enquanto estudou e se formou em medicina na Universidade de Stanford, na Califórnia. Brinco que facilita ser a segunda geração de mães culpadas. Além disso, meus filhos sempre foram compreensivos e me apoiaram.