Aluguel da Silvercar: contato com os funcionários só na primeira vez (Divulgação)
Da Redação
Publicado em 25 de dezembro de 2014 às 05h00.
São Paulo - O negócio de aluguel de carros é quase tão antigo quanto a indústria automobilística. Ainda na segunda década do século passado, quando poucos veículos andavam pelas ruas das cidades, já havia nos Estados Unidos companhias que exploravam o mercado de locação.
A partir da década de 60, com a popularização das viagens de avião, as empresas de aluguel de carros se espalharam por todos os cantos. Desde então, as pessoas que viajam a trabalho ou a lazer e alugam um carro na cidade de destino passaram a ser o grande filão do setor.
Hoje, a locação em aeroportos corresponde a mais da metade dos 24 bilhões de dólares que o setor movimenta nos Estados Unidos — no mundo todo, são 60 bilhões. O curioso é que, desde seus primórdios, esse modelo de negócios quase não se modificou — mesmo com a introdução das reservas feitas pela internet, hoje metade do total.
De um jeito ou de outro, o cliente acaba diante do balcão da locadora para preencher a papelada, e tem de passar por vistorias na retirada e na devolução. É burocracia do começo ao fim.
A Silvercar, startup americana criada em janeiro de 2013, tentou resolver exatamente esse problema. Para alugar um carro, basta fazer o cadastro por um aplicativo para smartphone, reservar o veículo, chegar ao estacionamento da empresa no aeroporto em questão e retirá-lo.
O contato com alguém da empresa acontece só na primeira locação, quando os documentos são checados e as instruções básicas sobre o serviço são passadas. Depois disso, o cliente fica por conta própria. Existe apenas um modelo de veículo disponível: o Audi A4 prata, que dá nome à empresa.
“Temos um único modelo para facilitar a operação, mas nada impede que no futuro outros veículos sejam incluídos”, diz Russell Lemmer, um dos fundadores da Silvercar. Os carros contam com internet móvel, GPS e sensor de combustível que cobra somente a quantidade consumida. A fatura é creditada no cartão de crédito e o extrato segue via e-mail.
A Silvercar opera em oito aeroportos americanos, entre eles o de Los Angeles e o de Miami, mas planeja até o fim de 2015 chegar a 20 filiais. “A meta é muito ambiciosa: a Silvercar quer ter 5% do mercado americano”, diz David McGoldrick, analista da consultoria Euromonitor.
Em setembro, a empresa recebeu um aporte de 14 milhões de dólares de fundos de investimento, incluindo dinheiro de Eduardo Saverin, o brasileiro que ajudou a fundar o Facebook. Uma das medidas do sucesso do serviço é a receptividade que teve junto a executivos.
“Viajo pelo menos uma vez por semana. Imagine o tempo que perderia na locação tradicional”, diz David Burton, gerente de uma rede de hotéis americana que já usou a Silvercar mais de 60 vezes. Pelos planos da empresa, a expansão internacional deve ficar para 2017, depois de terminada a primeira fase de crescimento nos Estados Unidos.
Na década passada, o setor passou por uma reformulação na cobrança do serviço. No ano 2000, a americana Zipcar lançou uma opção para o pagamento por hora, em vez da diária cheia, e o modelo de negócios foi logo copiado pelas grandes do setor, incluindo a Enterprise, que responde por quase metade do mercado americano, e a Hertz, segunda maior do setor.
No Brasil, as empresas líderes ainda cobram somente diárias, mas há cinco anos a Zazcar, presente apenas na cidade de São Paulo, aluga por hora. A Silvercar trabalha para fazer uma revolução no setor nos momentos críticos da locação e da devolução. Seu objetivo declarado é acabar com a ditadura da burocracia no balcão.