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O carro verde que deu certo é o feito de alumínio

Enquanto os carros elétricos patinam, proliferam os modelos que levam uma proporção crescente de alumínio e consomem menos combustível


	Audi R8 GT Spyder Blue: alguns dos carros lançados neste ano feitos inteiramente de alumínio — a única exceção é o acabamento interno
 (Audi/Divulgação)

Audi R8 GT Spyder Blue: alguns dos carros lançados neste ano feitos inteiramente de alumínio — a única exceção é o acabamento interno (Audi/Divulgação)

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Da Redação

Publicado em 20 de setembro de 2013 às 18h58.

São Paulo - Os carros elétricos representam a maior promessa de uma queda drástica nas emissões de gás carbônico nas grandes cidades. Até agora, porém, não passaram muito disso — uma grande promessa. Sem uma rede de postos adaptados e com manutenção cara, ganhar escala tem sido difícil.

Poucas montadoras se arriscaram a lançar modelos exclusivamente elétricos, como o Leaf, da japonesa Nissan, cujas vendas estão abaixo da expectativa. Enquanto isso, outra vertente de carros verdes prolifera rapidamente. São aqueles produzidos com uma proporção cada vez maior de alumínio — que podem ter quase metade do peso original e, consequentemente, um consumo menor de combustível.

O material vem se tornando onipresente entre as montadoras de modelos de luxo,  como os atuais Audi R8, o BMW Série 6 e o Mercedes-Benz SLS, fabricados inteiramente de alumínio — exceto a parte interna.

A Land Rover se tornou a mais nova integrante desse time ao lançar neste ano seu primeiro modelo todo feito do material e 420 quilos mais leve — 40% menos do que a versão com partes de aço e que emite até 25% menos gás carbônico. 

Por coincidência, o automóvel e o uso industrial de chapas de alumínio nasceram no mesmo ano, em 1886. Enquanto o químico Charles Martin Hall descobria a aplicação do metal na fabricação de diversas peças e equipamentos, o engenheiro alemão Karl Benz apresentava o primeiro carro. Mas foi preciso mais de um século para que a história os colocasse em contato de novo.

O primeiro automóvel com carroceria de alumínio a ser produzido em série foi o A8, da Audi, em 1994. Hoje, a montadora é a campeã em modelos feitos 100% de alumínio em seu portfólio, que representam 30% de seus veículos. Como é um material caro, o uso de alumínio nessa proporção  só se viabiliza em carros de luxo.

No caso da Range Rover, a versão antiga, feita de aço, saía por 462 000 reais. O preço da nova saltou para 540 000 reais na versão mais básica. Mesmo assim, a variação parece não ter afastado os compradores. Até agora a empresa vendeu 123 exemplares no Brasil, ante apenas 55 da versão anterior em 2012.

“Além do apelo sustentável, os clientes percebem o benefício de ter um veículo que consome menos combustível”, afirma Flávio Padovan, presidente da Jaguar Land Rover para América Latina e Caribe.

Entre os modelos mais populares, o avanço se dá nos motores. Hoje, quase todas as montadoras têm pelo menos um modelo com motor 100% fabricando com o material. A Ford, que já investiu mais de 600 milhões de reais para produzir motores de alumínio desde 2009, agora estuda substituir o aço no capô.

É um esforço para seguir o programa Inovar Auto, adotado pelo governo federal neste ano. Estima-se que as montadoras instaladas no país terão de investir 50 bilhões de reais em tecnologia até 2015. A eficiência energética é uma das prioridades. Os carros terão de completar 17,26 quilômetros por litro de gasolina até 2017 — 3 quilômetros mais em relação à média atual.

Quem não cumprir o objetivo será multado. Quem atingi-lo terá até 30% de desconto em impostos. “A intenção é colocar os veículos brasileiros no patamar de americanos, europeus e asiá­ticos”, diz Ricardo Zappoli, consultor do Programa Inovar Auto.

Para isso, ampliar o uso de alumínio nos automóveis será inevitável. Nos Estados Unidos, há em média 155 quilos do metal num veículo. Na Europa, chega a 140 quilos. No Brasil, não ultrapassa 50. Com exceção do preço, há poucos argumentos contrários. O metal é até mais seguro.

Segundo a consultoria alemã Edag, numa colisão, veículos de alumínio absorvem mais o impacto do que o aço. Além disso, consomem 40% menos energia na reciclagem. Enquanto os carros elétricos não avançam, o alumínio é a possibilidade mais concreta de garantir um futuro mais verde para os carros.

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