Oled: a tecnologia substitui o bulbo por uma fina placa feita de polímero plástico, um composto orgânico que se autoilumina na presença de energia
Da Redação
Publicado em 16 de novembro de 2012 às 09h11.
São Paulo - Uma das invenções mais importantes da história só poderá ser vista em museus dentro de alguns anos. A lâmpada incandescente, inventada por Thomas Edison em 1879, terá a venda proibida em diversos países do mundo até o final do ano. No Brasil, o banimento será gradual até 2017.
O problema das incandescentes é o consumo de energia. Essas lâmpadas convertem só 5% da eletricidade consumida em luz — o restante é eliminado em forma de calor. Em um mundo cada dia mais preocupado com as questões de sustentabilidade e de redução de custos, não há mais espaço para um desperdício desse tamanho. O argumento pró-aposentadoria das incandescentes ganha força quando se examinam as opções disponíveis — e as novidades que estão a caminho.
De certa forma, chegou a vez de a iluminação ganhar destaque no que se convencionou chamar de eficiência energética. Um refrigerador hoje gasta metade da energia que um fabricado em 1993. Uma lâmpada de LED (sigla em inglês para diodo emissor de luz) gasta um décimo da energia de uma incandescente e dura muito mais, até 40 anos.
Por enquanto, seu preço ainda é uma barreira. Nos Estados Unidos, custa, em média, 15 dólares, e no Brasil, 80 reais. Mas, segundo um estudo da consultoria americana McKinsey, isso não deve ficar assim por muito tempo. A previsão é que os valores tenham uma queda de 30% ao ano até 2016.
A McKinsey calcula que, dentro de oito anos, a tecnologia LED passará dos atuais 7% de participação no mercado mundial de iluminação para 50%. As novas lâmpadas, dessa forma, seguiriam o padrão de produtos com tecnologia de ponta. Na década de 50, com o início da popularização das TVs, as famílias americanas gastavam 10% de sua renda anual para comprar um aparelho. Hoje, o preço de um produto comparável equivale a 0,8% da renda.
O que dá sustentação à ideia de que as lâmpadas mais eficientes vão se espalhar pelo mundo é o incentivo financeiro. Ao aderir, os consumidores gastam menos com energia. De acordo com estimativas, para cada tonelada de CO2 que uma empresa deixa de produzir ao trocar suas lâmpadas, há redução de 183 dólares por ano nos gastos com energia.
Nos cálculos do Departamento Nacional de Energia dos Estados Unidos, a troca de lâmpadas incandescentes por LED nas residências gera uma economia de até 50 dólares por ano. “O gasto com iluminação representa, em média, 20% do consumo mensal de energia de uma residência no Brasil”, diz Gilberto Januzzi, professor de sistemas energéticos da Unicamp. “Com a troca de lâmpadas, pode cair para menos de 10%.”
Além das lâmpadas de LED, começam a aparecer alternativas nas prateleiras dos supermercados dos países ricos — e que, mesmo com atraso, devem chegar ao Brasil. A startup americana Switch acrescentou um sistema de resfriamento líquido às lâmpadas de LED. Lançada no início deste ano, a tecnologia faz com que elas durem mais de 20 anos.
Nos laboratórios da holandesa Philips dá para ter uma ideia de qual é a nova fronteira nesse segmento. Lá, bactérias bioluminescentes produzem luz processando restos de material orgânico, como o lixo. No Massachusetts Institute of Technology (MIT), o foco é fazer o LED absorver o calor do ambiente e convertê-lo em luz.
“No futuro, apenas uma fração da energia que é utilizada pelos LEDs de hoje será necessária”, diz Rajeev J. Ram, professor de engenharia elétrica no MIT. Nas últimas décadas, os eletrodomésticos ficaram mais eficientes em termos energéticos, mas, como milhões de novos consumidores tiveram acesso a eles, o consumo doméstico de eletricidade aumentou.
Caso pesquisas como as da Philips e do MIT tenham sucesso, as lâmpadas poderão quebrar esse padrão. Com um ganho brutal na eficiência energética, talvez seja possível levar luz ao 1,4 bilhão de pessoas que ainda vivem na escuridão — sem aumentar a conta e sem agredir o meio ambiente.