Fernando Machado, da NotCo: IA muito antes de o tema virar moda (Eóin Noonan/Web Summit Rio via Sportsfile/Divulgação)
Repórter de Negócios
Publicado em 25 de maio de 2023 às 06h00.
Fundada em 2015 por um economista, um cientista da computação e uma especialista em biotecnologia, a foodtech chilena NotCo veio ao mundo muito por causa da inteligência artificial. O negócio da NotCo é criar alimentos à base de plantas com gosto e textura semelhantes aos de origem animal. A lista inclui leite (NotMilk), hambúrguer bovino (NotBurger) e de frango (NotChicken) e dezenas de outras ofertas com o prefixo “Not” no nome.
Para chegar ao portfólio atual, a empresa tem 10.000 espécies de plantas cadastradas no banco de dados e usa 2.000 delas para fazer combinações juntando o DNA delas ao de outros químicos. A fórmula dessa liga é o que define o sucesso ou não de um produto.
Por isso, desde os primeiros dias a NotCo investe numa linguagem de inteligência artificial própria e dedicada, basicamente, a cruzar milhões de informações sobre plantas em busca de fórmulas de alimentos com sabor, textura, aroma e aparência apetitosos.
“É uma empresa no ramo de IA antes de o tema ficar na moda”, diz Fernando Machado, brasileiro recém-chegado à NotCo como principal executivo de marketing da companhia. “Por isso, vamos usar mais e mais a IA não só na criação de produtos mas também no design e no planejamento de campanhas publicitárias.”
Ele está por trás da primeira ação de marketing com IA da marca. Lançada no Dia Mundial da Terra, em 22 de abril, a campanha traz a pergunta “Quando foi a última vez que você viu uma vaca, um porco, uma galinha e uma ovelha velhos?” ao lado de imagens hiper-realistas desses animais criadas por computadores.
Os próximos passos do negócio são em direção ao que a empresa chama de plant-based 2.0, um movimento para ir além da imitação dos produtos de origem animal. A NotCo deve lançar ao longo dos próximos meses sabores que não existem e produtos com a capacidade de criar emoção nos consumidores, como a sensação de felicidade.
“Esse tipo de tecnologia a gente tem. Agora, é encontrar a forma correta de trazê-lo para o consumidor de uma maneira acessível, que faça sentido e gere demanda”, afirma, sem revelar detalhes do que vem por aí.